• Carregando...
Paraná já teve vários profissionais da saúde infectados pelo coronavírus.
Paraná já teve vários profissionais da saúde infectados pelo coronavírus.| Foto: Jose Fernando Ogura/AEN

Pelotão de frente no enfrentamento ao coronavírus, os profissionais de saúde sentem os reflexos de lidar diretamente com a Covid-19. No Paraná, 3.517 trabalhadores do setor já foram infectados com a doença e 22 foram a óbito. Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), divulgados nesta sexta-feira (17). Os números referem-se tanto à rede pública quanto privada.

RECEBA notícias do Paraná pelo WhatsApp

Segundo levantamento da Confederação Nacional de Saúde (CNS), o Paraná contabiliza 128.208 profissionais de saúde, enquanto somente na capital, são 49.474. Portanto, 2,74% dos trabalhadores paranaenses da área foram contaminados.

Flaviano Ventorim, presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Sindipar), explica que os esforços para minimizar a situação vêm sendo a orientação sobre como agir dentro e fora do ambiente de trabalho. "É uma doença totalmente diferente e o contágio pode acontecer em qualquer lugar, inclusive em casa ou durante o trajeto para o trabalho. Temos que tomar todos os cuidados, porque além de estarmos perdendo colegas queridos, estão morrendo profissionais qualificados que estavam sendo fundamentais no combate à Covid-19", disse.

O presidente garantiu que estão sendo entregues Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) adequados aos trabalhadores.

Infectados

Entre os infectados no Paraná, a Sesa detalha que a maior taxa de contaminação está entre os profissionais de enfermagem, com 1.774 casos. O grupo "outros profissionais" aparece na segunda colocação, com 935 testes positivos. Os médicos ocupam o terceiro lugar, com 477 diagnósticos de Covid-19.

Reprodução Sesa
Reprodução Sesa

Estão incluídos em "outros", trabalhadores diversos ligados ao sistema de saúde, como biomédico, assistente social, administrador, auxiliar de serviços gerais, agente comunitário de saúde, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista, agente de endemias, auxiliar administrativo, copeiras, cozinheiras, funcionário de lavanderia, motorista, técnico de informática e radiologia, educador físico, educador social fonoaudiólogo, vigia, psicólogo, recepcionista, veterinário, telefonista, zelador, técnico de banco de sangue, lactarista.

Insegurança

O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Estado do Paraná - SindSaúde-PR, foi procurado para comentar a situação, mas não atendeu a reportagem. Nesta sexta-feira, a instituição publicou uma nota no site lamentando o falecimento de mais uma profissional do setor.

"No dia 14, faleceu uma técnica de enfermagem Thalita Monique de Oliveira, que era PSS da Funeas e trabalhava no Hospital Regional do Litoral (HRL). Ela tinha apenas 35 anos. Sua morte, causada pela Covid-19, é reflexo do descaso de governantes que estão se mostrando incapazes de enfrentar a pandemia do novo Coronavírus", diz trecho da nota.

O texto segue pedindo mais atenção ao setor.

"No dia 8 de julho entrou em vigor a Lei 14.023/2020 que garante prioridade para testes de Covid-19 a profissionais essenciais ao controle de doenças – como profissionais da Saúde – (...) Mas a morte de Thalita mostra que os esforços não estão sendo suficientes, e as decisões de nossos governantes refletem o que acontece com a nossa categoria. Segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) já foram registrados quase 24 mil casos e perto de 250 óbitos de profissionais de Enfermagem".

Ventorim diz que em contato com os trabalhadores da saúde sente reações diversas em relação ao enfrentamento da Covid-19. "Cada hospital criou uma rotina de enfrentamento e cuidado. Percebemos alguns profissionais com emocional abalado, com medo e que até pediram afastamento, mas também encontramos diversos outros com o discurso de “vamos lá”, confiantes e enfrentando o que está por vir", contou.

Em relação à faixa etária das mortes dos trabalhadores da área por Covid-19, cinco vítimas tinham entre 60 a 69 anos e outras cinco entre 80 a 90. Apesar de os idosos serem a maioria entre as vítimas fatais, estão em segundo lugar no número de óbitos a faixa de 30 a 39 anos, e, também, 50 a 59, com quatro mortes cada grupo.

Óbitos de profissionais de saúde no Paraná

Faixa EtáriaNúmeroPorcentagem
30 a 39 anos418,2%
40 a 49 anos29,1%
50 a 59 anos418,2%
60 a 69 anos522,7%
70 a 79 anos29,1%
80 a 90 anos522,7%
Total geral22100%

A Sesa também apurou a faixa etária de acordo com cada área de atuação. Foram três Técnicos de Enfermagem falecidos por causa do coronavírus que tinham de 30 a 39 anos e outros três de 50 a 59.

Tsunami

O presidente do Sindipar faz um apelo à população em geral para que, com o apoio de todos, menos trabalhadores sejam infectados. "Quanto mais lotados os hospitais, mais o risco de contaminação dos profissionais. É fácil fazer ter controle de todos os cuidados hospitalares quando temos uma rotina normal, mas quanto mais sobrecarregado o sistema, mais aumenta o risco. A gente clama para que se faça o distanciamento social e se cuide, pois do contrário teremos um Tsunami devastador na saúde", finalizou Ventorim.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]