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Área de lazer do Hotel Kaakupe, em Guaratuba, vazia por conta da pandemia. (Divulgação Hotel Kaakupe).
Área de lazer do Hotel Kaakupe, em Guaratuba, vazia por conta da pandemia. (Divulgação Hotel Kaakupe).| Foto: Divulgação

Um dos mais afetados pela pandemia, o setor de entretenimento e turismo começa a perceber os primeiros sinais de retomada dos negócios, conforme avança o cronograma de vacinação contra a Covid-19.  E essa movimentação inicia exatamente por aqueles que foram os primeiros a serem vacinados, os idosos.

“As agências já começam a ser procuradas para a organização de grupos para viagens rodoviárias para dias de semana, especialmente para o segmento da terceira idade”, informa Roberto Bacovis, vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens no Paraná (Abav-PR). “Esse segmento é muito importante para nós e já há reservas para esse público em alguns resorts do Paraná”, diz.

É nesse segmento da população também que o empresário Gustavo Trevizan Socachewsky, proprietário dos hotéis Santa Paula e Kaakupe, ambos em Guaratuba, aposta para a retomada. “A partir de agosto e setembro, com as pessoas da terceira idade já vacinadas com as duas doses, devemos começar a ver uma movimentação”, diz. Segundo ele, os idosos estão entre os principais frequentadores dos hotéis.

Além da terceira idade, destacam-se também grupos de igrejas, que já começam a procurar o hotel para consultar datas para a realização de encontros e retiros e empresas que procuram para eventos corporativos. “Isso tudo deve voltar a acontecer aos poucos. Essa é a nossa expectativa”, diz o empresário.

Socachewsky conta que no ano passado manteve os hotéis fechados por praticamente seis meses. Por conta dos decretos restritivos teve que fechar as áreas de lazer e, com as praias “fechadas”, preferiu suspender as atividades.  Ele diz que só conseguiu manter os 40 funcionários porque tinha uma reserva e, também, porque recorreu aos programas de auxílio emergencial e de prorrogação de impostos.

Gilberto Martins Aguiar Junior, gerente comercial da NC Turismo, de Curitiba, informa que na primeira quinzena da pandemia precisou cancelar 4 mil bilhetes de viagens já emitidos, o que era 99% das operações programadas para a época.

“Ainda estamos sofrendo com essa situação porque as companhias aéreas reduziram as frotas e as rotas e isso impacta na vida do viajante, aumenta o tempo da viagem, muitas vezes chegando a inviabilizá-las”, explica. Para driblar a crise, a empresa diversificou os negócios, fez parcerias com o segmento de transporte rodoviário e passou a investir mais no envio de encomendas.

Vivien de Lima Nunez Ullo é proprietária da Labyrinthos, empresa que presta serviços artísticos e culturais em Foz do Iguaçu, cidade essencialmente turística. A empresa nasceu em 2016 e teve em 2019 o seu melhor momento. “Estávamos no auge e tivemos que parar, por conta da pandemia, a partir de março de 2020”, lamenta.

Ela conta que trabalha com os hotéis de turismo, organizando apresentações de teatro e dança e maquiagens artísticas, atividades totalmente suspensas. Vivien só conseguiu manter a empresa porque participou de alguns projetos aprovados pela lei Aldir Blanc de incentivo à cultura. “Com isso, fizemos uma reserva e é o que nos sustenta até hoje”, afirma.

Apesar das dificuldades, Vivien está otimista. “O setor vai bombar. As pessoas estão sedentas por cultura, por lazer, por passeios e vão valorizar ainda mais tudo isso a partir de agora”, aposta.

Mesmo com os primeiros sinais de retomada, os empresários seguem cautelosos. “A vacinação acontece de forma muito lenta e precisamos disso para avançar”, diz Roberto Bacovis. Segundo ele, as pessoas estão deixando para fazer as reservas mais perto do momento da viagem, mas ele acredita num Natal, Reveillon e férias de janeiro já com uma boa movimentação.

Além disso, o diretor da Abav-PR aguarda pela definição dos protocolos relacionados à programação de eventos. “O Paraná ainda não tem a definição desses protocolos e, por conta disso, está perdendo eventos para outros estados”, alerta.

A Associação Brasileiras de Empresas de Eventos no Paraná (Abeoc-PR) informa que o setor está há mais de 15 meses parado e que não tem recebido a devida atenção do poder público, mesmo representando 13% do PIB do Brasil. A estimativa da entidade é que nesse período 3.500 eventos sociais foram cancelados só na capital paranaense.

Empresários procuram o Sebrae para orientar a retomada

Os empresários do setor de turismo e entretenimento estão entre os que mais tem procurado o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Paraná (Sebrae/PR) preocupados com esse momento. A entidade lançou recentemente o Programa Recupere.  Gratuito, é estruturado a partir das principais “dores” dos empresários e com foco na preparação para a retomada.

Gustavo Socachewsky, dos hotéis de Guaratuba, procurou pelo programa. Recebeu consultoria personalizada e teve um diagnóstico e um plano de ação estruturados. “As orientações foram principalmente em relação a intensificar campanhas nas mídias digitais e aprimorar o atendimento ao cliente, mas também recebi suporte sobre gestão de empresa familiar e organização financeira”, explicou.

Aguiar, da agência de turismo, e Vivien, da Labyrinthos, também estão sendo assessorados. “O que não pode acontecer comigo agora é errar”, diz Aguiar. Ele reconhece que mesmo tendo 32 anos de experiência na área precisa de assessoria externa para acertar.

“Estou precisando melhorar minha relação de atendimento. Temos os principais produtos, mas precisamos oferecer tudo isso de forma integrada pelo site e garantir segurança ao cliente”, diz.

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Vivien destaca que para ela a consultoria tem servido mais como uma motivação. “É muito difícil tomar uma decisão sozinha. Com o apoio externo consegui definir algumas estratégias e me planejar para a retomada”, afirma.

“O programa é aberto a todos os segmentos, mas percebemos uma maior procura por aqueles que foram mais afetados pelos protocolos restritivos”, diz Joana D’Arc Julia de Melo, gerente de unidade de Gestão e Inovação de Produto do Sebrae/PR.

Segundo ela, além do setor de hotéis, agências de turismo, bares, restaurantes, empresas de eventos e atividades artísticas, aparecem também academias, salões de beleza, escolas particulares e empresas de transporte escolar.

“São setores que chegaram a fechar totalmente por meses, ficaram sem faturamento algum e os empreendedores têm muitas dúvidas em relação ao momento de retomada”, observa. De acordo com dados do Sebrae, no ano passado, 278 mil empresas foram constituídas e 70.493 foram extintas no Paraná.

A maioria dos novos negócios registrados é de Microempreendedores Individuais (MEI), que responderam por 76,38%.  Com o cenário econômico incerto por conta do coronavírus, 12,5% dos pequenos negócios paranaenses perderam mais de 80% do faturamento em 2020.

Só no setor de turismo, de acordo com dados da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio) o prejuízo é estimado em R$ 51,5 bilhões desde o início da pandemia. O Litoral do estado deixou de receber 700 mil turistas no último verão, segundo dados da Polícia Militar do Paraná. E, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o Paraná fechou 2020 com o saldo negativo de 5,13 mil empresas fechadas no segmento.

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