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Em oito meses, Paraná registra quase tantos incêndios ambientais quanto em 2018 inteiro
| Foto: Henry Milleo/Arquivo/Gazeta do Povo

O Paraná registrou 8.727 casos de incêndio ambiental entre 1º de janeiro e 29 de agosto de 2019, de acordo com dados do Corpo de Bombeiros. O número é 34% maior do que o registrado no mesmo período de 2018, quando foram atendidas 6.499 ocorrências desse tipo, e já representa 98,5% do total de incêndios florestais registrados durante todo o ano passado. Se continuar assim, o número de focos pode se aproximar dos anos de 2016 e 2017, que tiveram 10.706 e 10.907 incêndios, maior volume nos últimos seis anos.

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De acordo com o Corpo de Bombeiros, as condições climáticas são determinantes para esse aumento, já que a ocorrência de geadas e de longos períodos de estiagem aumenta a capacidade de combustão da vegetação. Tanto que o mês com mais atendimentos a incêndios foi agosto, que não só está inserido em um período tipicamente mais seco, mas também teve menos chuvas do que o esperado em diversas regiões do estado. No período, foram 3.030 ocorrências.

Dados do Simepar confirmam essa relação: na região de Paranavaí, que fica no noroeste do estado, choveu cerca de 40 mm em julho, quando a média é de 66 mm. Em agosto, quando a média de chuvas é de 63 mm, a precipitação atingiu apenas 1 mm. Nas proximidades de Londrina, foram registrados 63 mm de chuvas em julho e 0,2 mm em agosto. As médias para os dois períodos são de 80 mm e 56 mm, respectivamente.

“A situação ficou mais preocupante nas últimas duas semanas de agosto. No sul, choveu mais, mas na metade Norte e no Oeste do Paraná as chuvas foram quase que inexpressivas. Foi um regime abaixo da média em um período que já chove pouco e essa condição de estresse hídrico faz com que a capacidade de combustão da vegetação fique bastante acentuada”, explica o meteorologista do Simepar Fernando Mendonça Mendes.

Ele ressalta, porém, que embora criem condições para que o fogo se espalhe, os fatores climáticos geralmente não são os responsáveis pelo início dos incêndios. “Fica favorável a uma condição de queimada, mas a causa dela não é essa. As queimadas geralmente têm participação humana”, afirma.

O tenente Marcos Vidal, da Defesa Civil do Estado, exemplifica: “Muitos dos focos começam por falha humana, seja por descuido ou intencional, como uma pessoa que faz um fogueira num lugar que não deveria, faz uma queimada num dia em que o vento está muito forte ou joga cigarro aceso num mato seco, por exemplo”. Vidal é o representante do órgão no Programa de Prevenção de Incêndios na Natureza (Previna), projeto estadual que visa prevenir e combater incêndios nas Unidades de Conservação do estado.

Dados do Inpe apontam outra proporção

Os dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) mostram uma realidade diferente. Conforme o mapa de focos ativos do órgão, o Paraná teve 1.652 incêndios florestais do início do ano até a manhã de 30 de agosto. O número representa 71% do que foi registrado no mesmo período de 2018 e 54,6% do total de focos contabilizados em todo o ano passado.

Os dados disponíveis indicam ainda que, desde 1998, a maior quantidade de incêndios foi registrada no estado em 2014 - foram 7.292 focos. Outros números significativos foram registrados em 2003 (5.599), 1999 (5.458) e 2006 (5.372). Por outro lado, o sistema detectou em 2009 a menor quantidade de focos: 1.765.

A diferença entre a informações do instituto e dos bombeiros se dá porque eles são obtidos de maneira diversa. “O Inpe funciona por meio da detecção por satélites, que circundam a Terra e fazem a captação de imagens, identificando refletividades que possam ser incêndios. O Corpo de Bombeiros trabalha com atendimentos efetivos”, explica o tenente Marcos Vidal.

Além disso, o site de monitoramento de queimadas do Inpe indica que alguns tipos incêndio não são detectados pelo sistema. Entre eles, estão as frentes de fogo com menos de 30 metros e incêndios que ocorrem no chão de florestas (sem atingir as copas de árvore), em áreas nubladas ou de pequena duração (que ocorrem no intervalo da passagem dos satélites). Já os bombeiros podem ser chamados para atender quaisquer dessas ocorrências.

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