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Coronel Dorian Nunes Cavalheiro (2º da esq. para a dir.) fala sobre o crime cometido pelo soldado da PM Dyegho Henrique Almeida da Silva.
Coronel Dorian Nunes Cavalheiro (2º da esq. para a dir.) fala sobre o crime cometido pelo soldado da PM Dyegho Henrique Almeida da Silva.| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

O soldado da Polícia Militar Dyegho Henrique Almeida da Silva usou a própria arma funcional para matar a ex-companheira Franciele Cordeiro e Silva na tarde desta terça-feira (13), no bairro Rebouças, em Curitiba. A arma foi entregue a ele cerca de meia hora antes do crime, alguns minutos depois de a vítima ter procurado a corregedoria da PM para falar sobre as ameaças que vinha sofrendo por parte do soldado.

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As informações foram confirmadas pela própria corporação em uma entrevista coletiva concedida no fim da manhã desta quarta-feira (14), no auditório do Comando-Geral da PMPR. Na entrevista, a PM também confirmou que Franciele tinha conseguido na Justiça uma medida protetiva contra o soldado Almeida, mas que nem ela nem o ex-companheiro haviam sido comunicados sobre a decisão.

O soldado Almeida estava afastado das atividades na rua desde março. Quando o afastamento foi determinado, a arma funcional foi recolhida. Os motivos do afastamento não foram confirmados pela PM, que trata o caso como confidencial. Depois de um mês, em abril, o soldado retornou a fazer trabalhos administrativos e foi alocado como operador de rádio no Centro de Operações Policiais Militares (Copom).

O major Luciano Cordeiro, chefe do Copom e superior imediato do soldado Almeida, disse que o policial vinha realizando suas tarefas sem nenhum tipo de alteração emocional ou de comportamento. “Ele tem elogios em sua ficha funcional”, ressaltou o major, que classificou as mortes como um fato lamentável.

Durante o período em que o soldado Almeida cumpria funções administrativas, Franciele procurou a Corregedoria-Geral da PM para relatar que estaria sendo vítima de ameaças. De acordo com o corregedor-geral da PM, coronel Dorian Nunes Cavalheiro, no dia 1º de setembro ela foi orientada a procurar a Polícia Civil, uma vez que a atuação do órgão só tem alcance na esfera disciplinar.

No último domingo (11), Franciele procurou a Delegacia da Mulher para o registro de um boletim de ocorrência. Além de registrar o documento, Franciele também pediu uma medida protetiva de emergência contra o soldado da PM. A medida, informou o corregedor, foi concedida naquela mesma noite, mas nem a vítima nem o soldado foram informados sobre a decisão.

“Ela relatou ameaças e pediu essa medida. O prazo legal para que o juiz analise esse tipo de medida é de até 48 horas, mas o pedido foi atendido naquela mesma noite, às 23 horas. A medida protetiva foi expedida, porém a PM não teve conhecimento sobre essa expedição. Ele não foi cientificado sobre a medida protetiva, e nem ela sabia”, disse o coronel.

Na terça-feira (13), às 15h30, a vítima retornou à Corregedoria-Geral da PM procurando mais informações sobre as ações que poderiam ser tomadas contra o ex-companheiro. Novamente, segundo Cavalheiro, a ela foi dito que na PM haveria apenas ações administrativas, e que a Polícia Civil seria a responsável por possíveis ações criminais contra o soldado Almeida.

Cerca de uma hora depois, pouco antes das 16h30, o PM, que havia passado por uma avaliação psicológica recente, teve acesso novamente à arma funcional. Segundo o corregedor-geral da PM, apesar de a vítima ter procurado novamente a polícia relatando as ameaças, a corporação “não tinha conhecimento sobre a medida protetiva”.

Pouco mais de meia hora depois, às 17h10, ele disparou contra Franciele, que morreu dentro do carro que dirigia. Quatro horas se passaram depois dos disparos, e mesmo depois de muita negociação com equipes especializadas da PM, o soldado Almeida acabou tirando a própria vida.

“Tem algumas situações que nós só ficamos sabendo depois dos fatos ocorridos. Não tínhamos conhecimento dentro da PM de que ela tinha uma medida protetiva. Se nós soubéssemos, talvez nossa conduta fosse outra. Teria que saber o teor da medida protetiva. Ela foi à PM mais para questionar a questão disciplinar do PM. Já tínhamos feito todo o tramite que era possível ser feito. Não tínhamos nenhum conhecimento dessa medida protetiva, nem ela. Não se pode tirar a arma de um policial só porque alguém foi lá reclamar, não é assim”, avaliou o corregedor.

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