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Oriovisto Guimarães, do Podemos | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Oriovisto Guimarães, do Podemos| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Oriovisto Guimarães é mais conhecido como um dos mais importantes empresários do Paraná. Fundador do Grupo Positivo, ele se afastou dos deveres com a empresa e agora deve concorrer a uma vaga ao Senado pelo Podemos a convite de Alvaro Dias, seu amigo pessoal e candidato à Presidência pelo mesmo partido.

Guimarães foi o terceiro pré-candidato a participar da rodada de sabatinas da Gazeta do Povo, na tarde desta terça-feira (2), e garantiu que sua candidatura está confirmada. Na ocasião, o Professor Oriovisto, como deve ser seu nome na urna, contou mais de sua trajetória pessoal, dos tempos de militante estudantil na época da ditadura militar até o momento em que resolveu concorrer pela primeira vez a um cargo político.

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Entrada na política

O Brasil tem visto uma leva de novos políticos vindos da iniciativa privada. Só para a eleição à Presidência deste ano, tivemos a possibilidade de Luciano Huck e a pré-candidatura de Flávio Rocha, dono da Riachuelo. Questionado sobre o que o levou a deixar a iniciativa privada, onde foi tão bem-sucedido, e entrar para vida pública, Guimarães afirmou que sempre foi acostumado ao trabalho e vinha sendo subutilizado na posição em que estava. A vontade de fazer algo pelo Brasil aliada à percepção de que o brasileiro anda descrente com a política motivaram Guimarães, que diz que se candidatou para servir ao Brasil, e não ser servido por ele. E sua trajetória como empresário, segundo ele, não deve ser o que vai ditar o tom de seu discurso como candidato. “A linha que quero adotar é a de propostas. O que fiz no passado é muito diferente. A economia é de mercado, as empresas são de mercado, a nação não, são campos diferentes. Mas nunca deixei de ser um cidadão político, desde os tempos de estudante sempre fui um”, declarou.

Militância estudantil

Oriovisto foi preso em 1968, quando participava como representante do Paraná no 30º Congresso da União Nacional de Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP). Para ele, é preciso antes de tudo contextualizar o momento em que o Brasil vivia. “A realidade era outra, vivíamos um regime militar, com restrições à liberdade, censura à imprensa. Quem não viveu essa fase não sabe como é. Hoje em dia, quando falamos em movimento estudantil, as pessoas ligam ao PT”, afirmou. “Fui interrogado pelo DOI-CODI [orgão de repressão do regime militar]. Foi tudo muito duro. Mas depois a vida me levou por estes caminhos, mas pela iniciativa privada. Casei, tive filhos, fui trabalhar”, disse.

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Esquerda ou Direita?

Em um gancho com este período difícil da história brasileira, o pré-candidato foi questionado sobre como enxerga as manifestações de parte da população que pede por intervenção militar. Segundo ele, os discursos tanto de extrema direita como de extrema esquerda já deveriam estar superados e vêm de pessoas que não compreenderam a sociedade contemporânea. “Existem cafajestes na esquerda e na direita. Eu sou alguém que pensa, que lê, estuda. Existem teses da esquerda que são muito importantes, e também existem ideias e posicionamentos liberais que são absolutamente modernos e precisam ser levados em conta pelo Estado”, acredita.

O tempo de PSDB

Amigo de longa data de Alvaro Dias, Oriovisto chegou a ser filiado ao PSDB, antigo partido de Dias. Nunca concorreu a nada pelo partido, mas conta que Dias tentou convencê-lo a concorrer à prefeitura de Curitiba. Ele, no entanto, nunca teve interesse de entrar no que considera “uma fria”. Sobre o PSDB, conta que tinha afinidade com as ideias de políticos como FHC, mas se desencantou com os escândalos recentes envolvendo políticos como Aécio Neves e José Serra, ambos tucanos.

Os irmãos Dias

Questionado sobre a situação dos irmãos Alvaro e Osmar Dias (PDT), este último pré-candidato a governador do Paraná, o professor, que foi sondado para ser vice de Osmar, acredita que os irmãos vão se entender para que nenhum se prejudique. Ele aponta a baixa rejeição de Alvaro Dias no Paraná e que, caso ele assuma o apoio a um candidato, automaticamente ganha candidatos contra ela, o que pode vir a prejudicar sua campanha para presidência. “Alvaro deve caminhar para uma posição de neutralidade em relação ao governo do Paraná”, apontou.

Financiamento de campanha

Segundo o professor, sua campanha vai ser baseada apenas em opinião, ideias e propostas, e que não vai “despejar um balde de dinheiro” nisso. “A campanha precisa ser limpa e eu quero sair dela de cabeça erguida, mesmo se não ganhar”, afirma.

Reformas

Sobre a Reforma Trabalhista, o pré-candidato disse que ela ainda não está completa e precisa ser aprofundada em alguns pontos, como numa futura reforma sindical. No entanto, ele considera que a reforma foi um pontapé inicial importante para modernizar uma legislação que ele considera anacrônica e que não reflete mais o mercado de trabalho atual.

Já a Reforma da Previdência é considerada um problema matemático: não vai haver dinheiro para pagar pela previdência no Brasil. Além disso, ele defende que o sistema previdenciário seja unificado e não haja diferença entre o que atende trabalhadores da iniciativa pública e da privada. “Não justifica que alguém só porque trabalha para o governo tenha uma aposentadoria privilegiada. Todos nós construímos a nação”, acredita. Perguntado se teria uma proposta sobre a idade mínima, ele preferiu não dar um número, mas disse que “com certeza não será 40 ou 50 anos”.

Para o pré-candidato, a reforma da previdência é absolutamente urgente e deve estar entre as primeiras pautas a serem debatidas pelos políticos eleitos para 2019.

Por último, Oriovisto reforçou a importância de uma reforma política. A facilidade em se criar partidos e ter acesso ao fundo partidário fez com que, segundo ele, isso virasse um verdade empreendimento. Atualmente são 25 partidos com representação no Congresso. “Desafio qualquer ser humano a me apresentar 25 ideologias diferentes. Atualmente temos donos de partidos, é um empreendedorismo político, sem bandeira, sem ideais”, avaliou. Para ele, esta situação também gera ingovernabilidade, o que leva políticos a não mais fazerem coalizões, mas buscarem cooptação dos colegas.

Ele defende o voto distrital como uma forma de a população conhecer melhor seus candidatos e conseguir acompanha-los após a eleição.

Polêmicas

Sobre o casamento de homossexuais, Oriovisto afirmou que isso já é regulamentado e é um direito. “O que é privado, de foro íntimo, não me importa”, afirmou.

Já sobre adoção de crianças por estes casais, o pré-candidato acredita que, antes de tudo, deve-se partir do ponto de vista da criança adotada. “Existem casais heterossexuais sem condições de adotarem uma criança. Não acho que deve haver uma regra, mas sou contra a proibição e acho que cada caso deve ser analisado a partir da criança”, disse.

Em relação à regulamentação do aborto, ele diz que não quer ficar em cima do muro, mas que acredita no respeito à vida desde a concepção. “No entanto, existem muitos casos em que o aborto deve ser regulamentado, sim, em que a mulher deveria ter direito de dispor de seu corpo, principalmente no início da gravidez. Mas deve ser evitado ao máximo”, afirmou.

Oriovisto encerrou a sabatina com um recado aos eleitores, dizendo que é preciso buscar três características nos candidatos: honestidade, conhecimento e vontade de trabalhar. Para ele, apenas a Lei da Ficha Limpa não é suficiente para combater a corrupção no Brasil e os eleitores também têm sua responsabilidade neste momento.

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