Se o governo do Paraná decidir negociar a Ferroeste – seja a privatização, seja a concessão da operação – a Rumo será a primeira a se candidatar para adquirir o negócio. Aliás, segundo Daniel Rockenbach, vice-presidente da Operação Sul, a proposta já foi apresentada ao governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) em reuniões – ainda sem resposta. Em nota, a gestão estadual apenas confirmou que a Rumo manifestou interesse e que ainda não existe negociação.
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Para a empresa, as vantagens competitivas seriam enormes. Primeiro, por causa da estrutura logística já instalada. Ou seja, seria possível otimizar os custos de gestão. Além disso, qualquer outra empresa teria de pagar para a Rumo o direito de passagem, uma vez que o trecho da Ferroeste é isolado, dependente de outras linhas férreas para fazer transporte de longa distância (típico do setor ferroviário).
Para o consultor de Infraestrutura e Logística da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, a operação pela iniciativa privada é desejada, já que o poder público tem dificuldades, como a necessidade de fazer licitações para compras e de realizar concursos para a contratação de pessoal. Nesse sentido, empresas privadas costumam ser mais ágeis e eficientes, com custos menores. Ele ainda comenta que até seria uma boa ideia a concentração das operações do Paraná na mão de uma única empresa, o que seria capaz de diminuir a despesa proporcional com gestão. Mas o consultor reforça que a condição para funcionar bem, a preços competitivos, seria manter o direito de passagem. Caso contrário, viraria um monopólio.
Há potencial para expandir a quantidade de circulação de produtos por trens, partindo do Oeste do Paraná. Atualmente, apenas 5% da safra de grãos da região circula por vias férreas. A área tem demandas além do graneleiro, como carnes e mercadorias industrializadas. Hoje a Ferroeste tem capacidade operacional para transportar 5 milhões de toneladas, mas mas não chegou 1 milhão em 2018.
A Rumo também tem interesse em fazer outros investimentos em infraestrutura no Paraná, como construir um ramal entre Maringá e Diamante de do Norte, na divisa com o Mato Grosso do Sul, a depender de negociação com o governo federal.
Parceria ganha-ganha: empresa alugou locomotivas para estatal e ambas lucraram com a negociação
Foram muitos anos de relações azedas, que culminaram com uma disputa judicial. A verdade é que Ferroeste e Rumo nunca tiveram uma convivência harmônica, embora não fossem exatamente concorrentes e estivessem numa rota de continuidade. Para buscar cargas no Oeste, a Rumo precisava passar pelos trilhos da empresa estatal. Da mesma forma, para transportar os vagões até o porto de Paranaguá, a Ferroeste depende da linha férrea administrada pela iniciativa privada. O nome disse é direito de passagem e está previsto em contrato.
Depois de muitos anos de divergências, uma decisão judicial recente deixou claro que a Rumo não pode complicar a operação da Ferroeste. Segundo André Luiz Gonçalves, diretor-presidente da estatal, foi um desafio encontrar equilíbrio entre empresa pública e privada. Mas era uma questão de estabelecer uma boa relação. “Os dois lados não estavam preparados para trabalhar juntos”, reconhece o vice-presidente da operação sul da Rumo, Daniel Rockenbach.
Vencido o debate jurídico, as duas empresas passaram a se ajudar. E os resultados já começaram a aparecer. Foi firmado um Contrato de Operações Específicas (COE). Além do direito de passagem e da agilidade na troca de equipamentos, a Rumo alugou maquinário para a Ferroeste. Locomotivas com mais poder de tração agora estão sendo usadas pela estatal, que sofre com ativos velhos e em quantidade insuficiente. Com isso, o volume de cargas transportadas pelas duas empresas aumentou consideravelmente em 2019. No caso da Ferroeste, está 42% maior.
Rumo tem apetite para investimento bilionário
Quando se trata do setor ferroviário, as quantidades são sempre acompanhadas de muitos zeros. A começar pela movimentação de cargas, na casa dos milhões de toneladas. Mas a Rumo está disposta a levar os números do setor a um outro patamar. O vice-presidente da Operação Sul, Daniel Rockenbach, afirma que a empresa investiu R$ 2 bilhões nos últimos dois anos e garante ter apetite para mais R$ 6 bilhões em cinco anos.
O montante vai depender de uma série de negociações. A Rumo trabalha para renovar antecipadamente as quatro concessões que tem no Brasil. Os contratos vencem entre 2026 e 2028 e a empresa pretende convencer o governo federal que vale a pena prolongar o acordo por mais 30 anos, mediante o compromisso de realizar investimentos consistentes. A conversa está mais avançada com relação à malha paulista e só depois deve entrar em jogo a negociação sobre a porção sul.
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