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Fanini está preso em Brasília . | Reprodução/RPC
Fanini está preso em Brasília .| Foto: Reprodução/RPC

Em uma proposta de colaboração premiada feita à Procuradoria-Geral da República, o engenheiro civil Maurício Fanini implica diretamente o ex-governador Beto Richa (PSDB) nos fatos investigados pela Operação Quadro Negro. A operação se debruça sobre um esquema que desviava dinheiro da construção e reforma de escolas no Paraná. As informações foram divulgadas com exclusividade pelo Paraná TV, da RPC (clique aqui e confira o material no G1 Paraná). Beto Richa e demais citados negam irregularidades (veja o que eles dizem ).

Fanini, que é réu na Quadro Negro, foi diretor de Engenharia, Projetos e Orçamentos da Secretaria de Educação entre 2011 e 2014. De acordo com ele, Richa não só sabia dos desvios como era procurado diretamente para tratar do assunto. O ex-governador teria, ainda, pedido pessoalmente a Fanini para que ele arrecadasse dinheiro para a campanha de 2018 junto às empresas envolvidas no esquema.

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Os recursos seriam destinados não só à campanha de Richa, mas também a de seu filho, Marcello, e a do irmão, Pepe Richa, de acordo com Fanini. O dinheiro teria sido deixado no banheiro da sala do ex-diretor.

Fanini já havia falado do envolvimento de Richa no esquema em um novo depoimento, concedido em Brasília. Apesar de o processo estar tramitando na 9ª Vara Criminal de Curitiba desde janeiro, sob Segredo de Justiça, ele foi ouvido na capital federal porque está preso na cidade desde o início de maio. Ele foi transferido de Curitiba por motivos de segurança.

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Além da campanha

Na proposta de delação premiada revelada pela RPC, entretanto, Fanini vai além e afirma que os recursos desviados não eram destinados, somente, para o financiamento das campanhas do tucano. Parte do dinheiro teria sido destinada a viagens realizadas por Richa e sua mulher, Fernanda, com Fanini e outros amigos.

As despesas de viagens para Las Vegas, em 2010, para os EUA e para o Caribe não teriam sido pagas pelo ex-governador, mas sim por empresários que possuíam contratos com o governo do estado, de acordo com Fanini.

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O ex-diretor também afirmou que R$ 500 mil em propina teriam sido destinados à compra de um apartamento para Marcello Richa em Curitiba. O dinheiro teria sido pedido por um parente do ex-governador, Luiz Abi Antoun.

Outro lado

Ao G1 Paraná , o ex-governador Beto Richa disse que a delação foi vazada de forma criminosa e que trata-se de uma “manobra arquitetada às vésperas do período eleitoral”. Ainda de acordo com o tucano, Fanini “mente descaradamente”. “Nem eu, nem qualquer membro da minha família, recebeu dinheiro desviado dos cofres públicos”, afirmou. Confira a nota na íntegra abaixo.

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À RPC, a defesa de Luiz Abi afirmou que todas as menções de Fanini são mentirosas. Marcello Richa disse rechaçar qualquer recebimento de valores, afirmando que o ex-diretor tenta se beneficiar com a delação premiada por meio de informações mentirosas.

Pepe Richa nega as afirmações, dizendo que Fanini tenta “terceirizar atitudes criminosas”.

Nota do ex-governador Beto Richa

“A proposta de acordo de colaboração premiada de Maurício Fanini ainda se encontra sob sigilo e mais uma vez foi vazada criminosamente.

Esta forma ilícita de agir parece ser uma manobra arquitetada às vésperas do período eleitoral, na tentativa de nivelar todos os políticos por baixo.

Não faço parte desta cena deplorável, onde criminosos confessos buscam envolver pessoas inocentes em crimes que somente eles praticaram.

O que esses criminosos pretendem? Ora, a resposta é muito simples! Pretendem conseguir a redução das penas a que certamente serão condenados pelos crimes cometidos e já confessados à Justiça, mesmo que para isso tenham que envolver pessoas honestas.

No caso de Maurício Fanini, a condenação pelos crimes praticados e por ele próprio confessados chegará a 50 (CINQUENTA) anos de prisão !

Portanto, está mais do que explicado porque Fanini tenta delatar tudo e todos, sem, no entanto, apresentar quaisquer indícios de provas.

Qual a razão de dar credibilidade a um criminoso que realizou 870 depósitos em dinheiro vivo, em sua própria conta corrente, pagou cartões de crédito em dinheiro vivo e formou um patrimônio incompatível com sua renda?

É uma tentativa desesperada de delação, que pela ausência de provas, não será aceita pela Justiça. São acusações criminosas, com o objetivo de envolver pessoas inocentes, retirando o foco das fraudes por ele cometidas.

E para isso, mente descaradamente. Nem eu, nem qualquer membro da minha família, recebeu dinheiro desviado dos cofres públicos.

A compra do apartamento do meu filho Marcello foi realizada de forma regular, com recursos próprios e transferência bancária, sem a utilização de dinheiro vivo, o que foi esclarecido também pelo vendedor do apartamento, que foi ouvido duas vezes pelo Ministério Público Estadual.

Igualmente é criminosa a afirmação de que minha mulher teria solicitado 1.000 dólares para uma viagem de meu filho André ao Peru. Quem nos conhece sabe que não precisamos disso e a afirmação beira o absurdo.

Repito: é uma delação criminosa, sem provas, que busca apenas confundir as pessoas. Espero que a Justiça apure e esclareça rapidamente essa questão, para que os culpados sejam punidos de forma exemplar.”

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