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Primeira reunião do Comitê Intersetorial do Controle da Dengue no Paraná, em janeiro de 2020: cenário preocupante.
Primeira reunião do Comitê Intersetorial do Controle da Dengue no Paraná, em janeiro de 2020: cenário preocupante.| Foto: Geraldo Bubniak/AEN

“Estamos prestes a ter uma avalanche de casos [de dengue]”. A frase é do secretário de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), Beto Preto, e serve como alerta para necessidade de união de agentes públicos e sociedade civil no combate à doença. O objetivo não é criar pânico, mas mostrar que é preciso engajamento para acabar com criadouros do mosquito Aedes Aegypti, que transmite a dengue. O cenário é preocupante - os números iniciais sugerem perigo de epidemia recorde no estado.

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A quantidade de casos da doença no Paraná cresceu 62,25% em três semanas. Em 17 de dezembro de 2019, eram 3.293 confirmações; número que saltou para 5.343 no dia 7 de janeiro de 2020. O aumento foi de mais de 2 mil casos.

Quando a comparação é entre períodos epidemiológicos - de agosto de um ano a julho do ano seguinte -, os números assustam ainda mais. Enquanto entre agosto de 2019 e a primeira semana de janeiro de 2020 foram registrados os atuais 5.343 casos, o período de estudo anterior, de agosto de 2018 até a primeira semana de janeiro de 2019, apontou apenas 129 casos. Um avanço de 4.041% nas ocorrências da doença.

De acordo com a coordenadora da Vigilância Sanitária da Sesa, Ivana Belmonte, o período epidemiológico começa em julho para que seja possível fazer uma análise completa de todo o ciclo da doença. O início do estudo, então, é nos meses mais frios (de inverno), quando os casos são menos frequentes, chegando aos períodos de calor (dezembro, janeiro, fevereiro), ocasião em que os casos proliferam e atingem seu auge.

Comitê Interestadual

Para buscar combater a doença em todos os municípios do estado, o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) instituiu, por decreto, o Comitê Intersetorial de Controle da Dengue. O objetivo é unir forças entre várias secretarias para planejar e executar ações preventivas.

A primeira reunião do grupo foi realizada nesta quinta-feira (09). O comitê é formado pela Casa Civil, Defesa Civil, Casa Militar, Conselho Estadual de Saúde e pelas secretarias de Estado da Educação e do Esporte, do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, da Comunicação Social, e da Cultura, do Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas, Justiça, Família e Trabalho, Infraestrutura e Logística e Segurança Pública, além do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran).

Apesar do esforço oficial entre a estrutura disponível, Beto Preto reforça que o trabalho tem que ser de todos os paranaenses. “Vamos replicar as orientações nos âmbitos regionais, chamando parceiros, chamando a sociedade civil organizada, as igrejas, associações de moradores. (...) Temos que montar as estratégias para entrar na casa das pessoas. Agora, nada substitui a visão do dono da casa”.

Explicações

A explicação para números tão altos, segundo a Secretaria de Saúde, está na introdução de um novo vírus da dengue, que começou a circular no Paraná. Até o ano passado, havia circulação do sorotipo 1. Agora, os principais casos registrados são de dengue causada pelo vírus tipo 2.

Esse cenário deixa a população do estado mais suscetível. Isso porque muitos paranaenses já são imunes ao tipo 1, por já terem contraído a doença em períodos anteriores. Mas o sorotipo 2 é novidade.

“Essa mudança do sorotipo predominante é que está causando esse grande número de casos. Hoje nós temos 65% dos casos confirmados do sorotipo 2. Isso nos leva a uma afirmativa de que a população não tem imunidade”, comenta o secretário.

O risco que isso traz é de epidemia em todo o Paraná. “Toda vez que muda o sorotipo circulante a gente tem um risco de agravamento dos quadros clínicos. Então, a pessoa tende a ter dengue mais grave e pode ir à morte mais facilmente, por isso a preocupação”, explica a coordenadora da Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde do Paraná.

Municípios com dengue

De acordo com o último boletim divulgado, 160 municípios do estado têm casos confirmados de dengue. 15 cidades registram situação de epidemia e 23 estão em alerta para epidemia. A situação de epidemia é definida quando o município registra, proporcionalmente, 300 ou mais casos de dengue para cada grupo de 100 mil habitantes.

Em praticamente todo o Paraná há risco alto para dengue. A preocupação atinge, por exemplo, as cidades de Foz do Iguaçu e Guaíra, no Oeste, Londrina e Apucarana, no Norte, Maringá, Paranavaí e Umuarama, no Noroeste, Francisco Beltrão, no Sudoeste, Paranaguá e Guaratuba, no Litoral. Nas regiões de Curitiba, Ponta Grossa, nos Campos Gerais, Guarapuava, no Centro-Oeste, e Cascavel, no Oeste, há risco médio para doença, segundo o último boletim divulgado pela Sesa.

Números superiores aos da maior epidemia do estado

Entre julho de 2015 e agosto de 2016 o Paraná teve o registro de 56.351 casos confirmados da dengue. No período, 61 mortes foram confirmadas em decorrência da doença. Foi o pior cenário de dengue no Paraná.

Os dados do atual período epidemiológico, na comparação com os mesmos meses de 2015 e 2016, trazem o alerta. Enquanto na primeira semana de janeiro de 2016 os números alcançavam 1.726 casos confirmados, em 2020 já são 5.343. A diferença é de 209%.

“A nossa curva de ocorrência de casos está acima do esperado, então isso quer dizer que nós podemos ter, para esse período de verão, uma epidemia maior do que a maior epidemia que já tivemos no estado, que foi em 2016”, reforça Belmonte.

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