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Osmar Dias na eleição de 2010: senador nega irregularidades. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo/Arquivo
Osmar Dias na eleição de 2010: senador nega irregularidades.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo/Arquivo

O pedido de investigação contra o ex-senador Osmar Dias (PDT) no âmbito da “megadelação” da Odebrecht tem origem na participação dele na disputa pelo governo do Paraná em 2010. Segundo o delator Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, a campanha de Osmar teria recebido R$ 500 mil por meio de caixa 2 (ou seja, sem prestação de contas à Justiça Eleitoral), a pedido do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Osmar nega qualquer irregularidade.

Em depoimento dado em 13 de dezembro de 2016, Reis afirma que o acordo para a doação começou num jantar com Lupi, então ministro do Trabalho do governo Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele me disse: um dos nossos objetivos é eleger um governador. E eu tenho muita chance de eleger um governador, que é o governador do Paraná, o Osmar Dias. Eu preciso de um apoio em caixa 2”, afirma Reis.

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O delator diz que isso deve ter ocorrido “do meio para o final da campanha”. Osmar foi derrotado naquela eleição por Beto Richa (PSDB), ainda no primeiro turno. “Eu disse a ele que sim, que a gente aceitava, que a gente apoiaria o Osmar Dias”, diz Reis. “Ele marcou que no dia seguinte eu fosse vê-lo no gabinete dele como ministro. Fui vê-lo no ministério. E ele me apresentou o senador Osmar Dias”, afirma. (assista ao relato do delator )

No gabinete

Reis diz no depoimento que naquela mesma tarde foi ao gabinete de Osmar no Senado para combinar detalhes do repasse. “Combinamos a contribuição de R$ 500 mil. Ele me deu com certeza o telefone de uma pessoa dele que operacionalizaria isso. Eu passei para o Setor de Operações Estruturadas”, diz Reis, em referência ao departamento da Odebrecht que fazia as doações ilegais de campanha.

Na Odebrecht, segundo Reis, Osmar recebeu o codinome “Caim”. “Justamente pela briga dele com o irmão dele, Alvaro Dias, me ocorreu a referência a Caim e Abel. E nós efetivamente fizemos esse pagamento de 500 mil [reais]”, afirma.

O pedido de investigação contra Osmar, que no momento não tem foro privilegiado por estar sem mandato, foi enviada para a Procuradoria da República do Distrito Federal, que deverá remeter o caso à Justiça Federal no Paraná para decidir se abre ou não inquérito.

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Outro lado

Por telefone, Osmar Dias disse à reportagem que, como candidato, não participava da arrecadação de recursos para a campanha. Mas defendeu que não recebeu verba da Odebrecht, não conhece ninguém da empreiteira e nem pediu doações à empresa. “O dinheiro do diretório nacional veio de forma oficial. Como ele seria colocado na conta do partido se não fosse dinheiro lícito? Estou sendo condenado publicamente por uma delação que sequer conheço o teor”, criticou o ex-senador.

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Osmar disse que não conhece Fernando Reis. “Nunca tive esse encontro com ele. Essa conversa nunca existiu e eu nunca recebi um centavo da Odebrecht. Estou sendo usado nessa história e vou fazer uma interpelação judicial”, disse o ex-senador. “Fui candidato a governador, não tesoureiro da campanha”, afirmou.

Ex-ministro e atual presidente do PDT, Carlos Lupi isentou Osmar de qualquer responsabilidade sobre os recursos oriundos do diretório nacional da legenda na campanha de 2010. Em nota, Lupi afirmou que os recursos repassados a Osmar naquela eleição são de “exclusiva responsabilidade” do diretório nacional do PDT. Ele ressaltou ainda que nem o ex-senador nem ninguém do partido “autorizaram intermediações de recursos com qualquer empresa que não fosse de forma oficial”. “É importante deixar claro que os repasses realizados foram oficiais, registrados e devidamente contabilizados conforme determina legislação eleitoral”, disse no texto.

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