Os resultados da primeira edição da Prova Paraná, aplicada pelo governo estadual para avaliar o aprendizado dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática, apontam para problemas maiores de aprendizado no Ensino Médio (EM). Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira (17) pela Secretaria de Educação (Seed). Participaram dessa primeira edição turmas de 5º, 6º e 9º anos do Ensino Fundamental, além de 1ª e 3ª séries do Ensino Médio.
De acordo com os dados (veja em detalhes no gráfico), Matemática é a disciplina em que os alunos mais apresentam problemas. No geral, a 1ª e a 3ª séries do EM tiveram os piores resultados: a média de acerto dos alunos foi de 28,55% e 29,62%, respectivamente.
No Ensino Fundamental (EF) os alunos também apresentaram dificuldades. O pior resultado nesta etapa foi no 9º ano, em que houve média de acerto de 39,7% nas questões de Matemática.
Habilidades em falta
Entre as competências de Matemática em que os alunos do EM tiveram pior desempenho estão reconhecer a representação algébrica de uma função do 1º grau dado o seu gráfico ou vice-versa (média de apenas 5,98% de acerto entre os alunos da 3ª série do EM) e resolver problemas com porcentagem (10,7% de acerto entre os estudantes da 1ª série do EM).
Os estudantes da 1ª série também têm dificuldades em resolver problemas envolvendo áreas de figuras planas (12,99% de acerto); e reconhecer ou identificar diferentes representações de um número racional (11,67%).
Já na 3ª série as competências com pior desempenho também são resolver problemas envolvendo noções de análise combinatória (16,38% de acerto) e que envolvam porcentagem (15,78%).
Língua Portuguesa
No que diz respeito à Língua Portuguesa, os resultados ficam mais próximos entre o Ensino Médio e o Ensino Fundamental. Todas as séries tiveram média de mais de 60% de acertos. O melhor desempenho foi dos alunos do 6º ano do EF, que apresentaram média de 71,46% nas questões da disciplina.
No EM, a média foi menor, de 61% para as duas séries avaliadas. Nesse caso, as piores competências são reconhecer posicionamentos em um ou mais textos que tratam do mesmo tema (23,35% de acerto na 1ª série do EM) e identificar a tese de um texto (média de 33,07% na 3ª série do EM).
Também tiveram desempenho ruim as competências identificar o tema de um texto (41,07%) e identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto (30,61%), para a 1ª série do EM. Na 3ª série, as dificuldades incluem realizar inferência do sentido de uma palavra ou de uma expressão (39,43% de acerto) e reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão (33,7%).
No total, 434.886 alunos da rede estadual e 98.926 das redes municipais participaram das provas.
Avaliação nacional indicou dificuldades semelhantes
Os resultados da Prova Paraná mostram a mesma tendência da última divulgação do Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb), aplicado pelo Ministério da Educação (MEC). Os resultados, referentes a 2017, apontam que, mesmo que o Paraná esteja melhor em relação a outros estados, ainda é preciso avançar.
Na comparação entre os ensinos fundamental e médio, além disso, o último aparece com os piores resultados na avaliação do MEC, assim como na Prova Paraná.
A Prova Paraná
Desenvolvida pela Secretaria de Educação em parceria com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação, da Universidade Federal de Juiz de Fora, e a empresa Mira Educação, a Prova Paraná tem aplicação bimestral entre os alunos da rede estadual.
No lançamento da avaliação o secretário de Educação, Renato Feder, disse à Gazeta do Povo que a função da prova é diagnóstica. "O objetivo é ajudar o professor a acompanhar o aprendizado dos alunos individualmente", explicou.
A prova é aplicada com 20 questões objetivas de Matemática e 20 de Língua Portuguesa. As avaliações da primeira edição estão disponíveis no site da prova, assim como os resultados por escola e por aluno (nesse caso, só para docentes e diretores).
A próxima edição, que incluirá também alunos do 2º, 7º e 8º anos do EF, e da 2ª série do EM, será aplicada no dia 11 de junho.
“Resultado já esperado”, avalia pasta da Educação
Em entrevista nesta quarta-feira (17) à Gazeta do Povo, o secretário de Educação, Renato Feder, disse que ficou satisfeito com a aplicação do exame, “em termos de adesão”, mas reconhece que o número de acertos é “ruim”. “Fiquei feliz, foi excelente em termos de adesão, comprometimento. Jogou uma energia positiva na rede. Mas o resultado foi ruim, principalmente em matemática”, avalia ele.
O resultado ruim, contudo, já era esperado, em função do resultado do Ideb, aplicado pelo MEC no ano passado. “Está coerente com o que a gente viu na prova do Ideb. Não tem como num período tão curto ter uma melhora significativa. Especialmente no Ensino Médio a gente sabia que o resultado não seria maravilhoso. O que a gente busca é uma evolução”, ponderou ele.
Mas, a Prova Paraná, explica ele, é uma avaliação interna, que serve de ferramenta dentro das próprias escolas, ajudando o professor a identificar “o que os estudantes estão aprendendo e o que não estão aprendendo”. No momento de captar se houve ou não melhoria no aprendizado, a prova do Ideb continuará sendo uma referência.
“A Prova Paraná não tem um rigor de uma avaliação externa. É uma ferramenta para escola. Mas a gente tem uma meta para o Ideb, que vai acontecer em outubro, novembro. Cada escola tem uma meta. Cada diretor nosso se comprometeu e fez uma nota para sua escola atingir”, antecipou ele.
Superintendente da pasta da Educação, Raph Gomes Alves reforça que o principal objetivo da Prova Paraná é “identificar onde estão as dificuldades”. Um dos exemplos concretos que ele dá diz respeito a uma “questão simples com uso de porcentagem”, sobre o aumento do preço de um sanduíche, de R$ 3,00 para R$ 3,45. A questão foi acertada por apenas 10,7% dos estudantes da primeira série do Ensino Médio.
“É baixíssimo. Quer dizer que praticamente 90% dos estudantes que já terminaram o Ensino Fundamental apresentaram dificuldade para resolver a questão. E é uma habilidade super essencial, para ele ser um cidadão de direito, para que saia da escola, consiga tomar as melhores decisões, se vai tomar um empréstimo”, avalia o superintendente, em entrevista à Gazeta do Povo.
Para Raph Gomes Alves, a partir de agora, os professores passam a saber onde exatamente devem “focar”. “As escolas estão discutindo o resultado com a comunidade escolar e elaborando um plano de ação para superar as dificuldades”, antecipou ele.
Outros dois exames da Prova Paraná devem ser aplicados até o final do ano. A ideia é aumentar o número de alunos avaliados. Cogita-se, também, a possibilidade de incluir outras áreas na avaliação, além de Português e Matemática – Ciências Humanas e Ciências da Natureza, por exemplo.
-
Órgão do TSE criado para monitorar redes sociais deu suporte a decisões para derrubar perfis
-
Relatório americano divulga censura e escancara caso do Brasil ao mundo
-
Mais de 400 atingidos: entenda a dimensão do relatório com as decisões sigilosas de Moraes
-
Lula afaga o MST e agro reage no Congresso; ouça o podcast
Reintegrado após afastamento, juiz da Lava Jato é alvo de nova denúncia no CNJ
Decisão de Moraes derrubou contas de deputado por banner de palestra com ministros do STF
Petrobras retoma fábrica de fertilizantes no Paraná
Alep aprova acordos para membros do MP que cometerem infrações de “menor gravidade”
Deixe sua opinião