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Wagner Mesquita ficou dois anos e oito meses no cargo | Albari Rosa/Gazeta do Povo/Arquivo
Wagner Mesquita ficou dois anos e oito meses no cargo| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo/Arquivo

O atual secretário de Segurança Pública, Wagner Mesquita, dificilmente se manterá no cargo. Dez fontes consultadas pela Gazeta do Povo e ligadas ao governo ou a forças de segurança do estado dão a queda como certa. Desde o início da semana, o governo corre para definir o substituto, que deve sair das fileiras da Polícia Militar (PM). Um dos favoritos para assumir a pasta é o comandante da PM, coronel Maurício Tortato.

Mesquita é delegado da Polícia Federal e está há dois anos e oito meses no cargo. Ele está em férias nos Estados Unidos e, segundos fontes do governo, a situação do secretário deve ser definida assim que ele regressar ao Paraná. À reportagem, Mesquita disse que, por ora, prefere não se manifestar.

Na terça-feira (23), representantes da do governo se reuniram com oficiais da PM e representantes da cúpula da Polícia Civil, para definir o futuro da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp). Mais indicado para assumir a pasta, Tortato tem aval dos oficiais da PM, que desde o ano passado entraram em rota de colisão com Mesquita. Em nota divulgada nesta quarta-feira (24), o deputado estadual Mauro Moraes (PSDB) afirmou que Mesquita será destituído e que Tortato deve ser o novo secretário.

“Pelo excelente trabalho exercido dentro da Polícia Militar, não tenho dúvida de que Tortato será escolhido para assumir a Sesp”, destacou o parlamentar.

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A nomeação de um PM também indicaria o fortalecimento da corporação na atual gestão – e, indiretamente, o poder de influência dos oficiais no governo do estado. A Associação dos Oficiais da PM (Assofepar), por exemplo, aponta como positiva a eventual escolha por Tortato. A entidade foi uma das que pressionou pela queda de Mesquita, principalmente por causa da discordância em relação à fatia do orçamento da Sesp destinada à corporação – e que, segundo a Assofepar, teve redução drástica.

“Acredito que ele [Tortato] possa fazer uma administração mais equilibrada na secretaria, fazendo as correções que precisam ser feitas no orçamento”, disse o coronel Izaías de Farias, da Assofepar. “O secretário [Mesquita] estava fazendo distribuição injusta de recursos, afetando não só a PM, mas também a Polícia Científica”, apontou.

O nome de Tortato, no entanto, está longe de ser unanimidade na Polícia Civil. No comando da PM, uma das principais crises que enfrentou diz respeito ao episódio do recall dos coletes balísticos da corporação. Segundo a investigação, o coronel teria autorizado o recondicionamento dos equipamentos de segurança. Por isso, o atual comandante da corporação chegou a ser indiciado, na época.

O presidente da Associação dos Delegados do Paraná (Adepol), João Ricardo Képes Noronha, disse que a entidade acompanha “com tranquilidade” o processo de remanejamento na Sesp e destacou que todas as forças de segurança têm nomes que podem contribuir com “o momento de reconstrução da segurança pública do Paraná”.

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“A classe dos delegados só não aceita nomes que foram indiciados em inquéritos recentes da Polícia Civil, e que sempre se colocaram como inimigos da Polícia Judiciária, fora isso tudo que vier para somar e reconstruir será bem vindo”, destacou Noronha.

Outros nomes da PM “correm por fora”, como eventuais opções para substituir Mesquita. Entre eles, estão o coronel Adilson Castilho Casitas e o coronel Élio de Oliveira Manoel.

Desgaste crescente

Apesar de o embate com os oficiais da PM ter sido decisivo para o estremecimento de Mesquita com o governo, o secretário já vinha enfrentando crises profundas que arrastavam, como a superlotação de carceragens de delegacias e a defasagem estrutural da Polícia Científica. Apesar disso, na semana anterior, ele comemorou a redução dos índices criminais do estado, principalmente a taxa de mortes violentas, que caiu ao menor patamar em dez anos.

Em entrevista coletiva concedida na terça-feira, o governador Beto Richa (PSDB) sinalizou publicamente que a relação com Mesquita estaria afetada. A gota d’água seria o episódio em que o Instituto Médico-Legal (IML) demorou mais de 13 horas para recolher o corpo de um jovem assassinado. “É o tipo de situação que eu não aceito no governo”, disse o governador.

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