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ETANOL / CURITIBA/13/07/11/ PRECO ETANOL / POSTO NO BAIRRO PILARZINHO / ALCOOL / CANA / FOTO:JONATHAN CAMPOS / AGENCIA DE NOTICIAS GAZETA DO POVO
Preço do etanol está pressionado pela valorização do açúcar.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo

A quebra da safra de cana, em torno de 6%, em todo o Centro-Sul do Brasil por conta da seca e a valorização do açúcar no mercado interno e internacional tem levado as usinas do Paraná e do Brasil a direcionarem a maior parte da produção para o processamento de açúcar, em detrimento do etanol. A saca de 50 quilos de açúcar, que em junho do ano passado custava R$ 90, neste ano está custando R$ 117.

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Em consequência, a pressão sobre o preço do combustível também aumenta, comprometendo sua competitividade. O litro do etanol hidratado (usado para abastecer os veículos), que em maio de 2020 custava R$ 1,88, em maio desse ano estava custando R$ 3,57. “Apenas nos primeiros cinco meses desse ano houve uma valorização positiva do etanol de 90% por causa da quebra na safra de cana de açúcar e pelo aumento no preço da gasolina”, diz Maurício Muruci, analista de açúcar e etanol da consultoria Safras e Mercado.

Segundo ele, é justificável um direcionamento maior da cana para a produção de açúcar. “Ao contrário do combustível, o açúcar tem demanda inelástica, ou seja, ela praticamente não varia com a mudança da renda da população”, explica Muruci.

Empresário do setor, Miguel Tranin, de Maringá, no Noroeste do Paraná, está otimista com os bons preços e as perspectivas de recuperação do setor. “Realmente a demanda pelo açúcar varia muito pouco. Quando cresce 0,5% a gente comemora, mas do ano passado para cá teve um aumento de cerca de 1%”, afirma. Ele atribui a maior procura à própria pandemia, que aumentou o consumo de alimentos de um modo geral.

O economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Marcelo Alves, diz que as usinas do Estado se beneficiaram com a entrada de novos compradores. “Este ano observamos a entrada de Irã, Suíça e China, que não são tradicionais compradores do açúcar do Paraná, optando pelo nosso produto”, informa Alves.

Para Muruci, da Safras e Mercado, esses novos clientes do açúcar paranaense devem ser pontuais. “Isso aconteceu porque os principais produtores brasileiros – São Paulo e Minas Gerais – tiveram quebras mais acentuadas na safra do que o Paraná, que quebrou também, mas foi menos”. O analista acredita que nos próximos anos, com o restabelecimento das safras no Centro-Sul, os grandes compradores internacionais devem retomar as compras dos fornecedores tradicionais de São Paulo e Minas, que garantem grandes volumes. “Mas não deixa de ser uma oportunidade para o Paraná conquistar novos clientes”, pontua.

Miguel Tranin, que além de produtor preside a Associação dos Produtores de Açúcar e Álcool do Paraná (Alcopar), diz que as perspectivas são boas para o setor, especialmente porque as atenções de voltam para os combustíveis renováveis. “A Índia já anunciou que vai adicionar 10% de etanol na gasolina. O combustível renovável começa a ser visto com outros olhos e o mercado de bioenergia é promissor”, afirma o empresário, apostando num cenário de recuperação.

O Paraná é o terceiro maior produtor nacional de açúcar, onde o Brasil é líder mundial. 90% da produção de açúcar paranaense é exportada, especialmente para Iraque, Argélia, Canadá, Malásia, Irã, Bangladesh e Rússia. É o quinto item na pauta de exportação da indústria do Paraná, segundo a Fiep. Fica atrás do complexo soja, carnes, madeira e automóveis. Já na produção de álcool o Paraná ocupa a quinta posição no Brasil e a produção fica no mercado interno.

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