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Vista de Ponta Grossa
Vista geral de Ponta Grossa.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Enquanto o Paraná apresenta estabilidade há mais de um mês no número de novos casos de Covid-19, além de uma expectativa de declínio a partir do dia 4 de setembro, o município de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, vive sua fase mais crítica desde o início da pandemia. No fim de semana, o Hospital Universitário (HU) local atingiu lotação máxima da ala para infectados pelo novo coronavírus – 30 leitos de UTI e 23 clínicos. No boletim epidemiológico desta segunda-feira (31), a cidade deve registrar o recorde de mortes decorrentes da doença em 24 horas: desde o último boletim, foram cinco óbitos na noite de domingo (30) e mais dois até esta manhã.

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“Somos a bola da vez”, resume o secretário-adjunto de saúde de Ponta Grossa, Rodrigo Manjabosco. “Mas a gente trabalhou para que esse crescimento acontecesse agora”, explica. “Não tínhamos leitos suficientes no início, então atuamos para achatar a curva.” De fato, Ponta Grossa foi a última cidade a registrar morte em razão da Covid-19 entre os municípios paranaenses com mais de 300 mil habitantes.

O trabalho, segundo Manjabosco envolveu o fechamento antecipado de serviços, a adoção da obrigatoriedade de máscaras respiratórias antes da maior parte do país e principalmente a restruturação do fluxo de atendimento à saúde, que deixou os casos de Covid para a unidade de pronto-atendimento (UPA) da cidade. O Hospital Municipal, que concentra 90% dos traumas de trânsito da cidade, ficou destinado a situações diversas a síndromes respiratórias.

“Criamos ainda estratégias de monitoramento de instituições de longa permanência de idosos, testamos a população do sistema carcerário e do público de servidores municipais”, conta o secretário-adjunto. “Tudo isso para que tivéssemos essa curva mais lenta até que o município se estruturasse. Sabíamos que no meio de agosto seria o início do pico.”

Depois de enfrentar lotação máxima dos leitos destinados à Covid-19 por dois dias consecutivos, o HU apresentava 23 dos leitos clínicos (95,8%) e 25 dos de UTI (83,3%) ocupados na manhã desta segunda-feira (31). De acordo com a assessoria de imprensa da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a redução se deu em razão de sete óbitos ocorridos da noite de domingo até por volta de 11h30 desta manhã.

Apesar disso, a situação não é tão preocupante, uma vez que novos casos podem ser encaminhados para diversos município próximos que agora estão com leitos disponíveis, a exemplo de Campo Largo, Laranjeiras do Sul, Guarapuava e Telêmaco Borba.

O último boletim da prefeitura de Ponta Grossa aponta para um total de 51 óbitos por Covid-19 desde o registro da primeira morte, em 9 de junho. O município previa um total entre 45 e 55 mortes até o início de setembro. Ao longo do mês de setembro espera-se uma estabilidade e, até o fim do mês ou início de outubro, um descenso, que deve começar a partir da casa dos 5 mil casos confirmados – a cidade tem hoje 2.959 diagnósticos positivos.

“Um estudo da Universidade Federal de Pelotas em que temos nos baseado diz que para cada paciente que testa positivo, há entre 4 a 7 outros contaminados”, explica Manjabosco. “Com 5 mil, teríamos até 40 mil habitantes infectados, cenário que configura a imunidade de rebanho e faz com que o avanço da doença decaia.”

Apesar de viver o momento mais agudo da doença até agora, o município de Ponta Grossa enfrenta a pandemia em uma situação privilegiada em termos de mortalidade, segundo o secretário. A taxa de letalidade da Covid-19 no município chegou agora em 2% – até quinta-feira passada (27) estava em 1,78%. No Paraná, o índice é de 2,5%. A média brasileira, que já bateu os 6%, está hoje em 3,1%.

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