Logo no início da pandemia, era comum navegar pelas redes sociais e encontrar fotos de pessoas comprando plantas para a casa. Por causa disso, muito se falou em métodos de cultivo, qual o melhor lugar para posicioná-las e o efeito desse hobby para tornar os dias menos duros. Mas como isso se refletiu no mercado de plantas e paisagismo? O setor sentiu esse “boom” nas vendas ou foi apenas uma fase?
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Para a GK Plantas e Flores, loja de plantas em Morretes, o período foi de bons frutos. A empresa, cuja produção é feita pela Chácara Kasmiroski, do mesmo grupo, passou a vender três vezes mais no atacado, desde maio de 2020 até o momento, apostando principalmente em plantas como o Bambu da Sorte, carro-chefe do grupo, além de Primaveras e Palmeiras. “Para o mundo foi muito triste, perdemos amigos próximos, mas para o setor de produção foi ótimo”, ressalta Erick Jean Kasmiroski, um dos proprietários do negócio.
De acordo com Kasmiroski, o segmento de floricultura foi o que mais sofreu durante a pandemia, mas a parte de jardinagem e paisagismo teve uma alta procura, principalmente para decoração de interiores e jardins residenciais. Por conta disso, o número de clientes do grupo dobrou, chegando a 80, o que por consequência, dobrou também o faturamento. A Kasmiroski, produtora da GK Plantas e Flores, passou a fornecer produtos para redes de supermercados como Muffato e Festval. “Os mercados passaram a procurar os produtores e isso fez com que o setor lucrasse ainda mais”, diz.
Para dar conta do sucesso, a empresa precisou investir no negócio, a começar pelo quadro de funcionários, que aumentou de 5 para 12 pessoas, entre família e funcionários. O grupo também padronizou os produtos e criou etiquetas com código de barras para viabilizar a exposição nas lojas. A empresa estima que ações de marketing digital e e-commerce ajudaram a alavancar as vendas no varejo em cerca de 50%.
“Agora é preciso inovar sempre para manter a clientela”, diz Kasmiroski. Para o futuro, o grupo pretende expandir o negócio por meio de franquias, como quiosques em shoppings, além de apostar em uma loja específica para a venda do Bambu da Sorte.
Já no caso da Esalflores, que tem a maior floricultura do país, em Curitiba, o momento foi de adotar medidas para contornar os prejuízos e manter o negócio estável. De acordo com o diretor geral do grupo, Bruno Esperança, os protocolos de prevenção à Covid-19 dificultaram o dia a dia da empresa, que além de não vender, aumentou o custo de operação em 15% para fazer adaptações. “Tentamos sobreviver nos últimos 18 meses, mas não tivemos aumento significativo nas vendas considerando a média. Leva muito tempo se você tem estoque vulnerável”, diz.
De acordo com Esperança, a estratégia então foi apostar na sobrevivência, reduzindo a margem de lucro e apostando em uma nova unidade, com a expectativa de ampliar a comercialização para retomar o fôlego. “Não demitimos por conta da pandemia, pelo contrário, geramos mais empregos”, enfatiza. Apenas para a operação da unidade do Xaxim, foram contratadas 30 pessoas. Ao todo, são 110 funcionários na operação das floriculturas espalhadas pela cidade.
Além disso, para mitigar os impactos da pandemia, a empresa ampliou a atuação no digital, o que contribuiu para um crescimento de 40% do faturamento no último ano. “Conseguimos equilibrar o que saiu com mais vendas online”, comemora. No mesmo período, o grupo decidiu que era hora de apostar todas as fichas na instalação de um sistema próprio de gestão, viabilizado por meio de um software especializado em floricultura, para maior agilidade e redução de custos. O sistema também facilitou o atendimento de clientes pelo drive thru e delivery.
Entretanto, o diretor geral da Esal observa que em quase dois anos de pandemia, de fato, a busca por plantas aumentou, mas o grupo não conseguiu surfar na onda do mercado devido ao abre e fecha do comércio. “No primeiro lockdown, flor não podia ser vendida, então considerando o tempo fechado, eu diria que ficamos dentro de uma normalidade”. A longo prazo, o plano é expandir o negócio, construindo novas unidades por todo o país, mas ainda sem previsão de datas.
Chegada da primavera anima setor de plantas
Na rede de supermercados Festval, os impactos foram sentidos de maneira imediata. O grupo teve queda de 50% no faturamento com a venda de plantas e flores, entre março e abril de 2020. Um dos fatores que prejudicou o segmento foi o fato de que os eventos foram proibidos durante a pandemia, e a empresa, que era procurada para fornecer flores e plantas, deixou de vender.
Parte do estoque, recebido três vezes na semana, acabou sendo descartado em períodos de decretos mais rígidos, ocasionando um desperdício de cerca de 10%. “Também fizemos ofertas nas lojas, mantendo preços justos, sem perder a qualidade. É um produto muito perecível, não tem como deixar em estoque”, afirma Emerson Hinkel, supervisor de floricultura da rede Festval.
Atualmente, os prejuízos estão sendo revertidos. Neste ano, no último trimestre, a marca teve um crescimento de 40% no faturamento desse segmento. “A cada mês que passa, está crescendo mais.” Além disso, o porcentual de descarte dos produtos caiu para 3%, o que é considerado normal. Com a chegada da primavera, a expectativa é positiva, e a empresa pretende continuar apostando no segmento, principalmente na venda de variedades de flores de corte, como rosas e girassóis. Para o futuro, o Festval pretende inaugurar um delivery de plantas e ampliar a estrutura de atendimento ao setor de eventos.
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