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Como os ônibus de Curitiba podem reagir à perda de passageiros para aplicativos?
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Além do desequilíbrio financeiro e da diminuição da velocidade operacional, o transporte coletivo de Curitiba enfrenta outros problemas, entre eles a perda de passageiros para os aplicativos – especialmente em viagens curtas na região central da cidade – e a dificuldade em fazer com que mais usuários paguem com cartão, evitando a circulação de dinheiro em espécie dentro dos ônibus.

O desafio que surge é como resolvê-los - e a resposta para isso pode estar em algumas novidades que começam a aparecer pelo país. Elas foram apresentadas no seminário da NTU, a Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos, realizado em Brasília na semana passada.

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Os dados sobre o quanto os aplicativos têm tirado passageiros do transporte coletivo ainda são escassos, mas há algumas evidências. Segundo Felício Ramuth, prefeito de São José dos Campos (SP), em sua cidade as três empresas que operam o transporte coletivo faturam, somadas, R$ 15 milhões por mês e os dois aplicativos que atuam nos municípios, R$ 14 milhões. Em Curitiba, a estimativa é de que os aplicativos respondam por menos de 10% da perda de passageiros.

Apesar da liberdade que cada empresário tem para definir os novos rumos, o setor parece apostar na oferta de serviços complementares como forma de atrair e reter passageiros e equilibrar as finanças.

O presidente da NTU, Otávio Cunha, deixou clara a aposta. A ideia, segundo ele, é que haja nos principais sistemas dois serviços: um básico de qualidade e com tarifas baixas, e um serviço complementar, que pode ser por aplicativo de transportes coletivos, com preços mais elevados, mas um padrão de qualidade maior. Nessa equação, o segundo serviço poderia subsidiar o básico.

Uma dificuldade para isso são as limitações impostas pelos contratos de concessão. Por isso, Otávio Cunha defende a necessidade de o poder público flexibilizar a legislação diante das novidades.

Em Goiânia, já há uma iniciativa que vai nesse sentido: o CityBus 2.0, que em linhas gerais funciona como a versão compartilhada dos aplicativos de transporte, mas em vez de carros, usa uma van com 14 lugares para transportar os passageiros. O serviços é ofertado por uma das empresas concessionárias de ônibus da cidade e se beneficiou de um contrato que já previa a prestação de serviços complementares.

Sem circulação de dinheiro

Além dessa questão, outro desafio é a circulação do dinheiro nos ônibus. Curitiba vem tentando há um tempo fazer com que os passageiros parem de usar dinheiro na compra de suas passagens. Se o uso do pagamento eletrônico for disseminado, o sistema pode reduzir custos com cobradores e correr menos riscos de assaltos. Entretanto, em vez de dar incentivos, a prefeitura dificulta o uso do cartão. Até há pouco tempo eram raros os pontos de venda de créditos e ainda hoje o passageiro tem que comprar o cartão e pagar uma taxa extra a cada recarga.

Há um serviço, prestado pela Econobuz, que visa justamente tornar o pagamento eletrônico vantajoso.  Para isso usa uma estratégia comum em outros segmentos: o oferecimento de vantagens aos clientes. Na mesma lógica dos programas de milhagem, os passageiros que usam cartão são recompensados com créditos que podem ser utilizados para pagar novas passagens, contas de luz e recargas em celulares pré-pagos.

O programa já funciona em cidades do interior de Minas Gerais, onde as empresas de transportes contrataram o serviço para tentar fidelizar clientes e reverter a curva de queda de passageiros.

O movimento em Curitiba e o otimismo por aqui

Em Curitiba ainda parece utópico falar em ações inovadoras. O transporte coletivo que se destacou por iniciativas tomadas na década de 1970 passou os últimos anos estagnado, preso a um emaranhado de disputas judiciais que fizeram com que nem o trivial fosse cumprido. Nessa disputa, passageiros viram a frota envelhecer e a velocidade média dos coletivos cair.

Para Luiz Alberto Lenz Cesar, presidente do Setransp – sindicato que representa as empresas operadoras de Curitiba –, há razões para otimismo. Segundo ele, nos últimos anos – especialmente após a assinatura de um acordo entre prefeitura e empresas – as disputas judiciais cessaram e prefeitura e empresários conseguiram limpar o terreno.

Segundo Lenz Cesar, o relacionamento com a Urbs tem sido profícuo desde que Ogeny Pedro Maia Neto assumiu a presidência da instituição e esse diálogo tem aberto espaço para que sejam pensadas e implantadas inovações no sistema. Ainda sem dar mais detalhes, ele conta que as empresas estão se mexendo para implantar na cidade alguma experiência de transporte coletivo por aplicativos. Alguns empresários da cidade já foram até Goiânia conhecer o CityBus 2.0, de van sob demanda, mas o Setransp não confirma se o modelo servirá de inspiração para Curitiba.

Outra meta é fazer da cidade o centro na Região Sul do Coletivo, programa de inovação em mobilidade urbana criado pela NTU. Através dessa iniciativa o Setransp espera unir as pesquisas acadêmicas ao trabalho de startups para desenvolver soluções para o transporte coletivo de Curitiba. Para viabilizar essa ação, os empresários esperam trocar em breve o sistema de bilhetagem dos ônibus. Com isso será possível ter mais dados sobre o comportamento dos passageiros, informações que poderão subsidiar as pesquisas e soluções propostas.

QUIZ: acerte de que cidades do PR são essas bandeiras:

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