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O ex-governador na chegada ao Instituto Médico Legal, após a prisão desta terça-feira (19). | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
O ex-governador na chegada ao Instituto Médico Legal, após a prisão desta terça-feira (19).| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Em coletiva de imprensa concedida na manhã desta terça-feira (19), o procurador Leonir Batisti, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), explicou os motivos que levaram à terceira prisão do ex-governador Beto Richa (PSDB). De acordo com Batisti, o principal argumento que embasou o pedido se relaciona a tentativas do tucano em obstruir as investigações da Operação Quadro Negro , que apura desvios de recursos na construção e reforma de escolas.

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“Houve uma tentativa de convencimento para que Maurício Fanini se mantivesse firme, mantivesse as relações de amizade e não expusesse os fatos”, explicou o procurador. Fanini, que foi diretor da Secretaria de Educação do Paraná (Seed), seria um dos responsáveis por arrecadar recursos obtidos por meio do esquema de corrupção. Ele firmou acordo de colaboração premiada com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), que foi homologado pelo Tribunal de Justiça do Paraná.

A defesa do ex-governador afirma que a prisão foi baseada em fatos antigos. Veja o posicionamento completo abaixo

Mesada e encontros

No pedido de prisão, os promotores dão mais detalhes de como teria sido a atuação de Richa, e também do empresário Jorge Atherino , para obstruir as investigações. Atherino, conhecido como Grego, também foi preso na manhã desta terça-feira (19).

Segundo o pedido, ambos “agiram de forma concatenada e incisiva, recorrendo-se a diferentes expedientes, para evitar que os fatos criminosos viessem à tona e as atividades da organização criminosa fossem prejudicadas”.

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Na coletiva concedida pela manhã, Batisti detalhou que as tentativas envolveram o pagamento de uma mesada e encontros com Fanini, entre os anos de 2015 e 2017. Beto Richa teria falado pessoalmente com o ex-diretor da Seed no sentido de obstruir as investigações.

Investigações e efeitos dos desvios

Além das tentativas de atrapalhar as investigações o documento apresenta outros elementos para embasar o pedido de prisão de Richa, Atherino e também de Ezequias Moreira, ex-secretário na gestão do tucano. No caso do ex-governador, os promotores apontam que Richa vem “praticando atos ilícitos há décadas”.

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O texto cita outras operações em que Richa é investigado, entre elas a Operação Integração, sobre desvios em contratos de pedágio no Paraná. Em janeiro, o tucano foi preso por desdobramentos dessas investigações, mas acabou solto por uma decisão do Superior Tribunal de Justiça.

Outro argumento utilizado é o de garantia a ordem pública, relacionado às consequências dos desvios para os estudantes da rede pública. Segundo levantamento feito pelo MP, R$ 22 milhões foram desviados. Não houve recuperação desses valores.

Outro lado

A defesa do ex-governador se pronunciou por meio de nota. O texto é assinado pelo advogado Guilherme Brenner Lucchesi. Veja a íntegra:

A defesa de Carlos Alberto Richa esclarece que a determinação de prisão exarada hoje não traz qualquer fundamento. Tratam-se de fatos antigos sobre os quais todos os esclarecimentos necessários já foram feitos. Cumpre lembrar que as fraudes e desvios cometidos em obras de construção e reforma de colégios da rede pública de ensino foram descobertos e denunciados pela própria gestão do ex-governador Beto Richa. Por orientação do ex-governador, no âmbito administrativo, todas as medidas cabíveis contra os autores dos crimes foram tomadas. A defesa repudia o processo de perseguição ao ex-governador e a seus familiares; todavia, segue confiando nas instituições do Poder Judiciário.

O advogado Marlus Arns de Oliveira, que atua na defesa de Ezequias Moreira, informou que se manifestará nos autos do processo.

Carlos Alberto Farracha de Castro, advogado de Jorge Atherino, informou que a defesa ainda está analisando o processo, mas disse que os fatos que embasaram o pedido de prisão são de 2014 e que o cliente já tinha se colocado à disposição do Ministério Público e da Justiça para prestar esclarecimentos.

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