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Emanuel Maltempi de Souza, da UFPR, apontou que embrião de rede para testes clínicos da Sputnik V poderia ser aproveitado para testar novo imunizante
Emanuel Maltempi de Souza, da UFPR, apontou que embrião de rede para testes clínicos da Sputnik V poderia ser aproveitado para testar novo imunizante| Foto: Reprodução/UFPR TV

Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) esperam concluir testes pré-clínicos de uma nova vacina contra a Covid-19 e solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para testes em seres humanos até o final do ano.

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Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (26), o vice-diretor do Setor de Ciências Biológicas da UFPR, Emanuel Maltempi de Souza, e o professor Marcelo Müller dos Santos, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, explicaram que a técnica é diferente da de outras vacinas contra o coronavírus já desenvolvidas e que todos os insumos podem ter produção 100% nacional, o que representaria baixo custo no produto final – entre R$ 5 e R$ 10 por dose. O novo imunizante tem a possibilidade de aplicação por spray nasal, além de aplicação subcutânea ou intramuscular.

Os pesquisadores produziram nanoesferas de polímero, biocompatível e biodegradável, recobertas com partes específicas da Spike, proteína que permite ao novo coronavírus infectar as células humanas, e da proteína do envelope do vírus. Os antígenos virais na superfície ativam o sistema imune contra a doença, e as partículas são degradadas pelo organismo assim que se cumpre essa ativação. Segundo os pesquisadores, o método pode ser replicado rapidamente para variantes do vírus causador da Covid-19 e aplicado no desenvolvimento de vacinas para outras doenças.

Nos testes pré-clínicos, em três ensaios realizados com camundongos, o soro mostrou alto nível de anticorpos. “Comparando com os testes pré-clínicos da vacina de Oxford, nossos resultados foram semelhantes e em alguns casos até superiores”, disse Santos. Nesta primeira fase, iniciada no ano passado, o investimento foi de R$ 230 mil, recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).

Na segunda fase dos testes pré-clínicos, que está começando agora, será investido cerca de R$ 1 milhão, dinheiro oriundo da Fundação Araucária e da Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti). É a chamada etapa da proteção animal, na qual será verificado se os animais vacinados desenvolvem a doença com a exposição ao vírus.

A etapa seguinte dos testes pré-clínicos, o chamado teste toxicológico, é a última antes da fase clínica: é quando se verifica se diferentes concentrações da vacina provocam algum dano à saúde do animal de forma geral. Os professores destacaram que essa etapa precisa ser feita de forma independente e não poderá ser desenvolvida nos laboratórios da UFPR. “Há um laboratório no Brasil em que pode ser feita. Vai depender da disponibilidade”, afirmou Santos.

Para a fase clínica, que exigirá investimentos maiores, a UFPR corre atrás de parcerias. “Nenhuma universidade tem condições de fazer isso sozinha. É uma conversa na qual ainda não evoluímos”, explicou o reitor Ricardo Marcelo Fonseca. Presente à coletiva, o superintendente da Seti, Aldo Nelson Bona, disse que o governo do estado “pode ser um dos parceiros ou o principal” nesta etapa.

Emanuel Maltempi de Souza destacou que foi criado um esboço de uma rede para testes clínicos quando se discutiu a parceria do governo do Paraná com a Rússia para a produção da vacina Sputnik V, que poderia ser aproveitado. “Como as vacinas já utilizadas apresentam validade curta, daqui a um ano, imunizados hoje poderiam participar da fase 3 (dos testes clínicos)”, afirmou.

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