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Bolsonaro e Temer durante posse na terça-feira (1º). | Valter Campanato /Agência Brasil
Bolsonaro e Temer durante posse na terça-feira (1º).| Foto: Valter Campanato /Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) decidiu manter a nomeação de Carlos Marun para uma das cadeiras do Conselho de Administração da Itaipu Binacional. No seu último dia à frente do Palácio do Planalto, Michel Temer (MDB) exonerou Carlos Marun do cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo e, em seguida, o nomeou para exercer a função na hidrelétrica até 2020. O salário para o cargo na binacional está entre R$ 20 mil e R$ 25 mil. 

A confirmação foi feita pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), durante entrevista à imprensa no final da tarde desta quarta-feira (2). “O presidente tomou a decisão de respeitar um ato do presidente Temer. Marun era uma pessoa da confiança do presidente Temer. E Bolsonaro, ao meio-dia de hoje (2), avaliou manter Manrun, num gesto de boa vontade com o presidente Temer, e até agradecido pela forma como se deu a transição”, disse Lorenzoni.

Horas antes, o próprio vice-presidente Hamilton Mourão defendia a anulação do ato. “Pode não ser ilegal, mas [a nomeação] não foi ética. Todo mundo sabe que o ex-presidente fez isso como prêmio”, disse Mourão, em entrevista à jornalista Andréia Sadi (GloboNews)

A trajetória do nomeado

Marun foi eleito deputado federal em 2014 pelo MDB de Mato Grosso do Sul, mas estava licenciado para exercer o cargo de ministro. Sua passagem pela Câmara dos Deputados foi marcada pela defesa veemente do aliado Eduardo Cunha (MDB-RJ), ex-presidente da Casa e hoje preso no âmbito da Operação Lava Jato

Para assumir a cadeira na hidrelétrica, Marun renunciou ao mandato no parlamento, que seguiria até o próximo dia 31, e o nome do político já consta na página oficial da Itaipu Binacional. Ele não disputou as eleições de 2018.

Na Secretaria de Governo, Marun foi quem conduziu as negociações com integrantes da hidrelétrica para tentar tirar do papel duas obras de infraestrutura. Trata-se da segunda ponte em Foz do Iguaçu, no Rio Paraná, e da ponte no Rio Paraguai, ligando Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, a Carmelo Peralta, no Paraguai. No final de 2018, o governo federal confirmou que a Itaipu Binacional irá assumir os custos das obras.

Como funciona o conselho de Itaipu

Na Itaipu Binacional, Marun substituiu Frederico Matos de Oliveira, cujo mandato seguiria até 16 de maio de 2020. O Conselho de Administração se reúne a cada dois meses. 

Além de Marun, há outros cinco conselheiros brasileiros no colegiado: Paulo Mesquita, Orlando Pessuti, Paulo Pedrosa, Adailton Teixeira e Samantha Meyer.

O que ficou acordado entre Bolsonaro e Ratinho Jr

Como mostrou o blogueiro João Frey em dezembro, formalmente quem escolhe o diretor-geral de Itaipu é o presidente da República. Não raro, entretanto, a definição do presidente ratifica indicações de forças políticas do Paraná. Foi assim quando Michel Temer nomeou Luiz Fernando Leone Vianna por indicação do então governador Beto Richa (PSDB) e também quando, ao substituí-lo, acatou o nome de Marcos Stamm – atual diretor-geral brasileiro – indicado pelo MDB do Paraná, especificamente pelo grupo do ex-governador Orlando Pessuti.

Com Jair Bolsonaro (PSL) na Presidência da República e Ratinho Junior (PSD) no governo do Paraná, a escolha do comandante da hidrelétrica deve seguir o mesmo modelo: Ratinho indica e Bolsonaro nomeia.

Apesar de o mandato do atual diretor-geral ir até maio de 2022, o Anexo “A” do Tratado de Itaipu prevê que “a qualquer momento os governos poderão substituir os Membros da Diretoria Executiva que houverem nomeado”.

Parlamentares próximos a Ratinho dizem que existe a possibilidade de um militar ser escolhido para o cargo, o que agradaria a Bolsonaro. O diretor-geral brasileiro da hidrelétrica recebe mensalmente R$ 69.656,35 – em valores brutos. 

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