O ex-governador do Paraná e candidato ao Senado, Beto Richa (PSDB) , disse à Justiça que havia se colocado à disposição do Ministério Público do Paraná (MP-PR), quando ainda era governador do estado, para prestar eventuais esclarecimentos em investigações em andamento. O tucano ressaltou ainda que nunca havia sido intimado a depor ou a se apresentar às autoridades. O depoimento foi tomado em audiência de custódia realizada na tarde de 11 de setembro, cerca de dez horas depois de Richa ter sido preso temporariamente, na Operação Rádio Patrulha.
A oitiva de Richa foi rápida: durou três minutos, ao longo dos quais o juiz da audiência de custódia fez perguntas sobre as circunstâncias da prisão e sobre a eventual necessidade do preso de cuidados especiais. Bastante abatido, o ex-governador disse que havia sido detido por volta das 6h20 e que no cumprimento do mandado “foi tudo normal”.
Questionado por um de seus advogados, Richa disse que nunca havia sido intimado a prestar depoimento ao MP-PR e que chegou a se apresentar espontaneamente “para ajudar”. Segundo o tucano, quando ainda era governador do Paraná, ele procurou o MP-PR e se ofereceu para prestar depoimento, em razão de outras operações que estavam em andamento.
“Eu ainda era governador e pedi pra prestar esclarecimentos em outras operações que estavam em curso e para poder contribuir com as investigações. Eu era governador ainda e me ofereci para prestar depoimento”, disse Richa. “Até me apresentei espontaneamente para ajudar. Me ofereci”, ressaltou.
Na mesma tarde, o juiz também ouvir Fernanda Richa (PSDB) – mulher de Beto e ex-secretária de Defesa Social. Ela também relatou que não houve qualquer tipo de abuso durante o cumprimento do mandado, mas pôs em dúvida a necessidade de sua prisão, uma vez que, segundo ela, nunca se furtou a se apresentar às autoridades.
“Por várias vezes, eu questionei porque eu estava sendo presa, né?”, disse Fernanda. “Toda vez [que foi solicitada] me fiz presente. Nunca me ausentei de nada”, acrescentou.
Logo após o depoimento de cada um, os respectivos advogados apontaram que as prisões eram desnecessárias, alegando que tanto Beto quanto Fernanda nunca haviam sido intimados a depor e nunca apresentaram objeções a colaborar com as investigações. Por isso, a defesa propôs que eles fossem postos em liberdade ou que o juiz adotasse alguma medida diversa da prisão.
Richa e a mulher foram soltos na madrugada de 15 de setembro, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes , que lhes concedeu um salvo-conduto. Na saída do Regimento da Cavalaria - onde estava preso, o ex-governador prometeu retomar a campanha ao Senado. “Eu entrei aqui um homem honrado e saio como homem honrado”, disse, à época.
O irmão de Beto e ex-secretário de Infraestrutura, Pepe Richa, e o ex-secretário de Cerimonial, Ezequias Moreira, também foram apresentados ao juiz da audiência de custódia, naquela mesma tarde.
A operação
Beto, Fernanda, Pepe e Ezequias foram presos temporariamente na manhã de 11 de setembro, pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-PR, no âmbito da Operação Rádio Patrulha. As investigações apuravam fraudes no programa Patrulhas do Campo, executado pelo governo do Paraná na gestão de Richa. Todos os envolvidos negam qualquer participação em irregularidades.
Segundo os promotores, a licitação foi direcionada a três empresas, que, em contrapartida, pagavam propina ao núcleo político de Richa. Áudios entregues pelo empresário Tony Garcia – que se tornou delator do esquema – mostram os empresários definindo o valor da propina (8% do que receberiam como pagamento). Em outra gravação, o próprio Richa diz ter entrado um “tico-tico” na conta de um dos empresários e orienta Garcia a “ir pra cima”. O Gaeco aponta o ex-governador como chefe do esquema.
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