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Produtos do agronegócio do Brasil alimentam um bilhão e meio de pessoas no planeta.
| Foto: Maurício de Bortoli/Divulgação

A safra 2019/2020 deve ser histórica para o Paraná, com expectativa de produção de 20 milhões de toneladas de soja – um recorde para o estado. Se somada a estimativa de produção do inverno, com milho safrinha, o total de grãos deve bater 41,2 milhões de toneladas, nas contas do Departamento de Economia Rural (Deral), um braço da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab). É o segundo maior registro da história.

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O que seria motivo somente de alegria em outros tempos é, agora, também fator de preocupação. Em plena crise do coronavírus, o agricultor paranaense ainda vê incerteza sobre a capacidade de escoar a safra recorde.

No mercado internacional, a China, principal destino da soja plantada aqui, ainda se levanta do tsunami que foi a pandemia no país. Por lá, a queda na demanda e os portos fechados (para evitar a contaminação dos trabalhadores), causaram uma crise logística no resto do mundo. A fila de contêineres esperando para serem desembarcados no país asiático causou escassez das caixas de transporte nos países exportadores.

Segundo o Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), que acompanha esse vai-e-vem de navios, o problema deverá ser sentido com mais gravidade em abril, quando há um acúmulo de culturas sendo transportadas ao mesmo tempo.

Para a soja, a situação é menos grave do que para os produtos resfriados, como as carnes – há mais contêineres de secos no mundo do que contêineres refrigerados.

Além disso, há o medo de que a crise de saúde no Brasil se intensifique de modo a paralisar o trabalho nos portos. No Paraná, o Porto de Paranaguá emitiu nota nos últimos dias garantindo a normalidade dos serviços. À época, os casos de Covid-19 no Brasil ainda estavam na casa das centenas, no entanto. Na última semana, houve tensão entre trabalhadores e a direção do Porto de Santos por conta dos riscos da doença.

No mercado interno, o temor é de uma queda na demanda pela indústria alimentícia e pela pecuária – a soja é aplicada na produção de alimentos e também compõe a ração animal. Embora a soja paranaense tenha tido um alto índice de venda, 54% segundo a Seab, o movimento pode ter sido de antecipação da demanda. Ou seja, até que o estoque seja "queimado", não há novas compras.

Com as saídas afetadas, a capacidade de armazenagem de grãos no Paraná seria colocada à prova. Pelos números mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estado tem 2.515 unidades armazenadoras. A capacidade é de guardar 29,7 milhões de toneladas, ou 17,87% da capacidade de armazenagem do país. São números que impressionam, mas não garantem tranquilidade. É que esta capacidade é dividida entre o armazenamento dos grãos e armazenamento de insumos (como adubos, por exemplo).

Via de regra, a soja pode ficar armazenada por até um ano. Porém, obviamente, ela precisa ser colhida e processada para não estragar.

A preocupação deixa claro que o agronegócio paranaense prevê impacto do coronavírus. Como um alento, um consenso entre os analistas: será o setor menos impactado já que, como prega a lógica, as pessoas precisam comer. Com crise ou sem crise.

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