Cultura

Confira os paranaenses indicados ao HQMIX, o “Oscar dos quadrinhos” no Brasil

Heloisa Nichele, especial para Pinó
25/10/2021 15:30
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Novos profissionais e veteranos de Curitiba são indicados na 33ª edição do Troféu HQMIX. | Reprodução

Uma das mais tradicionais premiações dos quadrinhos brasileiros chega, em 2021, a sua 33ª edição. Neste ano, o Troféu HQMIX conta com 26 categorias e quatro projetos paranaenses concorrem ao prêmio nacional. A entrega dos troféus é no dia 27 de novembro, e ocorre de forma remota pelo segundo ano consecutivo.
Segundo o premiado quadrinista curitibano José Aguiar, um dos indicados ao prêmio, a participação de projetos paranaenses coloca Curitiba como um polo potente na produção de quadrinhos no Brasil.
“A representatividade é grande no cenário nacional. Isso para nós é uma vitória que vem da insistência, da continuidade, de investimento nos artistas, nas suas linguagens como meio de expressão e de subsistência”, afirma José Aguiar. 

Veteranos em destaque

A nova produção de Aguiar, “CWB”, lançada no ano passado, concorre em três categorias: melhores “Roteirista nacional”, “Colorista nacional” e “Edição especial de autor”, esta última dedicada a produções de volume único.
Em CWB, o quadrinista José Aguiar experimenta uma narrativa muda feita em aquarela que é ambientada em Curitiba.
Em CWB, o quadrinista José Aguiar experimenta uma narrativa muda feita em aquarela que é ambientada em Curitiba.
De acordo com Aguiar, receber a indicação para as categorias de roteiro e colorismo foi um importante reconhecimento sobre a qualidade da produção, uma vez que o quadrinho tem propostas experimentais nos dois aspectos. A narrativa de “CWB” é feita apenas pela ilustração, e pode ser lida em dois sentidos, da esquerda para a direita, conforme o padrão de leitura ocidental, ou da direita para a esquerda. “Uma história muda também tem roteiro. As pessoas associam o roteiro ao diálogo, mas foi um trabalho extremamente complexo de produzir justamente por esse jogo de vai e vem na história, para desconstruir a narrativa e criar uma forma que desafia o leitor “, explica o quadrinista.
Além disso, toda a publicação foi feita em aquarela, uma técnica tradicional de pintura, que foge ao convencional. Normalmente, esse trabalho é feito por meio de ferramentas digitais. “Eu quis utilizar essa técnica de pintura que eu não estou tão acostumado a trabalhar. Então a indicação me deixa muito feliz”, destaca.
Na categoria “Melhor Exposição”, a Gibiteca de Curitiba concorre com a exposição Punk Afonso, organizada para a 6ª Bienal de Quadrinhos, deste ano. É uma homenagem póstuma a Rodrigo Belato, quadrinista que atuava em Curitiba e faleceu no ano passado. A exposição é uma releitura feita por 21 artistas do seu principal personagem, o Punk Afonso, publicado há mais de três décadas.

Novos talentos

O grupo de quadrinistas curitibanos Coletivo Biarticulado concorre na categoria de melhor “Produção Independente de Grupo”, com sua primeira publicação, a “Crônicas Pandêmicas”. A coletânea apresenta seis histórias em quadrinhos que representam diferentes visões sobre o cenário experienciado pela pandemia do coronavírus.
Por fim, o quadrinho “O Filho Mau” foi indicado em duas categorias na premiação, “Novo talento roteirista”, para a escritora e roteirista Carol Sakura, e “Novo talento desenhista”, para o ilustrador e animador Walkir Fernandes. A produção é a primeira graphic novel dos autores, e narra as memórias de uma avó que conta à neta a história de quando seu irmão matou seu pai.
O Filho Mau é indicado em duas categorias, “Novo talento roteirista” e “Novo talento desenhista”.<br>
O Filho Mau é indicado em duas categorias, “Novo talento roteirista” e “Novo talento desenhista”.<br>

O Troféu HQMIX

Criado em 1988 pelos cartunistas Jal e Gual, o Troféu HQMIX é considerado o “Oscar” dos quadrinhos brasileiros. Desde que existe, premia artistas, profissionais e produções da área em diversas categorias todos os anos. O objetivo é divulgar e valorizar a produção de artes gráficas no país. As indicações são feitas por um júri de especialistas, e é organizado pela Associação dos Cartunistas do Brasil e pelo Instituto do Memorial de Artes Gráficas do Brasil.
O design do troféu muda a cada ano, sempre em homenagem a algum personagem dos quadrinhos brasileiros. Dessa forma, nesta edição foi escolhida uma personagem do segmento infantil para representar o prêmio: a Bruxinha Atrapalhada, da desenhista Eva Furnari.
Mais informações: hqmix.com.br