Literatura curitibana

Dia do escritor: 3 autores curitibanos contemporâneos que estão dando o que falar

Equipe Pinó, com colaboração de Vitor Hugo Batista
25/07/2021 12:07
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A cena de autores curitibanos é marcada por uma diversidade literária, de histórias em quadrinhos com enredo local a literatura engajada e contos. | Gazeta do Povo

Seja na infância, nos anos escolares, bem como na fase adulta, como enredo de grandes filmes, os livros sempre estiveram presentes em nossas vidas. São universos ficcionais, realidades sombrias e refúgios sedutores que possuem algo em comum: por trás de todos eles existe uma mente criativa, que constrói um enredo do início ao fim e transforma palavras em histórias, o escritor. Hoje, dia 25 de julho, é comemorado o dia do escritor e, claro, a Pinó não poderia deixar essa data passar em branco! Por isso, selecionamos 3 autores curitibanos contemporâneos que estão enchendo a capital de orgulho e dando o que falar. Confira:

José Aguiar e a CWB enquadrada

Imagine encontrar símbolos tipicamente curitibanos em uma narrativa ficcional, como a águia de duas cabeças da Praça Zacarias ou as estátuas do Homem e da Mulher Nus como vilões e heróis de uma história. É o que faz o premiado quadrinista curitibano José Aguiar em sua obra "CWB". O livro é uma história em quadrinhos que traz marcas típicas da capital paranaense em uma narrativa surrealista.
Segundo o autor, trazer essas imagens tão conhecidas da cidade é uma forma de mostrar o passado como um sinônimo de aprendizado e não de esquecimento. “Por mais que minha história seja sim uma declaração de amor para a cidade em que eu nasci, onde vivi a maior parte de minha vida, não deixa de ser um apontamento de coisas as quais eu não gosto que fazem parte da cidade”, escreve Aguiar no prefácio da obra.
“Eu considero a história em quadrinhos como se fosse um grande quebra-cabeças onde você exclui as peças certas, porque são essas peças que cada leitor vai completar da sua forma.” José Aguiar.
“Eu considero a história em quadrinhos como se fosse um grande quebra-cabeças onde você exclui as peças certas, porque são essas peças que cada leitor vai completar da sua forma.” José Aguiar.
Assim, os personagens vêm de bairros afastados, como o Capão da Imbuia, onde o autor viveu. Além disso, é possível encontrar logo nas primeiras páginas o Prédio da Reitoria da UFPR e as flores de ipês que marcam a paisagem curitibana. Tudo isso em uma mistura de aquarelas de cores quentes e frias, que brinca com o clima – frequentemente – ambíguo da cidade.
Aguiar, que começou a publicar pequenas histórias na adolescência, traz alguns questionamentos que moram no imaginário dos moradores, além de explorar uma narrativa de engajamento. "Curitiba é mesmo europeia? Por que temos tão pouca representação de negros na cidade? Onde estão os indígenas que participaram da fundação do município?”, pergunta o quadrinista. É por isso que seus personagens são desenhados com uma aparência ambígua, além de não terem nenhum estereótipo.

Giovana Madalosso: a transgressora do Santa Felicidade

Giovana Madalosso é daquelas pessoas que muitos diriam que nasceu em "berço de ouro" e poderia viver tranquilamente tocando os negócios da família. Afinal, ela é primogênita do casal Neuza e Carlos Madalosso, do restaurante homônimo de Santa Felicidade. Mas Giovana foi disruptiva. A principio, foi demitida pelo próprio pai depois de uma discussão com um cliente. Em seguida, formou-se em Jornalismo pela UFPR e fez carreira como redatora publicitária em São Paulo e, agora, está ganhando espaço importante entre os autores curitibanos contemporâneos.
“Com oito anos me recusei a fazer a primeira comunhão. Já enchia o saco naquela época. Não à toa vim parar na escrita”. Giovana Madalosso.
“Com oito anos me recusei a fazer a primeira comunhão. Já enchia o saco naquela época. Não à toa vim parar na escrita”. Giovana Madalosso.
Aos 45 anos, já coleciona três livros no rol da literatura brasileira. O primeiro a ser publicado foi “A teta racional”, de 2016, uma obra de contos com grande diversidade de vozes feministas. Dois anos depois, marca sua estreia como romancista com "Tudo pode ser roubado", que foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura no mesmo ano de seu lançamento. Em 2020, "Suíte Tóquio" arrancou elogios de vários críticos.
Seu próximo livro será sua estreia no universo infantil e já tem título, "Altos e Baixos", inspirado nas histórias que conta para a filha Eva, de 9 anos. A obra pretende falar de empatia a partir de exemplos retirados do reino animal.

Os dedos inquietos de Luci Collin

Poesias, contos, romances. Não há gênero literário que a curitibana Luci Collin não tenha explorado. A autora já lançou mais de 21 livros e ficou entre os finalistas do Prêmio Jabuti em 2020 – um dos mais importantes do universo literário. Recentemente, lançou a obra "Dedos Impermitidos", oitavo livro de contos em sua trajetória.
Luci Collin já lançou mais de 21 livros e foi finalista do Prêmio Jabuti 2020. Ela está entre os autores curitibanos contemporâneos que estão dando o que falar.
Luci Collin já lançou mais de 21 livros e foi finalista do Prêmio Jabuti 2020. Ela está entre os autores curitibanos contemporâneos que estão dando o que falar.
Ao todo, são 13 contos que compõem o volume, mas o número de histórias dentro da obra ultrapassa essa quantidade, segundo Maria Esther Maciel, que assina o prefácio. Além disso, para Guilherme Gontijo Flores, escritor que assina a orelha da publicação, o vigor poético e o frescor da linguagem de Collin são os que se destacam.
Em cada conto, a musicalidade das palavras potencializa a escrita, um reflexo de sua formação musical. Segundo a própria autora, o texto é uma entidade sonora, que promete tirar o leitor da zona de conforto.
E aí? O que está esperando para conferir a obra de um desses autores curitibanos?