As projeções baseadas em modelos epidemiológicos apontam que a capital do Paraná chegará ao pico dos casos de contaminação pelo novo coronavírus no final de abril e começo de maio, num período diferente do que é estimado para o restante do estado, que prevê o ápice de doentes no final do próximo mês. Tecnicamente, essa é uma boa notícia, tendo em vista que a sobrecarga no sistema hospitalar acontecerá em momentos diferentes, permitindo o remanejamento de estrutura, caso necessário.
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O secretário estadual de Saúde, Beto Preto, aponta que o pico de casos no Paraná está previsto para o período entre 15 e 20 de maio. Curitiba deve experimentar essa situação algumas semanas antes. É o que conta a secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak. Ela explica que as projeções são feitas com base em uma série de indicadores e variáveis. No caso da capital, revisões diárias são feitas, considerando os modelos de vários institutos, como o Imperial College, e principalmente, a calculadora lançada pelo Ministério da Saúde.
Segundo a secretária, são considerados também aspectos locais, como o histórico de casos de síndrome respiratória aguda grave, com grande incidência em anos anteriores na capital nesta época do ano, e que também ocupam a estrutura hospitalar. “Todo mundo faz projeções, mais otimistas ou pessimistas. Mas ninguém de fato sabe o que vai acontecer. Isso porque depende de uma série de fatores, como o clima, a distribuição urbana e principalmente o comportamento das pessoas”, destaca.
Um dos dados que está sendo monitorado constantemente em Curitiba é a ocupação de leitos de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A cidade não chegou à metade da capacidade, mas os números estão em constante crescimento. Márcia comenta que primeiro os hospitais privados ou filantrópicos começaram a ser procurados, tendo em vista o perfil dos pacientes, que vinham de viagem a outros países e estados. “Mas percebemos a partir do dia 6 um perfil de busca pela rede pública, o que deve se intensificar daqui para frente”, conta.
Outra situação peculiar em Curitiba é a grande quantidade de idosos – são quase 30 mil pessoas acima de 80 anos, que precisam de cuidados especiais por serem do grupo de risco para Covid-19, mas também por estarem mais sujeitas a agravamento em casos comuns de gripe e pneumonia. Também a mudança de clima, com o frio se aproximando, preocupa as autoridades locais.
“A gente trabalha para se preparar para o pior, pensando no melhor”, afirma a secretária, repetindo a frase que vem sendo dita pelo prefeito Rafael Greca. “Nossa projeção é como período mais tenso é o final de abril e começo de maio”, reforça. Sendo assim, as pessoas que vão demandar da estrutura hospitalar daqui a duas ou três semanas são as que estão sendo contaminadas agora. Por isso, ela reforça a necessidade de cuidados, como o distanciamento e a etiqueta respiratória. “A gente sabia lá trás. É como pular de para-quedas. Se puxar a cordinha muito antes, vai cair sabe-se lá onde. Quem demora muito se esborracha no chão”, exemplifica.
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