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Fernando Francischini (PSL) afirma que a esquerda é culpada pelo atentado sofrido por Bolsonaro. | Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo
Fernando Francischini (PSL) afirma que a esquerda é culpada pelo atentado sofrido por Bolsonaro.| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

Delegado Francischini (PSL) pegou uma mala pequena e correu para o aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, assim que soube da facada que atingiu o abdômen do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), na última quinta-feira (6). Ele embarcou no primeiro voo em direção a Minas Gerais e chegou em Juiz de Fora na madrugada de sexta (7). No mesmo dia, feriado da Independência, participou da audiência de custódia de Adélio Bispo de Oliveira e articulou junto à Polícia Federal (PF) a aprovação de dois requerimentos sobre quebra de sigilo telefônico e bancário do investigado e transferência dele para uma penitenciária federal.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Francischini afirmou que Bolsonaro deveria participar de um evento em Curitiba na próxima segunda-feira (17) e que o comício está mantido mesmo assim. No bate-papo, acusou a esquerda, reforçou uma frase do filho Felipe Francischini que repercutiu ao longo do final de semana sobre “a máscara da esquerda nas mortes de Eduardo Campos (ex-presidenciável) e Teori Zavascki (ministro do STF)” e reforçou que há “indícios de que ele agiu a mando de alguém”.

A suspeita de Francischini apareceu pela primeira vez em uma live do seu Facebook neste domingo (9). Ele citou o envolvimento de quatro advogados particulares, viagens de Bispo pelo país, quatro celulares apreendidos e que o suspeito “poderia ser morto pelas pessoas que encomendaram o crime”. A Polícia Federal apura o envolvimento de dois suspeitos que respondem em liberdade e ainda realiza a perícia do material apreendido na pensão onde Bispo se hospedou em Juiz de Fora.

O presidenciável segue internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e terá que passar por uma nova cirurgia para reconstruir o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia.

A procuradora da República Zani Cajueiro, do Ministério Público Federal em Juiz de Fora, que atua no caso, afirmou nesta segunda-feira (10) que Adélio Bispo de Oliveira mostrou “lucidez e coesão” em seu raciocínio na audiência de custódia, o que contrasta com a alegação de insanidade mental que a defesa do pedreiro de 40 anos tem feito. Francischini afirmou que o pedido “pesa contra o investigado”, o que reforça a “suspeita de encobrimento”.

Confira os principais trechos da entrevista

O que muda na estratégia de campanha do partido com Bolsonaro hospitalizado?

É um fato muito ruim, em nenhum momento o partido vai usar o atentado como fato positivo. É triste para a democracia brasileira, não importa se você é de direita ou esquerda, a maioria dos partidos políticos lamentou os acontecimentos. É um crime que não tinha acontecido na história recente do país, a tentativa de assassinato durante uma campanha presidencial. Agora, isso está influenciando e muito o eleitor a definir logo no primeiro turno para evitar que o pessoal do PT volte ao poder. É um fato, não é uma análise. Se há gente no meio político que tem a intenção de que ele não seja presidente, então ele deve ser um bom presidente. O mote da campanha virou ‘somos todos Bolsonaro’ desde a última semana. O fato dele ter sido alvo não ajuda em nada. É uma pessoa que está no hospital, mas criou um clima de comoção muito grande. É cedo para prever a influência disso, mas a pesquisa* mais recente já mostra ele com 30% das intenções de voto.

O partido trabalha com hipótese de primeiro turno?

Sim. Obviamente é a nossa intenção. Estamos trabalhando para isso.

O PSL fez um requerimento ao delegado geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, solicitando quebras de sigilo telefônico e bancário. Por que?

Nós queremos que os mandantes sejam investigados, alguém o incentivou para que cometesse esse crime. E os dois pedidos foram atendidos. A Polícia Federal tem uma equipe deslocada só para isso, apurando as provas. Era alguém sem vínculo familiar há muitos anos, não tinha vínculo de emprego. Era parte de um partido de esquerda e estava sendo doutrinado a odiar o Bolsonaro. Alguém que podem alegar problema de insanidade. Mas era massa de manobra. Na nossa visão foi escolhido, foi filiado ao PSol, esteve no Congresso Nacional com megafone. Era pessoa escolhida, ninguém imaginava que faria o que fez e permanecesse vivo. Seria um suicídio. Até o advogado dele me disse que imaginava que ele sairia morto.

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O senhor tem batido na tecla de que a ação foi coordenada. Por que?

O que mais chama atenção é o seguinte: ele tem quatro advogados particulares, é pobre e preto, preso por tentativa de homicídio. Se achar no Brasil algum outro caso parecido eu desisto de militar na área criminal. Inclusive dois advogados chegaram de avião particular. Tem alguma estrutura financeira preocupada com o que ele vai falar. Eu fiz um requerimento para transferência para penitenciária federal, e foi o pedido adotado pela Polícia Federal. Ele deve ficar isolado em cela. Penitenciária federal nunca teve rebelião, não tem contato, ameaça. Ele não podia ficar num lugar passível de rebelião. Tenho certeza absoluta que tem mais gente [envolvida], a Polícia Federal também. Alguém está bancando. Alguém está bancando porque ele não estava sozinho. Cheguei a falar com os advogados dele: por que não faz delação, fica em local protegido? Mas eles me disseram: ele é maluco, nós vamos pedir incidente de insanidade mental. Isso reforça a impressão de proteção a alguém. Insanidade mental é pior que pena, pode ultrapassar 20, 30 anos. A defesa está preocupada com ele?

O candidato estava com colete à prova de bala?

Não. Estava muito calor, estava sem colete. Mas colete não segura facada. A faca passa pelo colete que nem gelatina.

Houve falha na proteção ao candidato?

De maneira alguma. Quem desvia a facada certeira foi um policial, iria direto no coração, isso saiu nas redes sociais. Conseguiram abafar o criminoso. O Bolsonaro perdeu quatro litros de sangue, teve que usar quatro bolsas de sangue. O que salvou a vida dele foi a velocidade do atendimento.

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O seu filho, Felipe Francischini (PSL), candidato a deputado federal, é acusado de disseminar fake news ao colar na esquerda esse episódio e também as quedas dos aviões de Eduardo Campos e Teori Zavascki. A frase é “Em 2014 foi o Eduardo Campos. Há alguns anos atrás foi o Teori Zavascki, no STF, que estava na relatoria da Lava Jato. Agora foi Jair Bolsonaro. A máscara da esquerda brasileira caiu. Estamos vendo a verdadeira face do PT, do Lula e de todos os seus asseclas”. Como você enxerga?

Muita gente qualifica como fake news, eu acho que é opinião dele. Ele tem o direito de usar a imunidade parlamentar dele para denunciar o que achar. Diferente de uma matéria, é uma opinião dele. É o que separa opinião do fake news. Ele não é jornalista, não tem espaço de mídia. Agora, são episódios de casos muito mal contados que apareceram nos últimos anos...

Mas o senhor não acha que esse discurso reforça uma criminalização da esquerda por parte dos seguidores do seu filho?

Do último episódio não precisa criminalizar, foram eles. Eles se criminalizaram. Tem alguém preso deles, assumidamente de esquerda, militante, que teve presença no Congresso Nacional. Eles se criminalizaram tentando matar o Bolsonaro.

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Em que pé anda a investigação?

A Polícia Federal fez um levantamento e tem mais dois nomes. Estão trabalhando com as provas técnicas agora. Foram apreendidos celulares, tem perícia, muito trabalho. Agora é o trabalho a investigação.

Metodologia

*Pesquisa realizada pelo BTG/FSB de 8/set a 9/ago/2018 com 2.000 entrevistados (Brasil, por telefone). Contratada por: BTG. Registro no TSE: BR-01522/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.

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