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Eles sabem tudo: prontuários eletrônicos são essenciais para políticas em saúde
| Foto: Pixabay

Qualquer pessoa que foi atendida em um dos 335 estabelecimentos de saúde da rede pública de Curitiba a partir de 1999 tem registrado no e-saúde, o sistema de informações da Secretaria Municipal de Saúde tudo sobre esse atendimento: nome, idade, endereço, principal queixa, profissional por quem foi atendido, tratamento indicado, medicação ministrada, encaminhamento dado para o caso e tudo mais o que constou em seu prontuário.

Primeira cidade brasileira a adotar o prontuário eletrônico informatizado nas unidades de saúde, Curitiba usa, hoje, esses dados, tanto para ter um histórico da saúde de cada paciente, para aperfeiçoar seu tratamento, quanto para o controle epidemiológico e sanitário e a definição de políticas públicas em saúde.

Os sistemas de informação em saúde são instrumentos padronizados de monitoramento e coleta de dados, que têm como objetivo o fornecimento de informações para análise e melhor compreensão de importantes problemas de saúde da população, subsidiando a tomada de decisões tanto dos entes públicos como dos profissionais de saúde. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o investimento nestes sistemas de informação é fundamental para o auxílio aos tomadores de decisão, o controle e detecção de problemas de saúde endêmicos, na monitorização de progressos e metas pré-estabelecidos e na promoção da equidade e da qualidade dos serviços.

“Não existe mais a possibilidade de se trabalhar sem sistema informatizado. O sistema de informação nos dá direção - eu sei para onde o sistema tem que ir, onde tem que investir recursos, quem priorizar - nos dá governabilidade para gerenciar qualquer crise, averiguar denúncias, nos ajuda nos processos de financiamento, presta contas, mostrando onde foi gasto cada centavo e como foi utilizado cada insumo. E nos dá segurança, tanto para o poder público quanto para o cidadão, que tem todas as suas informações de saúde registradas e disponíveis para ele, e para o profissional de saúde, que, além de ter acesso a todo o passado do paciente, também sabe que tudo o que fez está registrado”, comenta a superintendente executiva da Secretaria Municipal de Saúde, Beatriz Battistella Nadas.

Ela conta que a prefeitura usa um “sistema” desde a década de 1980, quando os registros eram feitos por cartões perfurados, mas que, até os anos 2000, o objetivo era quase que exclusivamente para controle e contabilidade: número de consultas, número de procedimentos, número de vacinas aplicadas, controle de estoque de medicamentos, entre outros. “A partir do prontuário eletrônico, passamos a ter, com fácil acesso, à história clínica, exames realizados, diagnósticos feitos, medicamentos ministrados. E, a partir disso, passamos a desenvolver sistemas informatizados para a Vigilância Epidemiológica e Vigilância Sanitária. E começamos a trabalhar com a regulação.”

O grande salto, no entanto, ocorreu em 2011, com a implantação do e-saúde, que buscou dar mobilidade e integração ao sistema. “Nós temos, agora, as informações macro, sobre quantas vacinas aplicadas, quantos atendimentos feitos, e podemos ir filtrando até o detalhe, podendo identificar o paciente, saber exatamente o seu perfil e, se preciso for, ir até a casa dele”, explica a superintendente. “Se a Anvisa, hoje, determina a retirada de um determinado lote de um medicamento de circulação e, por acaso, a gente já distribuiu parte desse lote, conseguimos identificar todos os pacientes que já tomaram a droga e fazer o acompanhamento necessário. Isso só é possível porque o sistema registra o medicamento ao entrar no nosso almoxarifado, e todo o seu movimento também é acompanhado”, prossegue.

“Todas as informações podem ser detalhadas. Eu sei, hoje, quantos pacientes estão em atendimentos de emergência nas Upas. Mas eu sei, também, o número exato de cada Upa e posso saber quem é cada um deles e qual seu quadro no momento”, acrescenta.

Como exemplo da contribuição dos sistemas na saúde pública ela cita a redução da mortalidade infantil de 16,6 mortes para cada mil nascidos vivos em 1998 para 7,5 em 2018. “Em números absolutos foi uma redução de 400 para 200 mortes. Mas, agora, também sabemos por que cada criança morreu, onde morreu, quem é a mãe, onde ela mora.”

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