• Carregando...
saúde desafios eleições
| Foto: Pixabay

Os desdobramentos da pandemia da Covid-19 são só um dos muitos desafios que o próximo prefeito, que toma posse em 1° de janeiro, terá de enfrentar na área de saúde. Questões como planejamento de longo prazo, envelhecimento da população e carreira dos médicos também deverão estar na agenda da saúde municipal, apontam especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo.

As principais notícias do Paraná em seu WhatsApp

Os desafios são grandes, ressalta o professor Edevar Daniel, do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e diretor da Escola de Saúde Pública do Paraná. E foram acentuados pela pandemia, que mostrou a necessidade de um sistema mais robusto de vigilância contra as doenças, de foco na atenção básica, com profissionais preparados e um bom suporte hospitalar.

Outra questão é a ampliação da coordenação administrativo-financeira e com outros entes da federação. “A Covid mostrou que existem recursos para a saúde. Na pandemia, observou-se que há possibilidade de agilidade por parte do poder público”, enfatiza o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Roberto Issamu Yosida.

Até setembro, segundo o Portal da Transparência da Prefeitura de Curitiba, o município tinha recebido R$ 512,3 milhões em recursos da União e do Estado para o enfrentamento à Covid. Até então, R$ 244,7 milhões tinham sido usados em despesas com aquisições de produtos, materiais e serviços para o enfrentamento da Covid-19.

“Há também a necessidade de maior articulação e parceria com outras esferas públicas como Justiça e Ministério Público. Há problemas, principalmente relacionados a medicamentos de alto custo utilizados por poucos pacientes, que acabam sendo judicializados”, lembra Daniel.

Problemas de curto prazo na saúde de Curitiba

Um dos problemas que a saúde pública terá de enfrentar no curto prazo é o aumento na demanda por atendimento, aponta o decano da Escola de Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), José Knopfholz.

Com a crise, 12,9 mil postos de trabalho com carteira assinada foram fechados na capital paranaense entre janeiro e setembro, de acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged). E o número de beneficiários de planos de saúde em Curitiba encolheu em 10 mil entre março e junho, o equivalente a quase 1%, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Outro problema imediato envolve o subtratamento de doenças crônicas durante a pandemia. “Com a Covid, a população perdeu o controle de hipertensão, diabetes, cardiopatias.... Muitas pessoas tiveram doenças crônicas que foram pouco controladas. Isto acaba levando à evolução para quadros mais graves”, lembra o especialista da PUC-PR.

Knopfholz também defende também o desafogamento das UPAs. A estratégia passa pelo desenvolvimento de um sistema de atendimento às urgências e emergências de forma mais descentralizada.

Um desafio que vem ganhando força e que terá impactos já no curto prazo é de natureza demográfica: a população está ficando cada vez mais idosa e vivendo mais. “É uma fonte de preocupação para a saúde pública, devido à exigência maior de recursos”, afirma Yosida.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 1991, 7,1% dos curitibanos tinham mais de 60 anos. No primeiro trimestre de 2020 eram 18%, A expectativa média de vida de uma pessoa de 60 anos, em 1991, era de 13,3 anos. Em 2018, ela passou para 22,6 anos.

Os números, segundo os especialistas, reforçam a necessidade de se pensar mais políticas municipais para o idoso. “Os gestores municipais vão ter de olhar com mais atenção para essa faixa etária, que demanda mais cuidados”, diz Knopfholz.

Este cenário de população mais idosa também reforça a necessidade de se investir em prevenção, o que pode contribuir para a redução dos custos no médio e longo prazo. Daniel, da UFPR, avalia que com foco à atenção primária e bom planejamento é possível resolver 80% dos problemas. “O custo de uma internação, especialmente em UTI, é muito elevado.”

Carreira

Outra questão que o prefeito que assumir terá, a partir de 1° de janeiro, é o de pensar na formatação de um plano de carreira para os médicos públicos municipais. “O ideal seria o de implantar uma carreira de estado que permita mais dedicação e progressão no longo prazo”, diz Yosida, do CRM-PR.

Por outro lado, a Covid vai deixar um legado que terá impacto na qualificação dos profissionais. “A capacitação dos profissionais vai ser facilitada, tanto tecnologicamente quanto financeiramente”, afirma Daniel.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]