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Ratinho J, Cida Borghetti e João Arruda despontam como principais nomes na disputa ao governo | /Gazeta do Povo
Ratinho J, Cida Borghetti e João Arruda despontam como principais nomes na disputa ao governo| Foto: /Gazeta do Povo

“João amava Teresa, que amava Raimundo, que amava Maria, que amava Joaquim, que amava Lili, que não amava ninguém”. O poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, pode servir para ilustrar o jogo de gato e rato (ou de morde e assopra) que são as articulações políticas às vésperas de uma eleição. Um partido precisa coligar com outro partido para construir uma chapa forte (que tenha, por exemplo, mais tempo de televisão). Para isso, os políticos cortejam-se uns aos outros, mas há algumas regras tácitas: um acordo regional aqui pode dificultar um nacional lá e vice-versa. Resultado: nem sempre o namoro vira casamento e, mesmo quando vira, isso pode resultar em alguns corações quebrados no meio do caminho.

Seja como for, perto da data limite imposta pelo calendário eleitoral todos os partidos e candidatos precisam definir seu rumo. E, à exceção de uma certa candidatura de um certo ex-presidente que deve ser impedida pela Justiça Eleitoral, o quadro eleitoral de 2018 está fechado e, salvo situações que fujam à normalidade, deve ser este até as eleições de 7 de outubro.

ELEIÇÕES 2018: conheça os candidatos

O desacerto entre Osmar e Alvaro Dias

Uma dessas situações de acordo nacional que mexe com o regional acabou se tornando o fiel da balança nas eleições paranaenses. A dois dias antes do prazo para definição das candidaturas, o ex-senador Osmar Dias (PDT) anunciou a desistência de disputar o pleito paranaense. Mesmo bem cotado nas pesquisas pré-eleitorais, Osmar ficou sem condições de montar uma coligação forte depois que recusou o apoio do MDB do senador Roberto Requião e viu o irmão Alvaro (Podemos) cooptar o PSC, partido ligado a Ratinho Jr. (PSD) no Paraná, para sua chapa a presidente.

Oficialmente, nenhum irmão falou mal do outro, mas se Alvaro e Osmar nunca foram conhecidos exatamente pelo espírito de camaradagem um com o outro, agora já ganharam outra alcunha: Caim e Abel, como sugeriu o deputado estadual Requião Filho (MDB). Alvaro se defende dizendo que queria o irmão no seu Podemos, onde Osmar poderia ser candidato ao governo do estado e dividir palanque com ele.

Como Osmar ficou no PDT, que tem Ciro Gomes na disputa pelo Palácio do Planalto, nada de acerto. A candidatura local desidratou e o Podemos do Paraná rapidamente pulou para a canoa de Ratinho Jr.

Osmar saiu atirando sem citar nomes, mas um curso básico de interpretação de texto permite deduzir a quem ele se referia quando escreveu que “por ingenuidade ou excesso de confiança acreditei que como eu os políticos de todos os partidos haviam compreendido o momento grave que estamos vivendo” na carta em que anunciou sua desistência.

O movimento dos irmãos Dias reorganizou radicalmente a disputa paranaense. Com o pedetista fora de combate, a tendência é que a eleição se polarize entre Ratinho Jr. e a governadora Cida Borghetti (PP). O nome que corre por fora é o do deputado federal João Arruda (MDB), lançado de última hora ao pleito, mas que gozará de certa estrutura para a briga.

A questão é que se Cida ou Arruda não ganharem corpo na disputa, Ratinho Jr. tende a vencer a eleição já no primeiro turno. Para isso não acontecer, todos os demais candidatos precisam somar a totalidade de seus votos (excluídos nulos e brancos) mais um. A ver.

ELEIÇÕES 2018: acompanhe as notícias sobre o Paraná

O caminho de Beto Richa ao Senado

A desistência de Osmar tornou possível, ainda, abrir caminho para outro candidato, mas este ao Senado: o ex-governador Beto Richa (PSDB). Acossado por denúncias e vendo sua imagem pública derreter aos poucos desde o episódio de 29 de abril de 2015, Richa conseguiu diminuir a concorrência ao posto de senador ao ver a turma de Ratinho lançar apenas um candidato ao posto (Professor Oriovisto, do Podemos) e o aliado de outros tempos, Delegado Francischini (PSL), desistir da corrida.

Em termos um tanto nebulosos, Richa levou o PSDB para a coligação encabeçada pelo PP de Cida Borghetti (e seu marido, o deputado federal Ricardo Barros), que ainda lançou um segundo candidato ao Senado, Alex Canziani (PTB) [nestas eleições serão eleitos dois candidatos a senador], que parece ser o único incômodo ao tucano para além de seus próprios problemas.

Cabe lembrar que muitas vezes as disputas internas ao Senado provocam fissuras permanentes, como aconteceu nas eleições de 2010, quando Gustavo Fruet (então no PSDB, hoje no PDT) foi candidato a senador junto de Barros na chapa de Richa. Fruet não se elegeu por uma margem de votos pequena, atribuindo o resultado à “voracidade” do companheiro de chapa. Resultado: Fruet acabou saindo do PSDB e se tornando adversário de Richa, enquanto este hoje volta a formar chapa com os Borghetti-Barros.

DESEJOS PARA O PARANÁ: planejamento de longo prazo

Como ficam os palanques nacionais no Paraná

O chapão de Cida Borghetti abre caminho para um palanque generoso a Geraldo Alckmin (PSDB) no Paraná. Candidato do centrão (PSDB, PP, PTB, PSD, SD, PRB, DEM, PPS, PR), Alckmin não precisará compartilhar espaço no estado com outros postulantes, como Ciro Gomes e o próprio Alvaro Dias.

Isolado nacionalmente pelo PT, obrigado a formar chapa apenas com o nanico Avante (ex-PTdoB), Ciro terá no estado um palanque dividido com Henrique Meirelles (MDB). Isso porque, depois de Osmar Dias rejeitar a coligação do PDT com o MDB e desistir da própria candidatura, os partidos acabaram entrando em acordo. Com isso, metade da chapa acolherá Ciro, outra metade, Meirelles.

Já Alvaro, apesar de continuar afirmando que apoiaria o irmão Osmar em qualquer condição, “sobrou” no palanque de Ratinho Jr. (depois de vetar que o Podemos do Paraná se coligasse ao PDT de Osmar, alegando conflito na disputa nacional). Nacionalmente, o PSD está com Alckmin, o que deve fazer com que Ratinho não declare voto a nenhum candidato.

Jair Bolsonaro (PSL), por sua vez, sofre com uma coligação de partidos nanicos: o seu próprio e o PRTB de seu vice, General Mourão, o que lhe conferirá apenas 9 segundos no horário eleitoral da televisão. Enquanto o PT isolou o PDT de Ciro Gomes, o PSDB fez o mesmo com Bolsonaro, arregimentando todas as siglas de centro-direita que poderiam dar maior sustentação ao deputado fluminense. Dependendo de muita saliva e sola de sapato (pra não citar redes sociais), Bolsonaro dependerá da estrutura que encontrar nos estados para fazer campanha. No Paraná, seu aliado de primeira hora é Francischini, que parece disposto a sacrificar sua própria candidatura para acolher o candidato a presidente no estado.

Já a frente petista aguarda a provável não confirmação da candidatura de Lula (PT), preso em Curitiba por corrupção e lavagem de dinheiro. O partido já tem seu plano B definido, com o nome de Fernando Haddad (PT) ocupando atualmente a vice mas pronto para encabeçar a chapa e com a deputada gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB) como vice “backup”. No Paraná, com poucas chances de fazer uma boa votação, o partido vai de chapa pura, encabeçada por Dr. Rosinha (PT).

DESEJOS PARA O PARANÁ: eficiência administrativa

Quem são os demais candidatos

Se na disputa local se desenha um embate direto entre Ratinho Jr. (PSD) e Cida Borghetti (PP), o quadro nacional é bem menos previsível, pois depende de como se acomodarão as peças após a confirmação ou não da candidatura de Lula (PT).

No momento, as candidaturas mais viáveis, além da do ex-presidente, são as de Geraldo Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Alvaro Dias (Pode). Disputam ainda o Palácio do Planalto: Cabo Daciolo (Patriota), Eymael (DC), Guilherme Boulos (PSol), João Amoêdo (Novo), João Vicente Goulart (PPL) e Vera Lúcia (PSTU).

No Paraná, outros nomes que correm para tentar uma disputa de segundo turno são: João Arruda (MDB), Dr. Rosinha (PT), Geonísio Marinho (PRTB), Ivan Bernardo (PSTU), Jorge Bernardi (Rede), Ogier Buchi (PSL), Priscila Ebara (PCO) e Professor Piva (PSol).

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