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cilindro de oxigênio
Cilindro de oxigênio hospitalar.| Foto: HENRY MILLÉO / Gazeta do Povo / Arquivo

Mais de 15 dias após o apelo do secretário de Saúde do Paraná Beto Preto para que empresas cedessem cilindros de oxigênio para o atendimento de pacientes com Covid-19, 16 unidades foram doadas ou emprestadas pela iniciativa privada. Outros 255 cilindros foram cedidos por outros órgãos públicos, totalizando 271.

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Segundo cálculo do próprio governo, são necessários mil cilindros para enfrentar o momento crítico da pandemia no estado. A doação pode ser feita através da Defesa Civil, que vai buscar os cilindros, pelo telefone (41) 3281-2532. O atendimento é 24h.

Desde o mês passado, os hospitais paranaenses enfrentam problemas no fornecimento não pela falta de oxigênio e sim de cilindros para envasar o gás. De 215 cidades que responderam recentemente questionamento da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), 34 estão com estoque em alerta máximo e já estão recebendo reforço desses cilindros cedidos.

Dos 271 equipamentos entregues à Sesa até agora, 200 foram enviados pelo governo do Amazonas, os mesmos usados emergencialmente no colapso dos hospitais de Manaus em janeiro. Os outros foram doados por órgãos do próprio governo do estado: 49 do Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná (DER) e seis dos escritórios de Toledo e Londrina do Instituto Água e Terra (IAT), além dos 16 da iniciativa privada.

Os vasilhames são usados principalmente em pequenas cidades, cujos hospitais não possuem tubulação própria de gases medicinais. Com o avanço da pandemia, os cilindros também atendem pacientes de unidades de saúde que precisaram adaptar a estrutura para internar pacientes respiratórios.

É o caso das cidades de Bandeirantes e Ibaiti, no Norte Pioneiro, que receberam 20 cilindros cada uma. Já na região metropolitana de Curitiba, a cidade de Colombo também recebeu reforço de 20 cilindros para os pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro Maracanã.

Segundo a Sesa, os cilindros extras reforçam o atendimento e servem como reserva para quando é necessário fazer o reabastecimento de oxigênio. Esse, aliás, é o grande problema da crise do oxigênio: onde não há cilindros reservas, os pacientes acabam ficando sem oxigênio enquanto o vasilhame é reabastecido.

"Como o consumo de oxigênio nesses locais era pequeno antes da pandemia, os contratos dos municípios com as fornecedoras prevê o esvaziamento de alguns cilindros, que então eram levados para a recarga todos juntos e depois voltavam. Agora, com todos os cilindros sendo usados, falta uma reserva para o momento de reenvase”, explica o diretor de articulação regional da Sesa, Edmundo Verona.

Incentivo às doações

Para tentar facilitar a cessão de cilindros por parte de empresas e mesmo pessoas físicas, a Defesa Civil a busca os equipamentos e faz o controle da destinação dos insumos para que depois sejam devolvidos aos proprietários. A Defesa Civil também está intermediando parceria com o Grupo Boticário e a principal fornecedora de oxigênio do Brasil, a White Martins, para bancar a manutenção de cilindros industriais que apresentem defeitos ou que precisem de adaptações para uso medicinal.

"A gente até estimula mais a doação do que o empréstimo. Mas se for empréstimo também é bem-vindo. Faremos o controle e armazenamento e a Defesa Civil devolverá com a manutenção feita. Nem que seja uma, duas unidades, a gente vai buscar”, explica Verona.

A doação ou cessão de cilindros também agiliza o processo na ponta, diretamente no atendimento dos pacientes com coronavírus, por driblar a burocracia da licitação de compra de equipamentos. Ainda mais agora, que o preços de medicamentos, insumos e equipamentos do tratamento da Covid-19 explodiram justamente pela alta demanda que a indústria não consegue atender.

“A gente tem contado muito com parcerias do setor privado na compra de monitores e respiradores para a abertura de leitos de UTI, por exemplo. Mas com os cilindros não tem sido assim. Até iniciamos uma pesquisa para licitar novos cilindros, mas o processo é tão longo e os preços estão tão altos que fica inviável atender a demanda a tempo”, reforça o diretor de articulação regional da Secretaria de Saúde.

Antes mesmo do apelo do secretário Beto Preto, bons exemplos já surgiam entre o empresariado e a população paranaense. Em meados de março, cervejarias da região Sudoeste emprestaram três cilindros e conseguiram intermediar a doação de outros 17 para evitar o colapso do hospital da cidade de Clevelândia.

O governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) pleiteia em Brasília a reedição da legislação que permite simplificar o processo de contratação de recursos hospitalares, que estava vigente por conta da pandemia em 2020, mas perdeu eficácia em dezembro.

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