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Carlos Felisberto Nasser trabalhava na Casa Civil, dentro do Palácio Iguaçu | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Carlos Felisberto Nasser trabalhava na Casa Civil, dentro do Palácio Iguaçu| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

O advogado Carlos Felisberto Nasser, ex-funcionário da Casa Civil do governo do Paraná, declarou ao Ministério Público Federal (MPF) que o dinheiro que recebeu da Rio Tibagi, subsidiária da concessionária de pedágio Econorte, foi destinado a campanhas eleitorais. 

O MPF anota que, entre 2007 e 2015, segundo dados de quebra de sigilo bancário, a empresa Power Marketing Assessoria e Planejamento Ltda, que pertence ao ex-funcionário da Casa Civil, recebeu um total de R$ 2.155.543,60 da Rio Tibagi. 

O próprio Nasser já admitiu, contudo, que a Power Marketing nunca registrou nenhuma atividade. A empresa, reforça o MPF, “não tem existência física, empregados ou sede, nem possuiu em qualquer momento estrutura que justificasse a efetiva prestação de serviços” à Rio Tibagi.

A informação consta na denúncia do MPF oferecida à Justiça Federal na segunda-feira (2), na esteira da Operação Integração, deflagrada em fevereiro no âmbito da Lava Jato. Mas, na peça, os investigadores não revelam se Nasser disse quais políticos e quais campanhas eleitorais exatamente teriam recebido o dinheiro.

Hoje com 78 anos de idade, Nasser foi nomeado em 2013 para um cargo comissionado na Casa Civil, na gestão de Beto Richa (PSDB). Logo após a deflagração da Operação Integração, ele foi exonerado. Nesta segunda-feira (2), o MPF acusou Nasser formalmente pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. 

Em manifestação encaminhada por escrito à Gazeta do Povo, as advogadas de Nasser, Nicole Trauczysnki Muffone e Elisa Fernandes Blasi, contestaram o MPF, alegando que não houve crime e que o depoimento do ex-funcionário da Casa Civil é “imbuído de vícios de legalidade já levados ao conhecimento da 13ª Vara Federal de Curitiba”. 

“A defesa juntou documentos e indicou as demais pessoas envolvidas na contratação e que comprovam a licitude dos recursos recebidos, da idoneidade do contrato e da efetiva prestação dos serviços pela Power Marketing, por intermédio de Carlos Nasser, mas que sequer foram ouvidas pelo MPF. Os serviços de assessoria e consultoria foram prestados de forma personalíssima por ele e os valores recebidos são as contraprestações contratualmente previstas, conforme atestam os documentos juntados no inquérito policial”, escrevem as advogadas.

O Palácio Iguaçu não quis comentar o assunto.

Além de Nasser, outras 17 pessoas foram denunciadas. Entre elas, estão o presidente da Rio Tibagi, Leonardo Guerra, o presidente da Econorte, Hélio Ogama, e o ex-diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) Nelson Leal Júnior

De modo geral, os investigadores apontam troca de benefícios ilegais entre a alta cúpula do DER e pessoas jurídicas ligadas ao Grupo Triunfo, controlador da Econorte, concessionária de pedágio que administra desde 1997 mais de 340 quilômetros de rodovias federais e estaduais no Paraná. 

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O Grupo Triunfo, por enquanto, não tem se manifestado à imprensa sobre pontos da investigação, embora alegue que está colaborando com as autoridades.

As defesas dos três – Nelson Leal Júnior, Hélio Ogama e Leonardo Guerra, todos presos preventivamente há mais de um mês - negam os crimes apontados pelo MPF. A denúncia ainda será analisada pela Justiça Federal, que pode acolher ou rejeitar a acusação. 

Réu da Publicano, primo de Richa é mencionado na denúncia

Primo do governador do Paraná, Beto Richa, e considerado até 2015 um nome influente nos bastidores da gestão do tucano, o empresário Luiz Abi Antoun acaba aparecendo na denúncia oferecida pelo MPF na esteira da Operação Integração. 

O nome de Abi, que é réu da Operação Publicano e da Operação Voldemort, é destacado pelo MPF porque foram identificadas ligações entre os telefones dele e de Nelson Leal Júnior, que ocupou o cargo de diretor-geral do DER entre 2013 até sua prisão, mês passado. 

Dados telefônicos registram contatos no ano de 2014 entre Nelson Leal Júnior e um terminal que consta na agenda do celular de Leal Júnior como telefone do contato “Luiz Abi”. 

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O MPF pontua que Abi “teve envolvimento com corrupção no governo do Paraná, sendo apontado como captador de propina e de recursos destinados à campanha eleitoral de Carlos Alberto Richa”.

O PSDB e o governador do Paraná sempre negaram “caixa 2” na campanha de reeleição. Nesta terça-feira (3), procurado pela reportagem, o Palácio Iguaçu também não quis comentar o assunto. 

A Gazeta do Povo também ligou para dois advogados de Abi, Antônio Carlos Coelho Mendes, de Londrina, e Roberto Brzezinski Neto, de Curitiba, mas ambos explicaram que defendem o primo de Beto Richa em processos específicos – não relacionados à Operação Integração - e que não possuem contato frequente com ele.

O advogado de Nelson Leal Júnior, Beno Brandão, informou à Gazeta do Povo que ainda não analisou integralmente a denúncia do MPF e que não tem conhecimento sobre ligações entre seu cliente e Abi. 

Ao contrário de Nelson Leal Júnior, Abi não é alvo da investigação do MPF e não figura no rol de acusados na peça oferecida na segunda-feira à Justiça Federal.

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