A retomada das locadoras de veículos no Paraná, com uma frota de 43 mil veículos, vai ser afetada pelas dificuldades de as empresas do setor receberem veículos novos. Segundo o presidente da seccional paranaense da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), Cláudio Rigolino, os preços dos carros estão em alta e, como agravante, “as entregas dos carros adquiridos estão levando de 60 a 150 dias. Em casos extremos, chega a 180 dias.”
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O ritmo de produção nas montadoras está se recuperando aos poucos. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sinalizam que a fabricação de automóveis cresceu 4,4% em setembro, comparativamente a agosto. Mas, nos nove primeiros meses do ano, o segmento acumula uma queda de 41,4% em relação ao mesmo período de 2019.
“As montadoras chegaram a ter problemas de falta de matéria-prima e atrasos na importação de peças. E não estão trabalhando em tempo integral”, diz o executivo. Elas também enfrentam custos maiores de matéria-prima, ressalta Rigolino. Nos 12 meses encerrados em agosto, o custo médio dos fabricantes de veículos automotores aumentou 8,90%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período, a inflação oficial foi de 2,44%.
Com as fabricantes de veículos automotores trabalhando em ritmo menor do que antes da crise, Rigolino acredita que elas estão dando prioridade para o varejo, onde ganham mais. Segundo a Federação Nacional de Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), em setembro, 59,12% das vendas feitas pela indústria tiveram como destino o varejo.
Outro problema é que, com o início da pandemia, muitas locadoras paranaenses venderam carros mais antigos, aquecendo o mercado de seminovos. A situação no segmento não deve se normalizar até o primeiro trimestre de 2021.
"Está difícil alinhar o setor ao embalo da retomada da economia, na medida em que as locadoras ainda não estão tendo a segurança de contar com o seu principal produto, que são os carros novos. Se a locadora fecha hoje um contrato para alugar uma frota inteira a uma empresa, ou mesmo se ganha licitações para atender órgãos públicos, ela precisa dos veículos o quanto antes para viabilizar esses negócios", diz o dirigente empresarial.
Locadoras têm boas expectativas para 2021
Mesmo diante desse cenário, as expectativas do negócio para o próximo ano são bem favoráveis. O dirigente aponta que há uma mudança em curso no perfil do público que aluga carros. “Muitos, para fugir do financiamento, estão optando por alugar carros. Tem gente que não quer viajar de avião no momento e opta por percorrer distâncias médias com automóvel.”
Outro trunfo para o segmento de locação é o desempenho do agronegócio, um dos principais clientes no segmento de terceirização de frotas. Rigolino destaca que esse setor, que representa quase 35% do PIB paranaense, sofreu menos impactos com a pandemia.
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