Diener Gonçalves Santana, que cria frangos em Cianorte, no noroeste do Paraná, instalou uma usina solar na propriedade em maio de 2020. A energia é usada para o aquecimento e resfriamento dos galpões onde ficam os frangos, para o bombeamento de água e iluminação de toda a propriedade. Ele conta que há sete meses paga a tarifa mínima de luz, de R$ 70 por mês. “Antes pagava R$ 5 mil”, informa.
Cadastre-se e receba notícias do PR pelo celular
“Há dez anos seria inviável fazer um investimento desse, mas o custo diminuiu”, conta. “Aliado a isso, o governo passou a disponibilizar crédito com juros atrativos para incentivar fontes de energias sustentáveis. Hoje a relação custo x benefício compensa”, afirma. Santana conta que recorreu ao Programa da Agricultura Familiar (Pronaf) e financiou R$ 365 mil em dez anos, com três de carência e juros de 4,6% ao ano. O avicultor, que também é presidente do Sindicato Rural de Cianorte, incentiva os colegas a aderirem à energia solar. “Não se trata de uma dívida nova, mas do uso do dinheiro de maneira consciente”, observa.
Também de Cianorte, o produtor José Dalarme é um entusiasta da energia solar, que usa para aquecer e ventilar os aviários. Recentemente, decidiu instalar mais um conjunto de placas solares para abastecer uma indústria de arroz, da qual é sócio. A expectativa é baixar em 80% a conta de luz, que hoje é de cerca de R$ 40 mil por mês.
A 368 km de Cianorte, em Tomazina, no Norte Pioneiro, o pequeno produtor de leite João Alves Gonçalves Neto também colhe economia na conta de luz. Há 14 meses ele usa a energia solar na propriedade, instalada a um custo de R$ 112 mil pelo Pronaf para pagamento em oito anos, com um ano de carência e juros de 4,5% ao ano. “A conta de luz, que antes era de R$ 2 mil por mês caiu para R$ 50”, conta. A energia é usada para o resfriamento do leite e para a manutenção da temperatura adequada para os animais, além do fornecimento de energia para toda a propriedade. Na área, são mantidas 50 vacas holandesas que produzem 1.300 litros de leite por dia, transformados em queijo muçarela num laticínio da região.
Essa busca dos produtores por energia renovável, mais barata, é uma corrida contra o relógio - uma vez que eles sabem que o governo pretende encerrar a "promoção" da tarifa rural noturna, que hoje garante um desconto de 60% na conta da energia elétrica consumida por estabelecimentos rurais entre 21h30 e 6 horas. A previsão é que a tarifa diferenciada permaneça apenas até o final de 2022. Ela foi instituída pela lei estadual 1.9812, de fevereiro de 2019, que criou o Programa da Tarifa Rural Noturna. A Federação da Agricultura do Paraná (Faep) trabalha para a extensão desse prazo para que os produtores tenham um tempo maior de investir em outras fontes.
Entre as fontes renováveis, a solar vem ganhando destaque no campo. “É uma alternativa ao alto custo da energia elétrica, principal insumo de várias atividades rurais”, afirma o economista Luiz Eliezer Ferreira, da Faep. Segundo ele, em especial a produção de frangos, leite e peixes em tanques depende da energia para manter uma temperatura estável e constante.
Energia solar pode até zerar conta de luz dos agricultores
De acordo com estudo da Federação da Agricultura, com a energia solar, a conta de luz pode zerar ou ficar entre 80% e 95% menor. “Outra vantagem é que desde 2012, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) passou a incentivar a energia solar, reduzindo impostos de importação dos equipamentos, o custo de instalação ficou menor e o investimento, que antes levava dez anos para se pagar, agora se paga em quatro ou cinco anos”, observa Ferreira. Ele conta que também há linhas de crédito com juro baixo, como o financiamento ofertado pelo Banco do Agricultor Paranaense, que disponibiliza até R$ 500 mil com taxa zero para a agricultura familiar, e outras linhas com juro de cerca de 3% a 5% ao ano.
Algumas regiões do Paraná são mais indicadas, como Oeste e Norte, devido à grande incidência de sol. “As regiões Centro-Sul e Litoral (por incrível que possa parecer) têm baixa incidência de luz solar”, informa Ferreira. Ele esclarece, no entanto, que uma usina solar produz energia o ano todo, mesmo em épocas frias e até em dias nublados. “A produção cai, mas não zera”, afirma. “O Paraná tem 60% mais incidência solar que a Alemanha, um dos países que mais gera energia solar no mundo”, compara. Uma usina solar tem vida útil de 25 anos, mas nesse período demanda manutenção e substituição de alguns componentes.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o setor rural é o terceiro maior segmento que investe em energia solar no Brasil, depois das residências e do setor de comércio e serviços. “Os produtores rurais já investiram R$ 3,4 bilhões em sistema de geração própria de energia solar no país, o que equivale a 13% dos investimentos feitos nessa tecnologia”, observa Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar. Segundo ele, são 32 mil sistemas em propriedade rurais, gerando energia elétrica para 47 mil produtores. O Paraná é o quinto colocado.
Reintegrado após afastamento, juiz da Lava Jato é alvo de nova denúncia no CNJ
Decisão de Moraes derrubou contas de deputado por banner de palestra com ministros do STF
Petrobras retoma fábrica de fertilizantes no Paraná
Alep aprova acordos para membros do MP que cometerem infrações de “menor gravidade”
Deixe sua opinião