Natural de Mandaguaçu, no Norte do Paraná, o delegado Maurício Leite Valeixo deve deixar a direção da Polícia Federal (PF) pouco mais de oito meses após chegar ao cargo. Levado à função pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, com quem trabalhava na Operação Lava Jato, ele entrou na linha de tiro do presidente Jair Bolsonaro (PSL) depois de um desentendimento causado quando Bolsonaro afirmou que nomearia um superintendente novo no Rio de Janeiro por questão de produtividade.
RECEBA notícias do Paraná pelo messenger do Facebook
A reação quase imediata da corporação, afirmando que a troca não ocorria por aquele motivo e que não aceitaria interferência, irritou o presidente, que ameaçou no fim de agosto trocar então o diretor-geral. Na última quarta-feira, em entrevista à Folha de S. Paulo, o presidente voltou a defender a alteração no alto escalão da instituição para “dar uma arejada”. O atrito chegou a gerar mal-estar entre o chefe do Executivo e o ministro.
Valeixo, que deve tirar férias a partir de segunda-feira (9), está há 23 anos na Polícia Federal. Formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), ganhou notoriedade pela atuação como superintendente da PF no Paraná em meio à Operação Lava Jato, e também por sua participação no caso da “quase soltura” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em julho do ano passado. Ele manteve Lula na carceragem, em Curitiba, mesmo com ordem de soltura emitido por um desembargador de plantão no Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF-4), informou Moro da situação, e esperou pelo cancelamento da decisão.
A ligação com Moro, aliás, não é exatamente nova. Antes da Lava Jato, ambos já haviam estado em situação semelhante durante a investigação do Caso Banestado, em 2003. Valeixo era chefe da força-tarefa; Moro, o juiz. Ambos em início de carreira.
Ouça o Pequeno Expediente #86
Antes de entrar para a PF, por meio de concurso, em 1996, Valeixo foi delegado da Polícia Civil do Paraná, tendo integrado o Tigre, grupo de elite da corporação especializado em solução de sequestros. Foi coordenador de ensino na Academia Nacional da Polícia Federal, em Brasília, até voltar para o Paraná para assumir pela primeira vez a chefia da instituição do estado. Ficou no cargo entre 2009 e 2011.
Ainda em 2011, saiu para ser diretor geral de Pessoal, onde permaneceu pouco tempo, já que em 2012 passou a diretor de Inteligência Policial. Entre 2013 e 2015, foi adido policial em Washington, nos Estados Unidos. Acabou indicado para a Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor), considerado terceiro principal posto em hierarquia na PF, em setembro de 2015. Coordenou diversas operações enquanto esteve no cargo – Zelotes, Acrônimo (ambas em fases da Lava Jato), Catilinárias, Sépsis, entre outras.
Então, em dezembro de 2017, retornou ao comando da Polícia Federal do Paraná, que à essa altura já estava no centro dos holofotes da Lava Jato. Esteve, por exemplo, à frente da prisão e transporte de Lula de São Paulo para Curitiba, em abril de 2018. Além, é claro, do já citado caso da quase saída do ex-presidente da prisão.
-
Como a presidência de Nikolas Ferreira na Comissão de Educação deve impactar o tema em 2024
-
Lula boicota Jovem Pan usando regra de Alexandre de Moraes; acompanhe o Sem Rodeios
-
Chanceler brasileiro diz que relações com Israel vão sobreviver após fala de Lula sobre nazismo
-
Busca por fugitivos de Mossoró completa um mês e coloca em xeque confiança nos presídios federais
Encontro para filiação de Beto Richa no PL teve telefonema de Aécio e vídeo gravado com Valdemar
Produção de ração animal nos estados do Sul é ameaçada por mobilização de auditores fiscais
Lavagem de dinheiro de prefeitura foi esquema-piloto de Youssef para operar Banestado e Petrolão
Beto Richa deve trocar o PSDB pelo PL para ser candidato de Bolsonaro em Curitiba
Deixe sua opinião