A Petrobras suspendeu o suporte administrativo e apoio técnico no processo de privatização da Unidade de Industrialização do Xisto, conhecida como SIX, localizada em São Mateus do Sul, no Paraná, após impasses contratuais com a Paraná Xisto, empresa do grupo canadense Forbes & Manhattan, que adquiriu a unidade em novembro do ano passado, quando a operação foi concluída com o pagamento de US$ 41,6 milhões.
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A operação de industrialização de xisto foi paralisada, temporariamente, na segunda-feira (10), de acordo com a estatal, que justifica a suspensão pelo “não cumprimento de obrigações contratuais por parte da empresa compradora”, que teria resultado no acionamento, pela Petrobras, da cláusula de suspensão dos serviços. Segundo o contrato, a estatal deve prestar o suporte ao comprador nas operações da SIX durante um período de até 15 meses.
“A prestação de serviços pela Petrobras seguirá suspensa até que se chegue a uma solução de comum acordo, com base nas tratativas que seguirão entre as partes. A Petrobras continuará adotando todas as medidas sob sua responsabilidade para garantir a máxima segurança das pessoas e das instalações nas quais atua em São Mateus do Sul”, afirma a Petrobras em nota.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que foi comunicada da suspensão do contrato por falta de pagamento e descumprimento de regras, por meio de comunicado da estatal enviado aos petroleiros na última segunda-feira (10). A federação chegou a divulgar que a holding canadense teria uma dívida de R$ 140 milhões com a Petrobras.
Posicionamentos diferentes com interesses convergentes
Procurada pela Gazeta, a Paraná Xisto respondeu que a empresa viu a necessidade de notificar a Petrobras durante a relação contratual “em razão de ajustes às divergências encontradas”.
“O impasse negocial instaurado culminou em nova rodada de negociações que estão em curso em paralelo às ações necessárias ao término da Parada de Manutenção de 2023”, declarou a empresa em nota. A Parada de Manutenção ocorre a cada dois anos para realização da manutenção em todas as máquinas e equipamentos.
A Paraná Xisto esclarece que a negociação se trata de “uma conciliação baseada em posicionamentos diferentes, mas com interesses convergentes de resolução” e ainda ressalta a importância local da unidade para economia da cidade paranaense e empregabilidade na região. “Dessa forma, repudiamos que qualquer distorção dos fatos seja usada para ferir e comprometer nossa imagem, dos nossos colaboradores e qualquer resultado positivo que buscamos gerar a partir das nossas atividades”, completou em nota.
Segundo a Petrobras, a SIX possui capacidade de processamento de 5.800 toneladas/dia de xisto, com foco na produção de óleo combustível, nafta, gás combustível, GLP e enxofre.
Categoria aposta em reversão de privatizações
O diretor de base do Sindipetro Paraná/Santa Catarina, João Afonso Felchak, informou que a Parada de Manutenção foi concluída na última sexta-feira (7), mas não existe previsão de retorno até a definição do impasse.
“A unidade está em processo de purga (retirada de oxigênio) após a Parada de Manutenção. Enquanto estiver nesse processo, não tem produção de óleo e depende do conhecimento técnico dos operadores e dos profissionais da Petrobras”, afirmou.
O petroleiro também defendeu que a unidade de xisto permaneça sob a administração da Petrobras, apesar da conclusão do processo de compra e venda realizado no final do ano passado.
“Foi algo que o governo anterior fez e concretizou em novembro de 2022, acelerando o processo. Agora estamos vendo uma possibilidade de desfazer o negócio, mas as duas empresas (Paraná Xisto e a Petrobras) são as responsáveis por desfazer ou dar continuidade ao negócio. Como trabalhador da Petrobras, a gente fica na expectativa, pois a maioria seria transferido para Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas)”, avalia.
A Repar também teve o processo de venda anunciado pela Petrobras em 2022, mas a estratégia de privatizações foi revista após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Exceto as duas que foram vendidas (refinarias) no Norte e Nordeste, as demais permaneceram na Petrobras. Com um novo plano de negócio, planejamento estratégico, buscando a incorporação dos ativos que ainda tem, vai permanecer por muito tempo. Para os próximos quatro anos, a perspectiva é de fazer investimentos para dar conta do mercado interno de combustíveis”, defendeu o diretor sindical.
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