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Uma das metas é aumentar o tempo de permanência  do turista. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Uma das metas é aumentar o tempo de permanência do turista.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Com 14 regiões turísticas e mais de 2 mil atrações distribuídas em 283 municípios – sendo um deles, Foz do Iguaçu, um dos principais destinos do país –, o Paraná não é exatamente deficiente neste setor. Porém, aeroportos limitados, rodovias cheias de caminhões e vocações pouco aproveitadas atrapalham um melhor desempenho. Há consenso entre governo, empresariado e especialistas de que ainda há muito o que melhorar na estrutura.

Para tentar aproveitar melhor o potencial, o governo estadual está apostando em incentivos à iniciativa privada e em mais divulgação em outros estados e países. Ao mesmo tempo, busca mais articulação política para viabilizar melhorias em infraestrutura, como as que são esperadas nos aeroportos.

A meta é aumentar em pelo menos 30% o tempo de visita das cerca de 16 milhões de pessoas que se deslocam pelo Paraná a cada ano. Atualmente, os turistas ficam no estado, em média, entre quatro e cinco dias e geram uma receita estimada em R$ 17 bilhões por ano.

A Paraná Turismo, autarquia que tem a atribuição de executar a política turística local, tem orçamento um tanto limitado: pouco mais de R$ 5 milhões ao ano. Para compensar essa deficiência, a área conta com apoio de outras pastas, a partir de orientação do próprio governador Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD), que incluiu em seu plano de governo a meta de estimular o setor “com a atração de mais visitantes” e com incentivos ao paranaense para “conhecer mais o seu próprio estado”.

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Da Secretaria de Comunicação Social, por exemplo, espera-se que 35% dos recursos de mídia sigam para a divulgação do turismo. O tema também deve ganhar maior destaque na TV Educativa. Mais ajuda, tanto na estrutura como no orçamento, deve vir da Agência Paraná de Desenvolvimento (APD).

O presidente da Paraná Turismo, João Jacob Mehl, conta que algumas propostas já começaram a ser implantadas, apesar de sofrerem atraso por causa da reforma administrativa que continua em curso no governo. Mas uma campanha já começou a ser veiculada nos meios de comunicação. Em seguida, outras ações devem focar em turistas internacionais e de estados próximos como São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Outra ideia é abrir à iniciativa privada a possibilidade de exploração de serviços em parques como o de Vila Velha, em Ponta Grossa, do Guartelá, em Tibagi e do Monge, na Lapa, ou em seus entornos. Jacob Mehl garante que não há intenção em conceder os parques em si, mas vê espaço para criar parcerias que melhorem estruturas de acesso, sinalização e opções de alimentação e hospedagem.

“A iniciativa privada é que faz a coisa acontecer. Nós temos é que criar o projeto, a facilidade”, diz, apontando o exemplo de Foz do Iguaçu. “Era uma cidade de um dia só de permanência. Mas os empresários criaram hotéis, museus, bares temáticos, centros de convenções. Hoje, se os turistas ficam uma semana, é porque a iniciativa privada criou essas opções”, afirma.

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O presidente da Paraná Turismo também vê a possibilidade de ser construída uma marina pública em Guaratuba. O projeto está pronto e com verba destinada, segundo ele. Ele ainda conta, a curto prazo, com a conclusão da restauração da estação de trem de Antonina.

Estrutura

No entanto, as iniciativas podem acabar não surtindo efeito se outros problemas estruturais não forem contornados. É o que pensa o professor da PUCPR e mestre em gestão urbana Marlos Hardt, para quem o grande gargalo do setor turístico – não só paranaense mas nacional – é a infraestrutura. “Temos um problema muito sério de mobilidade no Paraná, e que está se agravando”, avalia.

Segundo ele, fatores como pedágios com preços muito altos e questões burocráticas como as que causaram uma redução nos voos dentro do Estado – o número de passageiros caiu 60% e o preço médio dos bilhetes aumentou 75% nos últimos quatro anos devido, entre outros fatores, a um aumento no imposto sobre o querosene da aviação – acabam “jogando contra o nosso turismo”.

O transporte viário passa por outro complicador, lembra Hardt. Os turistas em trânsito pelas rodovias locais são obrigados a dividir as estradas com um grande número de caminhões que transportam safras. Assim, ele pensa que o estado perde um potencial que poderia ser melhor aproveitado. “Turistas chegam em Foz do Iguaçu de avião e de lá voltam diretamente para suas cidades, sem conhecer outros locais”, diz.

Outro potencial subaproveitado, de acordo com o especialista, é o de explorar melhor as vocações locais, como a cultura caiçara, no Litoral, ou outras manifestações típicas derivadas da imigração europeia. Hardt também considera que eventuais campanhas devem se preocupar mais com o público-alvo. Não adianta, para ele, atrair turistas de países como a China, por exemplo, se na cadeia do turismo local não há pessoas qualificadas o suficiente para se comunicar com esses turistas.

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G5 turístico

O setor empresarial tem demonstrado sintonia com as intenções do governo. Em dezembro de 2018, algumas entidades importantes se uniram e formaram o chamado “G5 do turismo”, que congrega o Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação (SEHA), a Associação Brasileira das Agências de Viagens do Paraná (Abav-PR), a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Paraná (Abrasel-PR), a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Paraná (ABIH-PR) e a Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR).

O alinhamento vai até além das propostas. O vice-governador Darci Piana, por exemplo, é presidente da Fecomércio-PR. Já João Jacob Mehl, além de liderar a Paraná Turismo, também comanda a SEHA. No último dia 7, enquanto governador em exercício, Piana recebeu os representantes do G5 e da Paraná Turismo para discutir o impulsionamento do setor.

Entre os temas da reunião foi debatida a redução do ICMS do querosene das aeronaves e a questão da concessão dos aeroportos. No caso dos leilões, as contrapartidas esperadas pelo Paraná passam pelo aumento das pistas ou construção de terceiras pistas para receber voos internacionais. Outra exigência é mais tecnologia para permitir decolagens e pousos com mau tempo e reestruturação dos acessos e estacionamentos.

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