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Praça de alimentação shopping
No Paraná, isolamento social é política de consenso entre Ratinho Jr. e Rafael Greca| Foto: Letícia Akemi / Gazeta do Povo.

“Continuamos com o nosso planejamento”. Foi assim que o governo do Paraná reagiu ao pronunciamento da noite de terça-feira do presidente Jair Bolsonaro, que criticou as medidas de isolamento social, o fechamento do comércio e a suspensão das aulas impostas por estados e municípios.

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Um dos principais aliados da Presidência da República entre os governadores, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) evitou comentar o discurso de Bolsonaro, assim como seus secretários, mas, através da assessoria de imprensa, comunicou que o Paraná não irá alterar a estratégia de combate à pandemia, mantendo o estado em situação de emergência e garantindo o funcionamento, apenas, dos serviços essenciais, com shoppings e escolas fechados e a realização de eventos proibida, por exemplo. O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), também declarou que manterá as medidas de isolamento.

Os secretários estaduais de saúde emitiram uma nota conjunta, dizendo-se estarrecidos com o pronunciamento de Bolsonaro. “Não podemos permitir o dissenso e a dubiedade de condução do enfrentamento à Covid-19. Assim, é preciso que seja reparado o que nos parece ser um grave erro do Presidente da República”, diz a carta. “Ao invés de desfazer todo o esforço e sacrifício que temos feito junto com o povo brasileiro, negando todas as recomendações tecnicamente embasadas e defendidas, inclusive, pelo seu Ministério da Saúde, deveríamos ver o Presidente da República liderando a luta, contribuindo para este esforço e conduzindo a nação para onde se espera de seu principal governante: um lugar seguro para se viver, com saúde e bem estar”, acrescentam os secretários, que dizem não ter qualquer intenção de politizar o problema. “Infelizmente o que vimos em seu pronunciamento foi uma tentativa de desmobilizar a sociedade brasileira, as autoridades sanitárias de todo o país. Sua fala dificulta o trabalho de todos, inclusive de seu ministro e técnicos”, concluem, reforçando o apelo para que a população siga em casa.

Repercussão política

O primeiro senador paranaense a se manifestar sobre o pronunciamento de Bolsonaro foi Flávio Arns (Rede). Ao compartilhar em suas redes sociais a nota da Sociedade Brasileira de Infectologia, que também rebate o presidente e aponta como, cientificamente, a estratégia de isolamento social tem sido a principal aliada no controle da pandemia, o senador diz entender que o maior desafio é encontrar o ponto de equilíbrio entre as medidas de controle e a proteção à economia, mas destaca que é preciso seguir as recomendações das autoridades médicas e científicas. “E, até agora, elas indicam de forma unânime e no mundo todo medidas de isolamento com base naquilo que nos é mais caro, que é o conhecimento científico-epidemiológico”, afirma. “Por isso, o momento exige responsabilidade, serenidade e confiança nas recomendações da maior autoridade neste momento: a ciência”, conclui.

À Gazeta do Povo, o senador Alvaro Dias (Podemos), classificou de imprudente e irresponsável o pronunciamento do presidente. “Não se deve confundir determinação, ousadia, coragem, com irresponsabilidade, prepotência e arrogância. Temos que trabalhar solidariedade, compreensão e, sobretudo, buscar a orientação dos especialistas”. Para Dias, o discurso do presidente expõe uma grande contradição entre a posição de Bolsonaro e a do Ministério da Saúde. “O Ministério da Saúde tem um ministro que estudou, tem uma porção de cientistas trabalhando, contato com os sistemas de saúde e com os outros países. Evidentemente que, entre uma opinião e outra, nós temos que ficar com a do Ministério da Saúde, com a Organização Mundial da Saúde, a comunidade científica. O discurso dele foi uma trombada na perversa realidade que nós estamos vivendo e se constitui num gravíssimo desrespeito à população angustiada neste momento”.

O senador diz temer que, motivadas pela fala de Bolsonaro, pessoas relaxem nos cuidados com o vírus “Neste caso, não se pode dizer ‘a vida é sua e faça com ela o que bem entender’, porque, agora, o que a gente faz com a nossa vida vai influenciar a vida de outras pessoas. Mesmo que eu entendesse haver exagero, eu não tenho o direito de ser irresponsável e sair por aí. Tenho a obrigação de ser solidário com as outras pessoas”.

O senador ainda avaliou o momento político de Bolsonaro, por conta da repercussão negativa de sua fala entre governadores e no Congresso Nacional .“Ele está cada vez mais isolado. Ele adotou a estratégia, desde o início, de transferir a responsabilidade sobre tudo de mal que viesse a ocorrer e, aos poucos, foi se isolando. E hoje, com essas posições extemporâneas que ele adota, esse isolamento está cada vez maior”.

O senador Oriovisto Guimarães não quis comentar as declarações do presidente.

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