Opinião

Agora vai: projetos de infraestrutura do Paraná que demoram para sair do papel

Roger Pereira
04/02/2022 10:29
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Segunda ponte entre Foz do Iguaçu e o Paraguai, Ponte de Guaratuba, trecho paranaense da BR-101, nova ligação ferroviária da Serra do Mar, Porto de Pontal do Paraná, Faixa de Infraestrutura do Litoral, metrô de Curitiba. Durante décadas – e diferentes governos – o Paraná vem acumulando grandes projetos de infraestrutura que não saem do papel. Com a “Ponte da Integração”, segunda ligação ao Paraguai, 75% concluída, o Estado tenta quebrar essa escrita. E mais obras devem, enfim, iniciarem neste e nos próximos anos.
Viabilizada ainda em 2018, nas gestões de Cida Borghetti (PP), no Governo do Estado, e Michel Temer (MDB), na Presidência da República, a obra da Ponte da Integração vem sendo custeada com recursos da Itaipu Binacional, consolidando-se como um dos principais investimentos federais no Paraná. As obras iniciaram em agosto de 2019 e a previsão é que a ponte seja inaugurada em setembro deste ano.
Outra ponte que, enfim, poderá sair do papel após mais de 40 anos de promessas é a Ponte de Guaratuba – que solucionaria a caótica travessia de ferryboat entre Caiobá e Guaratuba, que gerou três horas de fila nestes feriados de final de ano. A discussão política é antiga. Em 1990 o então governador Alvaro Dias enviou à Assembleia Legislativa projeto de lei para autorizar a construção da ponte. O projeto foi aprovado, a obra foi licitada, mas a gestão de Alvaro chegou ao fim e seu sucessor, Roberto Requião, não deu sequência ao edital.
Nestes 32 anos, o tema sempre foi tratado, com mais ou menos entusiasmo, pelo Palácio Iguaçu. Orlando Pessuti, em seus poucos meses de governo, em 2010, tentou retomar o projeto, mas não houve tempo. Na gestão Beto Richa houve, ao menos, três tentativas de viabilizar a ponte, todas frustradas. Na gestão Ratinho Junior, a obra foi tratada com prioridade e os primeiros estudos contratados já em 2019. Segundo o Governo do Estado, já foi aprovado o Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental (EVTEA) e o projeto está, agora, na fase de elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), com previsão de conclusão em setembro, porque é necessário analisar a questão em todas as estações do ano. Esse é o último passo antes da licitação dos projetos de engenharia e execução da obra.
Mais uma grande obra que pode começar a sair do papel em 2022 é a Nova Ferroeste e, entre seus ramais, uma nova ligação ferroviária entre Curitiba e o Litoral pela Serra do Mar. No ano passado, o Ministério da Infraestrutura autorizou a construção dos quatro ramais ferroviários que terão ligação ao traçado principal da ferrovia. O projeto, agora, passará por audiência pública e a previsão é de que vá a leilão na Bolsa de Valores no segundo trimestre deste ano. São R$ 29,4 bilhões em investimentos previstos na ferrovia que ligará o Porto de Paranaguá ao Oeste do Estado e ao Mato Grosso do Sul.
Com imbróglios na Justiça e muita discussão por conta do impacto ambiental, o Porto de Pontal do Paraná ganhou nova perspectiva no início deste ano. Na primeira semana de janeiro, a empresa Vinci Partners anunciou a compra do terminal e a intenção de tocar o projeto de construção de um terminal de containers no local, com investimento de cerca de R$ 3 bilhões. Com a construção do porto privado, deverá ser retomada neste ano a discussão sobre a faixa de infraestrutura do litoral, uma nova rodovia, paralela à PR-412, em Pontal do Paraná.
Mas um dos grandes projetos do Paraná, há muito tempo falado, que já teve recursos do governo federal liberado em diferentes programas de Infraestrutura, e teve até duas visitas presidenciais para marcar o “início das obras”, não sairá do papel tão cedo – se é que algum dia saíra. O metrô de Curitiba – obra que constava como o principal “legado da Copa do Mundo de 2014” para a cidade, não está mais nos planos da prefeitura do Governo do Estado ou do Governo Federal. Quem sabe daqui a algumas décadas?