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Ação de voluntários contribuiu para garantir o estoque mínimo de sangue para abastecer 385 hospitais no Paraná
Ação de voluntários contribuiu para garantir o estoque mínimo de sangue para abastecer 385 hospitais no Paraná| Foto: Antônio More / Gazeta do Povo

Hospitais e outras instituições de atendimento à saúde têm enfrentado desafios diários desde que foi decretado o estado de pandemia em razão do coronavírus. Além das incertezas causadas por um período de exceção, há ainda a necessidade de se manter serviços essenciais, como a garantia de estoque de sangue e leite humano suficiente para atender as necessidades de quem precisa desse tipo de insumo. Mas de que forma conseguir doadores num período de quarentena e tantas incertezas?

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Nessa hora, a solidariedade de muitos voluntários faz a diferença e a união de grupos e doadores individuais tem assegurado o estoque necessário para que os atendimentos não parem e vidas não sejam colocadas em risco.

No mês de março, logo nos primeiros dias de propagação da Covid-19, as equipes do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná- Hemepar acompanharam uma queda brusca de 70% no número de doações, o que fez com que os profissionais ligassem o sinal de alerta e tivessem que procurar alternativas para não deixar faltar sangue nos hospitais. A rede é responsável pela coleta, armazenamento, processamento e distribuição de sangue para 385 instituições públicas, privadas e filantrópicas do Paraná. O estoque, que costuma durar, em média, de 5 a 10 dias, caiu para 2 dias. “Com a propagação das notícias da Covid-19as pessoas começaram a ficar preocupadas e pararam de doar”, recorda Liana Andrade Labres de Souza, diretora geral do Hemepar. “Nós entramos em pânico”.

A solução encontrada foi o desenvolvimento de um sistema de agendamento online para os doadores, que atualmente está disponível em Curitiba e Cascavel. O objetivo é ampliar em breve o agendamento pela internet para as outras 20 unidades no interior. Assim, cada banco de sangue da rede Hemepar disponibiliza vagas de acordo com a necessidade e capacidade técnica de armazenamento, organizando dessa forma o número de doadores, evitando aglomerações e diminuindo drasticamente o tempo de espera. A média para uma doação caiu de até 4 horas para 52 minutos, desde o primeiro atendimento na recepção até a entrega do lanche ao final. “Isso faz com que o doador se sinta mais seguro ao vir doar sangue, não ver a aglomeração de pessoas e perceber que estamos cuidando de todas as medidas de segurança. Cuidamos para que o doador saia tão bem quanto entrou” enfatiza a diretora.

Foi prevendo justamente as dificuldades que os bancos de sangue poderiam enfrentar em razão da pandemia que a analista administrativa Liliane Bezerra de Aquino de, 38 anos, se mobilizou para fazer sua doação voluntária, tão logo a quarentena teve início. Doadora frequente, ela se mostrou satisfeita com as mudanças realizadas para garantir a agilidade no atendimento e a segurança de voluntários e equipe. “Logo que entramos em quarentena no trabalho, essa foi uma das primeiras coisas que eu lembrei. Que provavelmente o Hemobanco logo iria precisar de sangue, porque as pessoas iriam ficar com medo de ir”, diz ela, afirmando que achou todo o processo muito seguro. “Marquei pela internet e quando cheguei estavam todos de máscara, com um bom distanciamento entre as pessoas. Não houve nenhum tipo de tumulto, inclusive pra você entrar, quando foi medida a temperatura”, finaliza.

Amauri Dias dos Santos é outro voluntário que não se deixou desestimular, mesmo com as dificuldades impostas pela quarentena. Com 54 anos, ele é doador de plaquetas há mais de seis anos e comparece de 15 em 15 dias na Hemepar para realizar todo o procedimento. Desde então, já foram mais de 140 doações (a doação de plaquetas pode ser realizada numa frequências maior que a de sangue). “Eu acho muito importante a doação porque pessoas que estão em tratamento de câncer ou que precisam fazer cirurgias cardíacas, transplante de órgãos ou mesmo pessoas que têm doenças no sangue, precisam muito dessas plaquetas”, diz. Santos faz ainda um apelo para que mais doadores compareçam e ajudem a garantir os estoques. “Se você pode e tem saúde, faça a sua doação. Acho que compartilhar saúde é a melhor recompensa que um doador pode ter”, enfatiza.

A diretora geral do Hemepar reforça a importância desses gestos espontâneos para a manutenção dos serviços essenciais. “Com todas essas ações o nosso banco de sangue está tranquilo. Ele só está em dia graças a esses voluntários. Mas para manter isso é necessário que os doadores compareçam e venham de forma agendada. Que eles continuem doando e comparecendo“.

Segurança

Na história de doações, mesmo com as epidemias já enfrentadas, como H1N1, Dengue, Zikavirus, Sarampo, febre amarela, e agora Coronavírus, não existe registro de aumento de casos dessas doenças em doadores de sangue, ou então de agravamento destas patologias em indivíduos sabidamente doadores de sangue.

Como agendar minha doação de sangue?

Para agendar sua doação, entre neste link e preencha os dados necessários, escolhendo a cidade, o horário e a unidade de doação.

Bancos de leite humano

Diferentemente do que ocorreu em relação às doações de sangue, os bancos de leite humano tiveram um aumento significativo em suas reservas com a ampliação no número de doadoras, ou seja, o contexto da pandemia não impactou esse serviço e consequentemente o estoque de leite humano, que está de estável para crescente. Atualmente são 13 Bancos de Leite Humano (BLH) no Paraná e 17 Postos de Coleta de Bancos de Leite Humano (PCLH).

Esse resultado só foi possível graças a ações das instituições captadoras, como os próprios hospitais, que se anteciparam à pandemia e reforçaram sua rede de voluntárias para a coleta do leite materno, que ocorre diretamente na residência das doadoras, algumas com horário agendado, e que ainda recebem os kits para coleta e a orientação necessária.

Para quem deseja doar, basta ligar no (41) 3240-5117, fazer um cadastro e a equipe vai até o domicílio levando todo o material e as orientações necessárias.

De acordo com dados da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR) um pote de leite materno doado, por exemplo, é capaz de alimentar dez recém-nascidos internados por dia. A entidade mantém um portal ativo com diversas informações sobre todos os bancos de coleta de leite humano no país. No site é possível encontrar o banco de leite humano mais próximo da sua residência em diversas cidades, assim como informações sobre contato e agendamento para coleta domiciliar. Basta acessar o site: https://rblh.fiocruz.br/localizacao-dos-blhs e informar a sua localização.

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