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A Agência Espacial Brasileira segue estudando a origem do artefato caído na propriedade rural.
A Agência Espacial Brasileira segue estudando a origem do artefato caído na propriedade rural.| Foto: Acervo pessoal / João Ricardo Portes

No último mês de março, um pedaço do que pode ser um foguete espacial caiu em uma propriedade rural em São Mateus do Sul, a cerca de 150 quilômetros de Curitiba. Mais de dois meses se passaram, e até agora o artefato segue intocado no sítio de João Ricardo Portes, dono da propriedade rural. A Agência Espacial Brasileira está investigando o caso – os trabalhos devem ser concluídos em meados de junho, e é possível que o metal retorcido seja mesmo de um foguete da empresa de Elon Musk.

Procurado pela reportagem, o dono do sítio não quis gravar entrevista. Portes confirmou que o local onde a peça caiu, aproximadamente 100 metros distante da casa onde mora o proprietário, continua isolado, com o artefato coberto por uma lona. Segundo ele, os representantes da Agência Espacial Brasileira não retornaram ao local depois da visita feita no dia 18 de março.

Com a confirmação, começa uma série de trâmites entre o governo brasileiro e o país de origem do artefato – no caso de ser um equipamento da SpaceX, o governo norte-americano entra em cena. Após esta etapa, cabe ao governo do país de origem da empresa acioná-la para que, só então, seja iniciado o processo de retirada. Todos os custos com o transporte e com eventuais prejuízos causados pela queda são de responsabilidade da empresa proprietária do artefato.

Indícios apontam possível origem do artefato

Ainda não há uma definição oficial por parte da agência sobre a origem do material, mas a hipótese mais provável é que se trate realmente de uma peça localizada na parte final do segundo estágio do foguete Falcon 9, da empresa norte-americana SpaceX. Uma análise feita pela Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon, na sigla em inglês) aponta semelhanças entre a peça que caiu no sítio de João Portes, em São Mateus do Sul, com a chamada “tubeira” do Falcon 9.

A tubeira é a parte final do motor dos foguetes, e é feita – no caso dos modelos utilizados pela SpaceX – de uma liga metálica de nióbio e titânio. Os materiais são resistentes a altas temperaturas, tanto as verificadas durante o voo regular dos foguetes quanto às possivelmente causadas pela reentrada na atmosfera. Isso explicaria o fato de o metal não ter se desintegrado durante a queda.

Relembre o caso

No momento da queda, o proprietário rural explicou que estava dormindo, e que por isso não viu as bolas de fogo no céu que foram flagradas naquela madrugada de 8 de março. “Era umas dez para as cinco da manhã e eu ouvi um zunido passando por cima da casa e um estrondo, parecia que estava desmontando tudo no sítio. Na hora eu e minha esposa saímos para olhar, porque aquilo não era um barulho de trovão. Olhamos para um lado, nada. Olhamos para o outro, nada também”, lembrou.

Chovia muito na região, e só depois de uma semana o proprietário encontrou o artefato caído em seu sítio. Ao ver o objeto, que tem aproximadamente 6 metros de comprimento por 4 metros de diâmetro, Portes se deu conta da sorte de não ter sido atingido pela peça. “A nossa maior sorte foi que esse pedaço de foguete caiu reto. Se tivesse caído meio que na diagonal tinha destruído a nossa casa com a gente tudo dentro. Nunca na minha vida, imaginei que um dia eu iria viver para ver cair um pedaço de foguete lá do espaço no meu quintal, Deus me livre”, contou.

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