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Ao lado da presidente nacional do PT, Prates promete recuperação de fábrica que passou por privatizações frustradas| Foto: Lucas Pontes/ Agência Petrobras

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, visitou a fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados (Ansa) e a Refinaria Getúlio Vargas na segunda-feira (14), acompanhado pela cúpula do PT paranaense, liderada pela presidente nacional do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann. As instalações ficam na cidade de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, e as duas unidades estavam no plano de privatização na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas os processos foram interrompidos após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Prates anunciou a retomada da produção na fábrica de fertilizantes pela estatal na Ansa, que é uma subsidiária da Petrobras e permanece desativada desde janeiro de 2020, quando foi anunciada a “hibernação” da fábrica de fertilizantes que apresentava histórico de “prejuízos recorrentes” desde 2013, quando foi adquirida pela Petrobras.

“De janeiro a setembro de 2019, a empresa gerou um prejuízo de cerca de R$ 250 milhões e a projeção para 2020 é de prejuízo superior a R$ 400 milhões. No contexto atual de mercado, a matéria-prima utilizada na fábrica (resíduo asfáltico) está mais cara do que seus produtos finais (amônia e ureia)”, informou o comunicado oficial da Petrobras à época.

Além disso, o comunicado sobre a “hibernação” da fábrica de fertilizantes justifica que houve uma tentativa de venda para a companhia russa Acron Group, mas sem a efetivação do negócio, as tratativas foram encerradas em 26 de novembro de 2019.

Em outubro de 2020, foi iniciada uma nova operação de venda das ações totais para privatização da Ansa e retomada da produção da fábrica de fertilizantes, que conforme a Petrobras, estava alinhada “à estratégia de otimização do portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia”, mas em dezembro de 2022, o processo de “desinvestimento do ativo”  foi suspenso novamente.

Agora, o atual presidente da Petrobras afirma que a fábrica de fertilizantes deve voltar a funcionar no primeiro semestre de 2024, após investimentos e adequações para atender às normas regulatórias. “O Brasil é um grande produtor de commodities agropecuárias, porém, dependente de fertilizantes de origem estrangeira. Esse mercado vem enfrentando muitos desafios no mundo todo. A Petrobras tem interesse em investir na reativação da Ansa por conta da sinergia da unidade com a Repar”, declarou Prates.

De acordo com a Petrobras, a Ansa tem capacidade de processar cerca de 1,9 mil toneladas por dia de ureia e 1,3 mil toneladas por dia de amônia, usadas na produção de fertilizantes agrícolas, além de outros setores. A matéria-prima usada na fábrica de fertilizantes é o resíduo asfáltico, que pode ser obtido na Repar, também localizada em Araucária.

Acordo com Cade para privatização da Repar é ignorado na visita

Apesar do Termo de Compromisso de Cessação (TCC) assinado pela Petrobras, em 2019, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) com a previsão de venda de oito refinarias, entre elas, a Repar, Prates confirmou durante a visita que a unidade permanecerá sob a administração da estatal no Paraná. “A Repar não sai da Petrobras, e a Petrobras não sai do Paraná”, prometeu o presidente da companhia aos companheiros petistas, de acordo com a postagem em rede social feita por Gleisi Hoffmann.

No caso das refinarias, a Petrobras tinha o compromisso com o Cade de vender 50% da capacidade de refino, sendo que o processo de desestatização na maioria das unidades da Petrobras sequer foi iniciado, apesar da sinalização ao mercado investidor. O plano da companhia era permanecer apenas com as refinarias no eixo Rio-São Paulo.

Prates defende que a Repar representa 14% das vendas da Petrobras e o polo de Araucária é o segundo maior em faturamento, de acordo com ele, além da refinaria converter quase 80% do seu processamento em diesel e gasolina. Ele ainda prevê aumento em 146% na capacidade de produção de diesel com conteúdo renovável (Diesel R), após autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Sindicato diz que Petrobras pode deixar operações na SIX

Um imbróglio contratual na privatização da Unidade de Industrialização do Xisto, conhecida como SIX, localizada em São Mateus do Sul, no Paraná, foi usado para pressionar a Petrobras para retomar a fábrica, vendida para Paraná Xisto, empresa do grupo canadense Forbes & Manhattan, que adquiriu a unidade em novembro do ano passado, quando a operação foi concluída com o pagamento de US$ 41,6 milhões.

Em julho, divergências sobre os pagamentos para manutenção das operações de suporte da Petrobras teriam motivado a suspensão das atividades por cincos dias. O contrato prevê a permanência da estatal nas operações por 15 meses após a venda, mas uma dívida de R$ 140 milhões da empresa teria levado a estatal a suspender a prestação do serviço, de acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Segundo o Sindipetro Paraná/Santa Catarina, o contrato de transição foi oficialmente assinado com encerramento no dia 31 de agosto, o que significa o encerramento das atividades operacionais da Petrobras nas plantas de produção da Paraná Xisto antes do previsto. A informação não foi confirmada pela estatal.

Procurada pela reportagem, a Paraná Xisto respondeu que o maior serviço prestado pela Petrobras é no âmbito técnico operacional e o "tempo em que ela permanecerá no fornecimento dos serviços será discutido e tratado por ambas as partes, em mesa negocial, antes de qualquer posicionamento público."

"A operação se mantém estável durante a transição com a Petrobras e para o futuro, a Paraná Xisto prevê um posicionamento mais arrojado e moderno no mercado, se comparado ao atual", acrescenta a empresa.

De acordo com o sindicato, os trabalhadores que não permanecerem na SIX em São Mateus do Sul serão transferidos para a Repar, em Araucária. “Nenhum empregado será demitido por conta da venda da SIX. Os empregados da Petrobras poderão optar por transferência para outras áreas da empresa ou aderir ao Programa de Desligamento Voluntário, com pacote de benefícios”, garantiu a Petrobras em resposta à Gazeta do Povo.

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