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O pré-candidato ao governo do Paraná, Osmar Dias | Hugo Harada/Gazeta do Povo/Arquivo
O pré-candidato ao governo do Paraná, Osmar Dias| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo/Arquivo

Na esteira das delações da Odebrecht, homologadas em janeiro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-senador Osmar Dias (PDT) já é formalmente alvo de um inquérito policial sob o guarda-chuva da Justiça Federal do Distrito Federal (JF-DF). Pré-candidato ao governo do Paraná nas eleições de 2018, Osmar não detém hoje mandato eletivo e, por isso, investigações envolvendo seu nome podem tramitar na primeira instância do Judiciário.

A investigação foi aberta com base no relato do delator Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental. Em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República (PGR) em 13 de dezembro de 2016, Reis disse que a campanha eleitoral de Osmar ao governo do Paraná, no ano de 2010, teria recebido R$ 500 mil por meio de caixa 2 (ou seja, sem prestação de contas oficial à Justiça Eleitoral).

O dinheiro teria sido pedido pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que já foi ministro das gestões petistas e deputado federal, mas também não detém foro especial atualmente. Mas o valor do repasse, segundo Reis, teria sido combinado diretamente com Osmar. Lupi também é citado em outras situações ilícitas pelo mesmo delator, referentes às eleições de 2014.

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Em abril, o ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato, acolheu pedido da PGR para enviar o relato envolvendo os dois políticos à JF-DF. Mas, dias depois, a defesa do ex-senador entrou com um recurso contra a decisão: Roberto Brzezinski Neto, advogado de Osmar, queria desmembrar o caso – para que as investigações sobre Osmar e Lupi tramitassem separadamente – e, posteriormente, levar a apuração dos fatos envolvendo o ex-senador para a Justiça Eleitoral do Paraná, e não para a JF-DF. Em maio, contudo, sem dar explicações, Brzezinski desistiu do recurso e Fachin enviou o assunto à Justiça Federal em Brasília. 

Oficialmente, o caso saiu das mãos do STF em 3 de junho de 2017. Depois, o inquérito foi aberto no âmbito da JF-DF, na 10ª Vara de Brasília, mas os investigadores não dão informações à imprensa sobre o andamento da apuração. A Gazeta do Povo também entrou em contato com o advogado de Osmar, mas ele não quis se manifestar sobre o assunto.

Quase 80 pessoas ligadas ao Grupo Odebrecht fizeram delações na PGR, mencionando políticos. O atual governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e a senadora Gleisi Hoffmann (PT) também foram citados e já são alvos formais de inquéritos. A investigação contra Richa tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde junho. O caso de Gleisi está no STF.

Na Odebrecht, segundo Reis, Osmar recebeu o codinome “Caim”. “Justamente pela briga dele com o irmão, Alvaro Dias, me ocorreu a referência a Caim e Abel”, comentou o delator.

Outro lado

Na época em que o caso veio à tona, em abril, Osmar negou com veemência ter recebido de forma ilegal dinheiro da Odebrecht para sua campanha de 2010. Disse que nunca esteve com Reis, que nem conhece o delator. “Eu nunca recebi um centavo da Odebrecht. Fui candidato a governador, não tesoureiro da campanha”, reforçou o ex-senador. Na ocasião, Lupi também rechaçou a narrativa do delator e isentou Osmar de qualquer responsabilidade sobre os recursos oriundos do diretório nacional do PDT.

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