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Recorde nos portos: por que o Paraná nunca importou e exportou tanto?
| Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

Os portos do Paraná nunca importaram e exportaram tanto. Em 2021, foram 57.520.122 toneladas de cargas movimentadas nos portos de Paranaguá e de Antonina, um recorde histórico. Nas previsões do governo federal, Paranaguá, por exemplo, atingiria 60 milhões de toneladas em 2030 e, de acordo com a presidência dos portos do estado, esse número só não foi atingido em 2021 por causa da falta de produto.

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Para o diretor-presidente dos Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, o recorde na movimentação aconteceu por alguns motivos principais. O preço dos produtos no mercado nacional está alto desde 2020, desestimulando as vendas domésticas. Isso se alia ao câmbio favorável para vendas para fora do Brasil e ao preço competitivo dos portos paranaenses.

“Quem exporta ou importa pode fazer esse movimento por Santa Catarina ou Santos. Quando escolhem o Paraná, é uma opção logística. Há uma vantagem na qualidade do tratamento dos produtos e o custo cada vez mais competitivo”, explica Garcia.

Mais de 62% da movimentação no ano passado foi de granéis sólidos, os produtos que chegam de caminhão ou trem sem embalagem e vão direto para o navio. Esse tipo de produto responde por quase metade do que sai do Porto de Paranaguá, o principal do estado.

A importação de fertilizantes para a agricultura também é significativa na movimentação em Paranaguá, sendo cerca de 20% do que passa pelo porto. De 2020 para 2021, houve aumento de 18% na importação desse tipo de produto, além de malte, cevada, trigo e sal. Entre os líquidos, chama a atenção o aumento de 50% na exportação e de 57% na importação de óleo vegetal.

A movimentação em contêineres também bateu recorde, com aumento de 12% no ano passado. “Poucos portos do mundo fazem esse movimento”, conta o diretor-presidente dos portos. Dentro das estatísticas do que entra e sai do porto em contêineres, estão os refrigerados. Mais de 40% da exportação brasileira de frango é do Paraná. Também é destaque em Paranaguá o transporte de celulose, que vem de Ortigueira. São diferentes setores do mercado que escolhem os portos do Paraná.

Conversa com setor produtivo melhorou eficiência dos portos

Para ouvir sobre os interesses da indústria, existem reuniões mensais entre responsáveis pela Portos do Paraná e pela Federação das Indústrias dos Estados do Paraná (Fiep).

O gerente de Assuntos Estratégicos da Fiep, João Arthur Mohr, acredita que essa comunicação tem sido importante para que os portos sigam batendo recordes. “Nos últimos 10 anos, temos ótimas gestões, que são técnicas e especializadas no porto e mantêm um diálogo com o setor produtivo. A gente consegue, assim, transmitir quais são os pontos de melhoria e fazer trabalhos em conjunto”.

Para que o Porto de Paranaguá continue atraente para a indústria, algumas questões são importantes. Uma delas é o acesso ao porto e a chegada do navio. Em setembro do ano passado, a Portos do Paraná começou a fazer a derrocagem da Pedra de Palangana, para acertar a altura necessária de flutuação dos navios.

Ouvindo as necessidades da indústria, os portos também começaram a instalar guindastes mais eficientes, que fazem descarregamento mais rápido das cargas. Assim, o custo de frete fica menor, porque os navios ficam menos tempo parados.

Projetos em estudo podem fazer Porto de Paranaguá ter crescimento acelerado

Novos armazéns e berços de atracação vão ser construídos nos portos de Paranaguá e Antonina, para aumentar a capacidade de receber e retirar produtos na beira do cais.

Outros projetos podem facilitar o fluxo nos portos, nas cidades e nas estradas. A empresa que vencer a licitação para a manutenção da BR-277, parte das concessões de pedágio do Anel da Integração, vai precisar fazer uma terceira faixa no caminho para as praias, além de reformar o trecho que vai da entrada de Paranaguá até o porto. A avenida Ayrton Senna, já na cidade portuária, vai entrar na manutenção da futura concessionária e isso pode reduzir o congestionamento. Hoje, cerca de 5 mil caminhões transportam cargas dos portos todos os dias.

Para desafogar as rodovias, só com melhores ferrovias. Novos trechos ferroviários têm projeto de construção na Serra do Mar e na Serra da Esperança. Isso pode aumentar a velocidade média dos trens e, assim, uma viagem que duraria cerca de cinco dias de Cascavel até Paranaguá, vai levar apenas um dia e com frete 30% mais barato.

O principal destes projetos, a Nova Ferroeste, está em fase estudos. Caso viabilizada, vai ter ligação com o Mato Grosso do Sul. “O que 200 caminhões transportam pode ser levado em apenas um trem”, explica Mohr.

A Malha Sul, que liga o Litoral até Maringá, também tem a expectativa de ser reformada, para ter uma maior produtividade.

Com essa maior quantidade de trens chegando ao porto através das ferrovias, outra obra está prevista para 2022: um ponto único de descarregamento que vai distribuir esses produtos que chegam de trem diretamente nos armazéns.

Hoje, 80% das cargas dos portos chegam através de rodovias e, com essas melhorias, a expectativa é de que eles possam receber pelo menos metade dos produtos pela via ferroviária. De acordo com Mohr, “isso vai permitir que o Porto de Paranaguá cresça mais ainda, chegando a 80 milhões de toneladas de carga por ano”.

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