O Programa Leite das Crianças, criado em 2003, no então governo de Roberto Requião (MDB), acabou superando as amarras políticas e sobrevive até hoje. Encampada pelos ocupantes seguintes do Palácio Iguaçu, a política pública de saúde beneficia famílias nas duas pontas do processo - aquelas que vendem e aquelas que recebem o produto.
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Luiz Roberto Scarante Stocco, de 44 anos, é um dos 5,1 mil produtores que fornecem leite para o programa. Ele mantém 15 vacas em lactação numa pequena propriedade em Piraquara e vive exclusivamente da produção leiteira. Entrega cerca de 310 litros por dia em laticínio da região e acredita que foi o Leite das Crianças que o manteve na atividade. “Se não fosse a garantia que o programa dá, já teria abandonado”, diz
Stocco recebe, em média, R$ 1,29 por litro, mas chega a ganhar R$ 1,41 graças ao adicional de qualidade. Com o pagamento, conseguiu investir na propriedade. Tanto na compra de um resfriador quanto no melhoramento genético, e hoje tem animais da raça Holandesa e também cruzas com Jersey, que cria em semiconfinamento.
O produtor está no programa desde o início e comenta que antes experimentava o preço instável do leite. Hoje, ele se diz satisfeito com o trabalho e contente por alimentar crianças que precisam da bebida. “Entregam na escola que meu filho estudava”, comenta.
Já Marcos Bandeira é sócio do Laticínios Ruhban, em Piraquara, uma das 40 usinas que prepara o leite distribuído no programa. Do total da produção da empresa, 70% vão para a iniciativa do governo estadual. São 16 mil litros processados por dia. Ao todo, 69 produtores de sete cidades fornecem leite para a usina.
O secretário executivo do Conseleite, Guilherme Souza Dias, afirma que o programa foi e é importante para fortalecer a cadeia produtiva no Paraná. Ele destaca que o programa funciona como uma garantia de compra do produto, além de praticar o preço de referência que é calculado pelo Conseleite, com base numa fórmula desenvolvida pela UFPR, que leva em consideração o preço de mercado do produto.
O custo do programa tem relação com o fato de ser um produto fresco, com a ideia de preço justo (sem explorar o produtor) e com os custos de distribuição e refrigeração. O leite passa por processos de controle – inclusive porque a remuneração para o produtor é vinculada à qualidade, com 2% de acréscimo caso padrões de gordura, por exemplo, estejam acima do mínimo esperado.
Uma geração inteira beneficiada
Para a dona de casa Jainnne Guerinni Lino, de 21 anos, pesaria muito nas despesas familiares se tivesse de comprar leite para o filho Eduardo, de 1 ano – que gosta de tomar puro, só fervido. Casada com um carpinteiro, ela comenta que a renda da casa é de R$ 1,3 mil. Jainne está na lista de 129 famílias que buscam, no colégio estadual Arlindo Carvalho de Amorim, na Vila Barigui, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), o leite três vezes por semana (segunda e quarta-feira são 2 litros por criança, e sexta são 3 litros, para o final de semana).
Quem também não perde a oportunidade é a manicure Jhenifer Lima de Andrade, de 29 anos. Atualmente ela tem direito a pegar a bebida para o filho Felipe, de 2 anos e 4 meses, que gosta de tomar com Mucillon ou na forma de mingau. Mas Jhenifer conta que o outro filho, Pedro Henrique, hoje com 7 anos, também recebeu o leite até os 3 anos. Segundo ela, dá para perceber como leite sustenta. A mãe também conta que os filhos são saudáveis e atribui ao leite parte desse resultado.
Cada escola monta o seu esquema de entrega, com o horário fixo. O leite tem validade de 5 a 7 dias. É preparado e ensacado no dia anterior e entregue no dia da distribuição para as famílias. Se a família não vai buscá-lo, o que sobra vai para entidades previamente cadastradas. Faltas consecutivas levam à suspensão na lista de beneficiários.
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