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O julgamento da apelação de Luiz Fernando Ribas Carli Filho, que se estendeu até a noite de quinta-feira (13), em nada lembrou o júri popular, realizado em fevereiro. Desta feita, não houve fila de curiosos para assistir, nem ampla cobertura em tempo real pela imprensa. Mas não faltaram momentos tensos e explosões emotivas na sala de 100 metros quadrados, no primeiro andar no Tribunal de Justiça, em que o futuro do ex-deputado estadual foi decidido.

Carli Filho, ao contrário do que aconteceu no júri, não compareceu à apelação da sentença que o condenou pelas mortes de Carlos Murilo de Almeida e Gilmar Rafael Yared, numa colisão de trânsito em 2009. Não há obrigatoriedade da presença do réu. Por outro lado, a deputada federal Christiane Yared (PR), mãe de Gilmar Rafael, deixou claro que acompanharia de perto o desfecho do caso – chegou ao Tribunal pouco antes das 18 horas. Vera Lucia de Carvalho, a mãe de Carlos Murilo, não foi à apelação – esteve representada pelo advogado da família.

A análise do caso começou logo depois das 19 horas – depois de quase sete horas de sessão na 1ª Câmara Criminal. Foi o último processo do dia, a pedido do advogado Roberto Brzezinski Neto, que estava em uma audiência na Justiça Federal. Após a sustentação oral da defesa e da acusação, o juiz substituto Naor Ribeiro de Macedo Neto, relator do caso, leu o voto. Ele destacou que a ação tramitou com celeridade no Tribunal – poucos meses – e falou por mais de meia hora, apontando juristas e jurisprudências que embasaram o posicionamento. Ao final, usou parâmetros diferentes, mas chegou à mesma pena que havia sido definida durante o júri.

O segundo voto foi do desembargador Clayton Camargo. Ele começou dizendo que entendia a dor das mães que perdem os filhos, pois um irmão morreu em um acidente de trânsito e viu o sofrimento da mãe. Nessa hora, embargou a voz. Disse também que era amigo do avô de Gilmar Rafael Yared e que não poderia imaginar que um dia estaria analisando o homicídio do neto dele. Contudo, apesar da relação de proximidade, disse que jamais se declarou suspeito em uma votação, alegando que tem discernimento para separar a vida pessoal e os aspectos jurídicos, e seguiu na apreciação do caso.

No meio da leitura do voto, Clayton Camargo disse que estava percebendo risos na plateia e ameaçou mandar retirar a pessoa da sala, caso o deboche continuasse. Os presentes se entreolharam incrédulos, enquanto o desembargador falava sobre a necessidade de respeito. Depois de um momento em suspense, o magistrado continuou lendo o voto. No fim, declarou que concordava com os argumentos da defesa, de que a confissão de Carli Filho não havia sido considerada como redutor de pena e de que as circunstâncias usadas para aumentar o tempo de prisão eram típicas de homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar). Assim, apontou que deveria ser aplicada a pena mínima para o caso, correspondente a 7 anos.

Já passava das 21 horas quando o desembargador Miguel Kfouri Neto proferiu seu voto, concordando com o relator apenas quanto à reprovação pela conduta social – ou seja, o entendimento de que Carli Filho, por ser político, era conhecedor das leis e sabedor de suas responsabilidades, e por isso fazia jus a uma pena maior. Assim, propôs 7 anos, 4 meses e 20 dias de pena. Com dois votos a um por uma pena inferior a 8 anos, o ex-deputado escapou de cumprir a pena em regime fechado (presídio).

Ao final da sessão, enquanto a defesa discretamente comemorava o resultado, Christiane Yared se dirigiu aos magistrados e falou, em alto e bom som: “Por misericórdia, eu espero que não nasça mais nenhum filho no Brasil, para que nenhuma mãe mais precise passar por isso.” Ela havia chorado durante vários momentos das três horas de julgamento e lamentou o resultado do julgamento, considerando que a punição deveria ser exemplar, mostrando que crimes de trânsito têm consequências e, assim, inibindo que situações como aquela se repetissem.

Entenda o que aconteceu no julgamento:

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