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Thiago Chamulera, do Patriota, é um dos candidatos a prefeito que se declaram “alinhados” ao presidente Bolsonaro.
Thiago Chamulera, do Patriota, é um dos candidatos a prefeito que se declaram “alinhados” ao presidente Bolsonaro.| Foto: Divulgação

O advogado Thiago Chamulera preferiria lançar-se candidato a prefeito de Curitiba de forma independente, nos moldes das candidaturas descoladas de partidos políticos que ocorrem em outras democracias, como nos Estados Unidos. Como isso não é possível nas regras do jogo eleitoral brasileiro, ele escolheu tentar a candidatura pelo partido Patriota por considerar que é um dos que têm “menos rejeição possível”. Mestre em direito administrativo, eleitoral e constitucional, o pré-candidato Chamulera tem dado treinamentos a vereadores e servidores sobre o tema gestão pública. Ele garante que não pegará recursos do fundo partidário para fazer campanha. E diz que a cidade precisa de um prefeito gestor, e não de alguém que seja culto, "que entenda de gengibirra", mas que não exerça a liderança necessária para administrar aquilo que, em sua visão, realmente importa: “saúde, segurança e educação”. Confira a entrevista concedida a Marcos Tosi.

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Por que o seu mote de campanha é “menos política, mais gestão”?

Eu venho de uma plataforma mais técnica da administração pública. O que acontece é que nós estamos acostumados a eleger políticos muito mais pela conveniência, pela simpatia, do que por aquilo que ele realmente tem a propor. Se a gente exige, por exemplo, o melhor professor para o nosso filho, o mais técnico, o mais didático, e se nós queremos ser atendidos pelo melhor médico, aquele que de fato faça um diagnóstico correto, por que a gente elege pessoas que não tem conhecimento algum de administração pública na questão orçamentária, patrimonial, operacional, financeira, contábil, administrativa? E pior, essas pessoas vão conduzir os nossos recursos, já que somos tributados compulsoriamente. Então, temos que ter pessoas com gabarito, que entendam de contabilidade pública, que saibam ler uma lei de diretrizes orçamentárias, uma lei orçamentária anual, um plano diretor, uma lei de responsabilidade fiscal. Nós não podemos colocar pessoas que, em tese, fiquem reféns de outros técnicos que lhes dão subsídio. Precisamos de mais gestores. Por que a iniciativa privada funciona de forma muito melhor? Porque tem gestores, tem pessoas capacitadas. E nós acabamos elegendo pessoas, e isso não é demérito, mas com a menor capacidade técnica e intelectual possível. Muitas vezes não têm nem o segundo grau.

O senhor já escreveu artigos criticando o modelo de representação política brasileira, e sugerindo que deveríamos ter por aqui a possibilidade de candidaturas independentes, como em outros países, desvinculadas de partidos. Mudou de ideia ou se adaptou às regras atuais para poder disputar a eleição?

Inicialmente, a gente lançou uma plataforma de candidatura independente. Lógico, daí com o tempo, a gente acabou se aprofundando mais na questão ideológica, com relação ao conservadorismo que também é o que eu imagino. São duas situações: política pública de conservadorismo e também uma política pública de preservação de valores e da família, uma série de questões. Inicialmente eu procurei uma candidatura independente porque hoje as candidaturas pertencem aos partidos políticos. Você pode ter uma das mais belas intenções, mas fatalmente terá que se ajoelhar aos ditames partidários, para que você pelo menos saia candidato, para que pelo menos viabilize sua candidatura. E lógico, hoje os partidos são segregados, os partidos políticos hoje são muito mal vistos pela sociedade, eles são meros viabilizadores de candidatura. Você não vê compromisso ideológico com os partidos. É muito mais no sentido de você ter uma sigla para se candidatar. Essa é minha primeira avaliação. E lógico, eu sou uma pessoa contrária a fundo eleitoral, a fundo partidário, eu acho que dinheiro público, dotações orçamentárias de tributos públicos não poderiam subsidiar eleições, e principalmente candidaturas. A gente ainda continua nesse contexto, mas sabendo que infelizmente o ordenamento jurídico brasileiro não permite, e você infelizmente tem que se filiar a um partido. E eu escolhi o Patriota por que tem menos rejeição possível.

O senhor também já defendeu o fim dos fundos eleitorais, argumentando que cada candidato deveria financiar a própria campanha. Ainda defende esta posição? Vai utilizar recursos do fundo partidário?

Não. Nós somos contra e seria até uma demagogia utilizarmos os recursos do fundo partidário, do fundo eleitoral. E veja que é uma burrice. Se nós não usarmos, os outros, mal intencionados ou não, vão usar. Mas a gente tem como postura não utilizar o fundo eleitoral nem o fundo partidário. O partido provavelmente terá isso, mas eu não farei uso desses fundos para minha campanha. Se o partido quiser utilizar para outros candidatos, para vereador, não tenho absolutamente nada a ver com isso. Mas o meu CPF não vai trabalhar com essa realidade.

Sua prima, Rosa Maria Chiamulera, foi vereadora em Curitiba por três mandatos consecutivos entre os anos 80 e 90. Por que não quis começar na política como vereador?

Eu me coloquei à disposição do partido para ser candidato a prefeito por uma via conservadora e técnica. Lógico, a gente ainda não tem uma definição do partido, porque não depende de nós. Colocamos nosso nome à disposição, ainda não é definitivo. Temos uma grande oportunidade. Estamos avançando. Pode ser que o partido lá na frente diga Thiago, você não é candidato. Por que todo mundo depende disso. O Ney Leprevost, o Greca, o Francischini dependem de uma convenção. Mas não procurei lançar minha candidatura a vereador, justamente por que eu entendia que a gestão poderia ser feita de forma técnica. Só que depois destes últimos acontecimentos, o STF, por exemplo, retirando a autonomia do presidente da República e dos prefeitos, você mitigou muito as questões em relação ao Poder Executivo.

Sobrando ainda alguma capacidade de investimento pós-pandemia, onde o senhor concentrará os recursos da cidade nos próximos anos e por quê?

Na verdade, nós temos uma série de demandas. Curitiba não é uma capital ruim, é uma capital boa, talvez uma das melhores do mundo. Hoje nós temos um prefeito mediano. Na realidade, temos um prefeito culto, mas não é gestor. Ele pode ser culto, pode falar de gengibirra, mas não é um gestor. Tanto é que na hora em que mais precisávamos de um gestor, de um líder, ele não apareceu. Entendo que a administração pública tem que focar em três situações: saúde, segurança pública e educação. Só. Não estou dizendo que você não tem que investir paralelamente. Mas essas são prioridades, o resto é com o empreendedor, é com quem produz emprego, é com o comerciante, é com empresário. Cobramos tributo das pessoas para ter um mínimo de saúde, educação e segurança pública. Só. Turismo, meio ambiente são questões paralelas que devem ser também responsabilidade do cidadão comum, em compartilhamento com a prefeitura. Eu, por exemplo, graças a Deus tenho condição de ter um plano de saúde. Mas e o cidadão que não pode? Que se pegar Covid hoje tem que ir para o posto de saúde e não consegue ser atendido? E não é só Covid. Então, a minha linha de priorização dos recursos é saúde, educação e segurança pública. O resto é em compartilhamento com o empreendedor.

Se fosse prefeito, o que teria feito diferente no enfrentamento à Covid-19?

Na verdade, nós temos um problema seríssimo. Estamos trabalhando com o desconhecido. Existem tratamentos já considerados eficazes por uma parte das pessoas. Por exemplo, o presidente da República considera o tratamento com cloroquina e ivermectina eficiente. E realmente, para ele, que é prova viva, deu certo. Eu faria o quê? Apostaria na cloroquina, apostaria na imunidade das pessoas, com vitamina D, com medicações que, ainda que não tenham efeito cientificamente comprovado, podem dar resultado. Se você tem câncer, infelizmente vai ter que fazer quimioterapia. Ela pode te matar, mas você não pode deixar de fazer. A quimioterapia pode te matar antes do câncer, mas você não vai deixar de fazer, porque é tua única opção. Eu investiria maciçamente na cloroquina, nesses remédios que eventualmente têm dado algum resultado para algumas pessoas. O que eu não posso fazer é mandar a pessoa para casa, para ela ficar tossindo, sem respirar, passando uma agonia enorme, sem falar no psicológico, sem uma perspectiva. Então eu faria uma política exatamente igual à do governo federal. Eu sou alinhado ao que pensa o presidente Bolsonaro. Não porque eu quero surfar numa onda. Mas justamente por ter experiência em gestão, acho que esse é um cara para quem precisamos dar crédito.

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