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PRF prevê que liberação de pistas após acidentes vai demorar mais sem o socorro mecânico das concessionárias de pedágio.
PRF prevê que liberação de pistas após acidentes vai demorar mais sem o socorro mecânico das concessionárias de pedágio.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo/Arquivo

Uma estrutura de 40 ambulâncias e 54 guinchos que operam 24 horas por dia deixará de atuar nas rodovias do Paraná com o fim do pedágio em menos de um mês. Neste ano, até setembro, as seis concessionárias já socorreram 12.064 pessoas e retiraram das vias 91.163 veículos danificados.

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A média de atendimentos médicos nas vias pedagiadas nesse ano está em 1.340,4 por mês. A maioria das ocorrências atendidas pelas ambulâncias das concessionárias é de vítimas de acidentes, muitas em estado grave, mas há também os casos clínicos e até partos. Já a média de socorros mecânicos prestados pelas concessionárias em 2021 é de 10.129,2 por mês. Números que seriam ainda maiores se não fossem as restrições de circulação por causa da pandemia. Em média, são 44 atendimentos médicos e 337 socorros mecânicos, diários.

Toda essa demanda passará a ser atendida pelo governo do estado pelo menos até o fim de 2022, quando está previsto o início da operação das novas concessionárias. Quinta-feira (28), o governador Carlos Massa Ratinho Jr (PSD) confirmou que o estado vai assumir esses serviços a partir de convênio com o governo federal, mais especificamente o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), já que as rodovias federais compõem a maior parte do Anel de Integração.

O resgate das vítimas de acidentes nas estradas ficará a cargo do Corpo de Bombeiros, com as ambulâncias do Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (Siate). O governo ainda não deu detalhes da operação, mas é provável que essas ambulâncias não atuem exclusivamente nas estradas, atendendo todos os outros tipos de ocorrências que estão no escopo do Siate. Dependendo da situação, o socorro poderá ter reforço de ambulâncias do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), cuja gestão é dos municípios. "Isso está bem organizado e iremos apresentar [o planejamento] nos próximos dias", garante o governador.

Já os veículos envolvidos em acidentes ou que sofram pane serão retirados das vias por equipes da Polícia Militar (PM). O governo também ainda não anunciou o número de guinchos que a corporação terá disponível para o serviço nas rodovias. Além disso, Ratinho Jr confirmou que o policiamento será feito pelo Batalhão Rodoviário da PM nos 700 quilômetros das estradas estaduais e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) nos 1,8 mil quilômetros de BRs do Anel de Integração.

Por outro lado, o governo do estado confirma que o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) abriu licitação de R$ 100 milhões para contratação de serviços de conservação do pavimento e espaços laterais das estradas estaduais do Anel de Integração. Os envelopes com as propostas serão abertas em 12 de novembro. Segundo o governador, o DNIT também abrirá licitação para manutenção do pavimento na malha federal.

Socorro médico nas rodovias do PR perderá quase 400 profissionais

No total, 388 profissionais do pedágio deixarão de atuar só no resgate médico nas estradas com o fim das concessões. As seis concessionárias contam com 56 médicos, além de enfermeiros, técnicos de enfermagem e socorristas cujas equipes atuam 24 horas em bases estratégicas nas rodovias.

O tempo médio para as ambulâncias das seis concessionárias socorrerem as vítimas de acidentes ou de outras emergências médicas nas estradas pedagiadas hoje é de aproximadamente 9 minutos. Os atendimentos mais rápidos são das equipes da Ecovia, na BR-277 entre Curitiba e Paranaguá, e num dos trechos da Ecocataratas, entre Cascavel e Guarapuava, na mesma rodovia. Ambas conseguem prestar o socorro em aproximadamente 6 minutos.

A média de tempo para esses atendimentos está dentro dos padrões internacionais recomendados, de resgate em dez minutos. Esse é o período em que, após a chegada ao local, as equipes de salvamento devem analisar a cena do acidente, fazer o salvamento (como retirar pessoas presas em ferragens), estabilizar, imobilizar e transportar a vítima para o hospital. Prazo que terá de ser cumprido pelas ambulâncias do Siate.

"A demora no socorro em rodovias pode impactar nos índices de morte e de sequelas das vítimas de acidentes, que na maioria das vezes são pacientes graves ou com potencial de gravidade devido à alta energia envolvida nos choques dessas ocorrências", alerta a médica Josiene Germano, porta-voz da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).

Por isso, destaca a médica, seria importante a manutenção de ambulâncias espalhadas ao longo das rodovias com o fim do pedágio. "Equipes colocadas de forma estratégica nas rodovias permitem que o resgate seja feito o mais rápido possível, buscando a meta de 10 minutos, o que além de reduzir mortes também impacta na economia, com menos pessoas sequeladas como dependentes do INSS ", reforça a representante da Abramet.

Remoção de veículos acidentados ficará a cargo dos proprietários

O comando da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Paraná já prevê que sem os guinchos dos pedágios o tempo de interdição nas rodovias em casos de acidentes deva aumentar. Em especial nos feriados, quando o movimento nas estradas chega a mais do que dobrar e em ocorrências envolvendo veículos grandes como caminhões.

"A liberação das estradas em casos de acidentes pode ficar mais demorada sem a estrutura das concessionárias de pedágio. Isso porque tanto o socorro mecânico como a remoção do local - sejam veículos de passeio ou caminhões - ficarão de encargo do proprietário ou motorista", explica a PRF em nota.

Dos 54 guinchos das concessionárias que deixarão de operar, 31 são para reboque de veículos leves e médios, 16 de pesados e 7 de veículos superpesados. Além da remoção dos veículos, as equipes das concessionárias também fazem limpeza e retirada de cargas e animais que estão sendo transportados das pistas após acidentes, o que ainda não se sabe como será feito com o fim do pedágio.

O fim das concessões, aliás, coincide justamente com a proximidade do verão, quando há férias escolares e as datas de mais movimentadas nas estradas: Natal e, principalmente, ano novo. A tendência é de que neste fim de ano mais gente circule pelas rodovias do estado no fim do ano, não só pelo fim da cobrança de pedágio mas também pelo cenário epidemiológico da Covid-19. Com a pandemia mais controlada do que no fim de 2020, quando barreiras sanitárias chegaram a ser instaladas no Litoral para impedir o acesso de turistas, a tendência é de que mais pessoas viagem no Paraná, principalmente com destino ao Litoral.

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