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Osmar Dias (PDT) desistiu de ser candidato ao governo do Paraná | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Osmar Dias (PDT) desistiu de ser candidato ao governo do Paraná| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Era uma hipótese que vinha sendo ventilada há tempos, mas o anúncio da desistência de Osmar Dias (PDT) da corrida pelo governo, na sexta-feira (3), mexeu com o jogo eleitoral no Paraná. Dois dias depois, foi a vez de Renan da Mata (PSC), um nome substancialmente menor, mas que parecia certeza no embate por uma das duas vagas paranaenses no Senado. O aliado de Ratinho Jr. (PSD) cedeu assento ao fundador da Positivo, Oriovisto Guimarães (PDT). Na segunda-feira seguinte quem largou mão foi Fernando Francischini (PSL), também postulante ao Senado – e com alguma chance real de se eleger –, abrindo uma passarela para o ex-governador Beto Richa (PSDB). Desde sempre, o jogo eleitoral foi feito de desistências aos 45 minutos do segundo tempo. Mas não se engane. Contrariando as leis da Física, neste assunto, nem toda queda é para baixo.

Os números nacionais exemplificam o movimento. Um levantamento com base na série histórica do Instituto Datafolha mostra que, em média, desde 1989, na redemocratização, 1 a cada três candidatos abandona a corrida eleitoral para a presidência no meio do caminho. Na disputa de 2018, já saltaram do barco o apresentador Luciano Huck (assediado por diferentes siglas) e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB) – ambos pré-candidatos informais. Mas é bem possível que outros nomes ainda caiam até a votação de 7 de outubro.

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Jogo do faz de conta

Em comum é que raramente estas desistências são por falta de opção. Normalmente são decisões estratégicas em que, nos bastidores, o candidato ou a coligação sai ganhando. “Quando um nome é lançado, isso já é uma estratégia. E muitas vezes a estratégia não é nem chegar às urnas, mas simplesmente fazer algum barulho”, aponta o analista Roberto Gonçalves, doutor em Ciência Política. “É, em algum grau, o que ocorre com o ex-presidente Lula. Ele se lançou sem saber se concorrerá e então, barrado ou desistindo, tentará transferir a sua influência”, diz.

“Tem casos em que o cara se apresenta como candidato a uma eleição majoritária [Senado ou Governo, por exemplo], desiste e concorre a uma proporcional [de deputado]. Isso é para ter alguma capacidade de barganha. Ou então ele se lança como nome a uma majoritária para verificar suas potencialidades em tomada de decisão no partido. Depois, sabendo que a candidatura é inviável e pretendendo manter-se em algum cargo, se lança a uma proporcional”, explica Emerson Cervi, doutor em Ciência Política e professor da Universidade Federal do Paraná. É uma tentativa de valorizar o passe.

Obviamente, o movimento de desistência é um fenômeno das eleições majoritárias. “Nas eleições proporcionais isso é muito mais raro. Nessa disputa, em que o candidato faz parte de uma lista, ele contribui com o partido por estar presente na lista. Em especial se for mulher, por causa dos 30%”, diz Cervi.

É um jogo que acontece desde sempre. Em 2014, por exemplo, o PV barganhou uma vaga de vice na chapa do senador Roberto Requião (MDB) após retirar a candidatura da então deputada federal Rosane Ferreira (a chapa foi derrotada pela de Beto Richa). Em 2016, na corrida pela prefeitura de Curitiba, Luciano Ducci (PSB) também desistiu para apoiar Rafael Greca (PMN). Essa aposta deu certo. Greca venceu e Ducci conseguiu aliados em postos importantes de algumas pastas municipais.

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Mas o tiro pode sair pela culatra para os desistentes da vez. “Hoje existe muito mais visibilidade. Em 2018 tivemos um período de campanha maior do que a própria campanha. Em eleições anteriores, quando o pré-candidato fazia isso, ficava restrito aos setores do partido, aos mais interessados, aos militantes. Hoje isso vem a público. A mídia está falando disso há meses”, destaca. Para ele, isso pode ter um “efeito negativo na opinião pública”. “A desistência foge de controle. Pode até ser explorada pelos concorrentes”, diz o cientista.

Motivos

O caso da desistência de Osmar Dias é a minoria da falta de opção. Após ter o irmão Alvaro Dias (Podemos), candidato à presidência, apoiando regionalmente uma chapa adversária, de Ratinho Jr., o pedetista ficou acuado e praticamente sem aliados.

Fernando Francischini, por sua vez, deixou a desgastante corrida para o Senado – a qual tinha chance de levar uma das duas vagas – para ter mais tempo na articulação da candidatura do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no estado. Um grande esforço pelo partido. A dança das cadeiras da chapa de Ratinho Jr. também foi pelo conjunto.

A aliança com o PDT – já sem o capitão Osmar Dias –, pesou para que Renan da Mata fosse substituído pelo empresário pedetista e o grupo ganhasse força.

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