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Policial militar faz inspeção de documentos de motoqueiro em Belém do Pará, durante vigência do lockdown que restringiu a circulação de pessoas nas ruas.
PM faz blitz para fiscalizar cumprimento do Lockdown em Belém| Foto: Marcelo Seabra/Ag.Pará

As experiências de lockdown já aplicadas no Brasil durante a pandemia de Covid-19 mostram que o paranaense precisa ser paciente e resiliente com a “quarentena restritiva” imposta pelo governo do Paraná a partir desta quarta-feira (1º) em sete regionais de saúde do estado. Outras cidades e estados que adotaram esse caminho – com a restrição de circulação de pessoas e fluxo de veículos, o que não vai ocorrer no Paraná neste momento – só viram resultado mais efetivo cerca de um mês após o início do lockdown.

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Os dados do Maranhão, Pará e Ceará, que adotaram o lockdown no início de maio, mostram que houve desaceleração no número de casos confirmados de coronavírus, mas as mortes continuaram ocorrendo, mesmo com lotação em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) abaixo de 100%.

Confira as experiências desses locais:

Maranhão

O primeiro lockdown do país foi feito no Maranhão, em 5 de maio, afetando a capital, São Luís, e outros três municípios do entorno, por 13 dias. Além do fechamento das atividades não essenciais e regras de funcionamento para aquelas essenciais – supermercados, consultórios médicos e veterinários, bancos, oficinas, serviços de lavanderia e manutenção –, foram feitos bloqueios nas vias, de forma a restringir a circulação de pessoas.

O Maranhão, com 7 milhões de habitantes, tinha então 5.028 casos acumulados de coronavírus e 291 mortes, grande parte na capital: 3.368 casos e 227 óbitos em 5 de maio. O índice de isolamento social – medido pela empresa de tecnologia In Loco, com base em dados anônimos de celulares – estava em torno de 46% em São Luís nos dias pré-lockdown, e subiu para em torno de 53% com as restrições. O índice geral do Maranhão, porém, pouco se alterou: ficou sempre abaixo de 50%.

Segundo estudos publicados pelo governo do Maranhão, o bloqueio ajudou a segurar a curva do contágio, mas houve picos de novos casos ainda em junho. Durante o lockdown, São Luís registrou pico de 342 novos casos em 11 de maio, com queda até o dia 22, para um pico ainda maior quando as atividades já haviam sido retomadas: 431 novos casos em 31 de maio. Em junho, houve outra aceleração, com 424 novos registros no dia 7, para daí então a curva apresentar tendência de queda. Após registrar média de 20 novos casos diários em meados de junho, o semestre foi encerrado com 112 novos casos no dia 30.

O boletim diário do Maranhão mostra que a ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 continua alta, quase dois meses após o lockdown. Em maio, a ocupação de 225 leitos na Grande Ilha, que engloba São Luís e entorno, ficou sempre acima de 90%. Em 30 de junho, esse porcentual era de 79%.

A capital maranhense totaliza 13.050 casos confirmados, com 825 mortes – letalidade de 6,3% e taxa de 748,7 óbitos por 1 milhão de habitantes. O Maranhão tem 80.451 casos confirmados, 2.048 mortes, uma taxa de letalidade de 2,5% e taxa de 289,4 mortes por milhão.

Pará

O primeiro decreto assinado pelo governador do Pará, Helder Barbalho, determinou lockdown de 10 dias para Belém e mais nove municípios, com início em 7 de maio e término no dia 17, mas a medida foi prorrogada até 24 de maio. Um dia antes do fechamento total, a capital paraense tinha 14.024 casos confirmados de coronavírus e 1.024 mortes. O Pará somava 36.533 registros e 1.672 mortes.

Antes do lockdown, o isolamento social estava em torno de 45% no Pará; subiu para 51% em alguns dias úteis, mas logo abaixou para em torno de 48%. Na capital, o isolamento ficou acima de 50% durante a vigência do lockdown.

Apesar do fechamento de todas as atividades não essenciais, os números do coronavírus demoraram a baixar no Pará. Entre 7 e 22 de maio, o número de novos casos diários variava de 1,5 mil a 2,8 mil. Em 23 e 24 de maio, o acréscimo ficou em 1,4 mil e 1,2 mil, respectivamente, mas logo voltou a subir, ficando entre 1,3 mil a 2,6 mil novos casos diários até 2 de junho (houve apenas uma exceção, em 1º de maio, por causa do feriado. A partir daí a curva foi desacelerando. Foram 58 mil casos em maio, e 22,4 mil em junho. Em 30 de junho, o Pará acumulava 105.853 confirmações e 4.960 óbitos, uma letalidade de 4,7% e taxa de 576 mortes por milhão de habitantes.

Em Belém, a curva desacelerou antes. O pico foi em abril, com 11,5 mil casos. Em maio, houve acréscimo de 6.190 novos registros de coronavírus, e, em junho, 1.244. A capital paraense fechou o primeiro semestre com 19.497 e 1.892 óbitos, letalidade de 9,7% e taxa de 1.267 mortes por milhão de habitantes.

O governo do Pará informa que há 702 leitos de UTI Covid-19, com ocupação de 66% nesta quarta-feira (1º).

Fortaleza

O governo do Ceará decretou o lockdown na capital a partir de 8 de maio, com previsão de término no dia 20. Entretanto, o prazo foi prorrogado até 31 de maio. Essa estratégia, porém, gerou prejuízos: o isolamento social em Fortaleza, que tinha subido a 53% nos primeiros dias de restrições, caiu para abaixo de 50% nos últimos dias úteis de maio.

O pico de casos em Fortaleza foi em 1º de maio, com 1.378 confirmações em único dia e 17.444 acumulados até então, com 666 mortes. Depois disso, o número de registros diários foi caindo, mas de forma lenta, Em 1º de junho, a cidade já somava 32.295 confirmações e 2.854 mortes; agora, em 1º de julho, há um total de 35.523 casos e 3.295 óbitos, o que resulta em letalidade de 9,3% e taxa de 1.234 mortes por milhão de habitantes. O Ceará soma 111.231 casos, com 6.180 mortes – letalidade de 5,6% e taxa de 676 mortes por milhão de habitantes.

Pelos dados fornecidos pelo governo do Ceará, em nenhum momento houve superlotação de leitos de UTI em Fortaleza. O pico foi registrado entre os dias 10 e 12 de maio, com taxa de 96%; houve poucos dias com taxa de 95% e uma estabilização em torno de 92% de ocupação. Foi só em junho, quase um mês após o início do lockdown, que houve uma queda mais expressiva na utilização desses leitos.

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