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Quadro Negro: obra de Centro de Educação Profissional de Campo Largo foi uma das afetadas pelos desvios. Foto: Atila Alberti/Tribuna do Paraná.
Quadro Negro: obra de Centro de Educação Profissional de Campo Largo foi uma das afetadas pelos desvios. Foto: Atila Alberti/Tribuna do Paraná.| Foto: Tribuna do Parana

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR), prendeu na manhã desta sexta-feira (29) um homem identificado como uma espécie de ajudante de Luiz Abi Antoun dentro da organização criminosa que desviou recursos de obras em escolas no Paraná. A prisão provisória (cinco dias) de Pablo Augusto Granemann foi cumprida na 5ª fase da Operação Quadro Negro, juntamente com um mandado de busca e apreensão na casa do investigado em Curitiba.

Granemann seria o intermediário de Abi para o recebimento de vantagens indevidas no esquema revelado pela Quadro Negro. Abi, que é primo do ex-governador Beto Richa (PSDB), seria um dos responsáveis por gerenciar o pagamento de propina ao grupo do tucano, de acordo com as investigações.

O Gaeco já apresentou no início deste mês à Justiça Estadual uma denúncia contra o grupo, mas Granemann não figurava na lista de acusados. Um aditamento à denúncia deve ser feito em breve, para incluir o nome dele.

Na época dos fatos, entre 2011 e 2014, Granemann teria trabalhado como motorista de Abi. Atualmente, ele tem um cargo comissionado no Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TC-PR), lotado no gabinete do conselheiro Fernando Guimarães.

Nesta sexta-feira (29), a Gazeta do Povo procurou o TC, que se manifestou por meio de nota: "Sua prisão não tem qualquer envolvimento com o TC, sendo por fato anterior à sua nomeação no órgão, onde executa tarefas administrativas internas no gabinete do citado conselheiro". Granemann foi nomeado para o TC em 18 de junho de 2018.

Segundo a denúncia, o ex-secretário de Cerimonial e Relações Internacionais do governo do Paraná Ezequias Moreira teria substituído Abi, no recebimento dos recursos. Ambos atuariam a pedido do ex-governador, segundo a denúncia.

“Cabia a eles, mediante a determinação do líder da organização criminosa, informar a Maurício Fanini o momento e o montante que deveria ser repassado no interesse da cúpula do grupo”, diz a denúncia. Fanini, que foi diretor na Secretaria de Educação do Paraná, firmou acordo de colaboração premiada com o MP, já homologado pelo Tribunal de Justiça.

Recebimento dos valores

Ainda segundo as investigações do MP, a intermediação era feita para que nem Abi nem Ezequias Moreira recebessem diretamente os valores repassados por empresários envolvidos no esquema. “Após acertarem os detalhes dos valores que deveriam ser repassados, os denunciados Luiz Abi Antoun e Ezequias Moreira acionavam seus emissários para que efetuassem seu recolhimento”, explica o texto. Desse modo, eles não recebiam nenhum valor ilícito das mãos de Fanini.

Granemann teria sido um dos intermediários de Abi neste esquema de corrupção, juntamente com uma segunda pessoa ainda não identificada pelos investigadores.

Abi, Ezequias e Beto Richa são réus na Operação Quadro Negro pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e prorrogação indevida de contrato de licitação. Eles negam irregularidades.

A investigação

Deflagrada em 2015, a Quadro Negro apura o desvio de recursos de obras e reformas em escolas estaduais no Paraná. De acordo com as investigações, a organização criminosa produzia medições falsas das construções, de modo que as construtoras recebessem o pagamento sem que tivessem, de fato, realizado as obras. O MP afirma que houve mais de R$ 20 milhões em desvios.

No último dia 19, a investigação resultou na terceira prisão do ex-governador Beto Richa. Segundo o MP, ele teria atuado para obstruir as investigações. O tucano, que está preso preventivamente, teve dois pedidos de habeas corpus negados -- um no Tribunal de Justiça do Paraná e outro no Superior Tribunal de Justiça.

Outro lado

Quando a denúncia foi oferecida pelo MP, a defesa de Beto Richa alegou perseguição, sustentando que foi a gestão do ex-governador do Paraná que descobriu e denunciou as fraudes nas obras das escolas: “Tratam-se de fatos antigos sobre os quais todos os esclarecimentos necessários já foram feitos”.

O advogado de Maurício Fanini, Tracy Reinaldet, afirmou que o denunciado “continuará colaborando de modo amplo e irrestrito com a Justiça, esclarecendo os fatos investigados e apresentando provas de suas declarações".

O advogado Marlus Arns de Oliveira, que atua na defesa de Ezequias Moreira Rodrigues, informou que por enquanto se manifestará apenas nos autos do processo.

A reportagem não conseguiu localizar as defesas de Luiz Abi Antoun e Pablo Granemann. O espaço segue aberto para manifestação.

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