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Fachada da casa da família Carli em Guarapuava. | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Fachada da casa da família Carli em Guarapuava.| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Às vésperas de ser levado ao banco dos réus, o ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho tem uma vida reclusa, aberta apenas aos amigos mais próximos. Segundo pessoas que mantêm relativa proximidade com a família, além da rotina em Guarapuava, sua cidade natal, ele passa alguns períodos em Curitiba e em São Paulo.

Ao longo dos últimos anos, o ex-deputado se casou sem alarde com uma mulher de Guarapuava e que hoje integra a diretoria da 92 FM, uma das rádios que estão nas mãos dos Ribas Carli.

Na cidade natal, mesmo os vizinhos do casarão em que os pais dele moram muito raramente veem Fernando Filho – como é chamado na região. No último dia 17, por exemplo, ele completou 35 anos e não houve indícios de comemoração na residência da família – diz-se que o aniversariante passou a semana toda em Curitiba.

Carli Filho é acusado de provocar o acidente de carro que gerou a morte de Gilmar Rafael de Souza Yared e de Carlos Murilo de Souza, na madrugada de 7 de maio de 2009, em Curitiba. O júri popular está marcado para terça (27) e quarta-feira (28). Veja quem é o juiz do caso Carli Filho e qual o papel dele no júri.

Desde o acidente, o ex-deputado não mantém redes sociais abertas e evita se deixar fotografar. A última aparição pública de que se tem notícia ocorreu em dezembro do ano passado, quando a outra emissora do clã – a Rádio Cacique – fechou parceria com o Grupo Massa e passou a transmitir sob a marca Massa FM. Em uma das fotos do evento de inauguração da nova rádio, Carli Filho aparece com Ratinho Jr (PSD); o pai, o ex-prefeito Luiz Fernando Ribas Carli; e o irmão Bernardo Ribas Carli (PSB).

Carli Filho também já não frequenta locais em que costumava ser visto após o acidente, como a Catedral Nossa Senhora de Belém. Segundo fiéis e funcionários, faz pelo menos dois anos que o ex-deputado não aparece no templo. Foi nesta igreja que, em novembro de 1995, ele foi crismado, tendo como padrinho o tio, o deputado estadual Plauto Miró (DEM). Hoje, nem Fernando Filho nem qualquer familiar direto figura na planilha de dizimistas da catedral.

Daniel Caron/Gazeta do Povo

Após ter perdido o mandato de deputado, Carli Filho passou a exercer o papel de diretor da 92 FM, onde costuma passar as tardes em que está na cidade. Da rádio, vai direto à residência no bairro Trianon, onde mora com a esposa. O ex-parlamentar também fez toda a costura para que a Rádio Cacique passasse a ostentar a bandeira do Grupo Massa. Em ambas as emissoras, atua apenas nos bastidores.

Segundo pessoas que mantêm relativa proximidade com a família, a rotina de Carli Filho não se restringe a Guarapuava. Com certa regularidade, ele passa alguns períodos em Curitiba e em São Paulo. É nessas ocasiões em que ele aproveita para sair com amigos. Em 2014, por exemplo, o ex-deputado foi fotografado em um show da banda norte-americana Guns n’ Roses, na Vila Capanema, na capital paranaense.

Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo/ Arquivo

Em silêncio

A Gazeta do Povo foi até a casa em que moram os pais de Carli Filho, mas a empregada que atendeu o interfone disse que Fernando e Ana Rita, os pais dele, haviam viajado, sem previsão de volta.

A reportagem também esteve na sede da 92 FM, onde Carli Filho e sua esposa trabalham, no entanto os funcionários alegaram que o casal também estaria em viagem. Nem o pai nem o filho ligaram para o número de telefone disponibilizado pelo repórter para que eles se manifestassem.

A defesa de Carli tem reiterado ao longo dos últimos contatos que não vai se pronunciar.

Relembre o caso

A colisão que matou Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida ocorreu na madrugada de 7 de maio de 2009. Carli Filho ficou ferido no desastre e chegou a ser hospitalizado. Um exame feito a partir de material colhido no hospital em que ele foi atendido apontou que o então deputado estava embriagado – tinha 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue: quatro vezes mais que o permitido. O resultado, no entanto, foi desconsiderado como prova pela Justiça porque Carli Filho estava desacordado no instante em que o exame foi feito.

Além disso, laudos do Instituto de Criminalística comprovaram que, no instante da colisão, o Passat dirigido por Carli Filho estava a uma velocidade entre 161 km/h e 173 km/h. O ex-deputado também estava com a carteira de habilitação vencida e sequer poderia estar dirigindo.

A defesa do réu tem apostado na tese de que a culpa pela colisão é dos jovens mortos. Segundo os advogados de Carli, o Honda Fit não respeitou a preferencial – que era a via por onde o carro do ex-deputado trafegava. No instante da colisão, o semáforo estava desligado.

Em fevereiro de 2014, a 1.ª Câmara Criminal do TJ-PR entendeu que havia indícios de que Carli Filho assumiu o risco de matar ao dirigir em alta velocidade e depois de ingerir bebida alcoólica.

Em maio de 2016, em mais um capítulo polêmico dessa história, Carli Filho divulgou um vídeo pedindo perdão às mães dos jovens mortos. Em resposta, Chistiane Yared, mãe de uma das vítimas, reagiu imediatamente, dizendo que o ex-deputado estava “sete anos atrasado para o enterro” do filho dela e que não percebeu sinceridade no pedido de perdão.

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