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Estação de Tratamento de Esgoto Belém
Estação de Tratamento de Esgoto Belém| Foto: crédito André Thiago/Sanepar

A Sanepar divulgou novos investimentos de R$ 376,4 milhões em obras de saneamento e abastecimento de água em 12 cidades do Paraná. Apesar do entusiasmo das autoridades, no entanto, a "universalização" que é meta no estado não deve atingir zonas rurais mais afastadas.

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"Hoje, o Paraná tem 84% de esgotamento sanitário", afirmou o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), no evento de divulgação dos investimentos. “Vamos levar para todas as casas e todos os bairros”, finalizou.

Em resposta à Gazeta do Povo, a Sanepar afirmou que busca a cobertura total do Paraná "como meta antes mesmo do novo marco de saneamento". Também informou que "nos municípios atendidos pela Companhia, 77,45% da população tem acesso à rede coletora", destacando a vantagem sobre a média nacional de 49%, segundo o Trata Brasil.

O presidente da Sanepar, Claudio Stabile, conta que "todas as grandes cidades do Paraná já têm um índice de atendimento superior a 95%". Agora, a meta é "ampliar a participação nos municípios menores”.

Para onde vai o investimento

Atualmente, 100% da população urbana do Paraná é atendida com água tratada, mas a cobertura da coleta e tratamento de esgoto é menor. Por isso, a maior parte dos investimentos será direcionada para o saneamento: R$ 263,3 milhões.

Entre os projetos que envolvem o esgotamento sanitário, está a ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto Iapó, em Castro, nos Campos Gerais. Em Palmas, no Sudoeste, será construída a nova Estação de Tratamento de Esgoto Caldeiras, que vai substituir a estação existente e terá capacidade de tratar 100 litros de resíduos por segundo.

Também na região Sudoeste, a Sanepar vai resolver um problema histórico na coleta e tratamento de esgoto dos bairros São João e Alto da Glória, em Pato Branco.

Para Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, a Sanepar prevê a melhoria na eficiência do processo de tratamento. Assim, a reforma vai ampliar a ETE Boi Pintado e implantação de um coleto de 98 metros. Igualmente, a ETE Rio do Campo, em Campo Mourão, no Centro-Oeste, terá aumento da capacidade do tratamento de esgoto de 100 litros para 180 litros por segundo.

O recurso vai permitir, ainda, a ampliação do índice de saneamento de Centenário do Sul, na região Norte. Dessa forma, passará de 25% para 65% da população atendida com coleta e tratamento de esgoto. Em Cornélio Procópio, está em execução a ampliação das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) Veado e São Luiz.

Como a Sanepar prioriza o saneamento

Para 2022, os investimentos totais previstos pela Companhia são de R$ 1,7 bilhão. Desse montante, mais da metade (R$ 981 milhões) será aplicada exclusivamente em esgotamento sanitário.

De acordo com a Sanepar, 21 municípios do Paraná já alcançaram a meta de 90% de cobertura sanitária determinada pelo novo marco do saneamento para 2033. São cidades como Pinhais, Porecatu, Rio Azul, Conselheiro Mairinck e os maiores centros urbanos, como Londrina, Ponta Grossa, Maringá e Curitiba.

Como destaque está Cascavel, que, através de novas obras, vai se tornar a primeira cidade paranaense a ter 100% da população atendida. "Outros projetos e obras da Sanepar preveem a intensificação nos municípios menores para que também alcancem a universalização até a data prevista", aponta a Companhia.

É o suficiente?

Contudo, de acordo com a professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Tamara Simone van Kaick, as zonas rurais ainda não estão incluídas nas prioridades do estado e da Sanepar. Ela fez doutorado na área e focou na busca por opções de saneamento nas zonas rurais e litorâneas do estado.

"As áreas rurais demandam soluções alternativas e isoladas, uma descentralização do tratamento e de fato uma universalização do saneamento", explica. De acordo com ela, as comunidades rurais sofrem um descaso histórico. "Porque são poucas famílias, não produzem efeito de propaganda e demandam uma lógica diferente de trabalho em comparação ao meio urbano".

A professora explica que, para criar um sistema de saneamento nas regiões rurais, é preciso de tecnologias específicas. "Percebo que as empresas têm pouca expertise e não valorizam essas tecnologias", finaliza. Mesmo assim, ela vê um avanço nas iniciativas do estado e da Sanepar na aplicação dos investimentos em saneamento.

Tamara trabalha em parceria com professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em projetos de implantação de redes de esgoto no litoral do Paraná, que podem, a médio prazo, ser replicados no interior do estado.

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